Félix João Fula, seu nome de registo civil, é filho de Francisco Fula e de Eva Capemba. Nasceu no dia 26 de Setembro de 1966 no bairro Kipungo, comuna de Quibaxe, município dos Dembos. Ele é Sua Alteza Príncipe dos Dembos e abriu as portas do Lumbo (“sala de visita”) para o Jornal de Angola.
Alejandro Guillermo Verdier regressa, hoje, a Buenos Aires, depois de ter estado durante três anos em Angola, como embaixador da Argentina. Convidado pelo Jornal de Angola a fazer um balanço sobre o seu mandato e do que mais o impressionou no país, o diplomata teceu rasgados elogios aos angolanos. “Levo comigo a imagem de um povo extremamente afável e com virtudes”, afirmou o embaixador que, durantea entrevista, destacou as realizações enquanto representante do Estado argentino em Angola. Também assumiu um fracasso: o facto de não ter conseguido convencer Lionel Messi a visitar o país
Ela dirige o Comando Municipal de Malanje da Polícia Nacional. Chama-se Clélia Quissanga e ostenta, actualmente, a patente de Intendente. Tem uma presença marcante, seja trajada de uniforme policial, seja a civil. Desde criança o seu sonho era ser polícia e agora, como confidenciou ao Jornal de Angola, almeja ser Secretária de Estado do Ministério do Interior para a Segurança Pública. Batalhadora, trabalhadora e auto-disciplinada, Clélia Quissanga não tem medo dos desafios que a vida lhe coloca à frente. Ei-la na primeira pessoa
Como e quando ingressou nas fileiras da Polícia Nacional?
Desde muito cedo, na minha adolescência, apreciava ver pessoas fardadas. E como na família tinha muitos nesta condição, apaixonei-me pelo aprumo, o aspecto dos militares e polícias, o seu andar com ginga cadenciada e o luzir da graxa das botas. E acima de tudo pelo respeito que os cidadãos nutriam pelos militares. Em 2005, fui admitida na Polícia Nacional após ter sido submetida a testes psicotécnicos, médicos e prova de resistência. Seguiram-se longos e duros nove meses de formação militar e policial, para depois, em outros nove meses, fazer a especialização em motociclismo e regularização e fiscalização operativa de trânsito.
O que a motivou?
O desejo de ser militar ou policial por ter uma família militar, na época do Partido único. Por acaso, também, sempre vi essa profissão como forma de defender a dignidade da Mulher num meio social em que muitas de nós éramos subalternizadas.
Quais as principais peripécias que já viveu?
Desde a minha inserção na corporação policial, em 2005, a partir de Luanda na então Escola Nacional de Ordem Pública, vulgo Escola do Capolo 1, fui motociclista na especialidade de Trânsito e instrutora da cátedra de Ordem Unida, Continência, Honras, Sinais de Respeito e Cerimonial Militar. Ocupei os cargos de chefe de pelotão, comandante de companhia, comandante do batalhão aluno, segundo comandante municipal de Malanje e comandante municipal de Calandula. Actualmente sou comandante municipal de Malanje. Tenho formação em Gestão de Empresas pela Universidade Privada de Angola, formação militar especializada pela Escola Superior de Guerra das Forças Armadas Angolanas na especialidade de Ascensão a Oficial Superior, o que me deu uma endurance em termos de liderança de forças. Houve momentos em que tive de deixar os meus três lindos filhos sob o cuidado de terceiros, meus parentes. Todo ser humano tem uma finalidade na vida profissional e eu não fujo à regra. O meu sonho é alto! (Risos). Ah, meu Deus, é duro dizer, mas vamos lá: é o de ser um dia secretária de Estado do Ministério do Interior para a Segurança Pública. Nunca é tarde, vejamos daqui a 10 anos. Deus proverá.
Já alguma vez pensou em desistir? Porquê?
Sim, logo na fase inicial da formação militar e policial, dada a carga e a forma como é aplicada a dosagem prática. Vendo o crossing diário, a superação de obstáculos, a cadência e dinâmica da prática de armamento e tiro, como mulher, ao deparar-me com esta nova reali-dade, sentia um medo infernal. Mas graças ao calor dos nossos companheiros e camaradas de armas, no Centro de Formação, foi possível inserir-me no conceito e sentido da arte militar/policial.
De certeza que é mãe e dona de casa. Como é que consegue partilhar as suas funções de mulher, dona de casa e de polícia?
De facto, o ser mãe e dona de casa pode influir no atraso de alguns projectos pessoais. Daí que somente a nossa vontade e determinação nos pode dar indicativos daquilo que pretendemos fazer e ter. E para tal, nunca devemos nos desviar do foco. Encorajo as demais para esta luta, sejamos "Nós próprias”, respeitemo-nos como femininas e que os ensinamentos dos nossos pais e mais-velhos, à luz dos hábitos e costumes das nossas origens, sirvam de base da nossa dignificação profissional e como mulher íntegra, cristã e mãe. Para o efeito, é preciso saber combinar o papel desta tríade (mãe, dona de casa e profissional). É sábio conseguirmos separar as águas, termos um "memorando” em que estejam estampadas as acções do quotidiano, no global, e ter alguém de confiança para fazer o "link despertador” na base do carácter oportuno. Assim creio que estaremos bem servidas e orientadas para a dinamização do papel supracitado. Tudo tem a ver, em síntese, com uma orientação Divina, há momentos em que temos por obrigação estar a mercê do Nosso Senhor Deus, entregar-Lhe as nossas súplicas e os pedidos de orientação espiritual, embora tenhamos, também, pessoas amigas para nos servirem como confidentes e orientadores materiais.
O que tem de especial a profissão de policial?
Creio que esta profissão é igual às demais existentes neste belo país, embora com a relativa diferença assente no seu carácter particular e especial, que tem a ver com a formação militar e policial. Tal formação é realizada através de um treinamento árduo, forte, duro, sacrificado e de bastante suor. Na fase embrionária muitas de nós quase iam desistindo, mas a firme determinação de conquista e orgulho pessoal em nos igualarmos aos nossos companheiros, mostrando as nossas capacidades, aptidões e habilidades técnicas e profissionais, fez com que o sonho se tornasse realidade. Todo este esforço também tem a mão firme dos nossos companheiros e camaradas de armas, que muito cedo entenderam e perceberam que a mulher pode influir positivamente na sua automotivação, através do processo de concorrência. E que podemos formar equipas coesas e coerentes face às atitudes operacionais.
Se não fosse polícia, onde é que preferiria trabalhar?
Se não fosse polícia creio que seria uma grande empreendedora nos ramos comercial e cultural. Muito cedo e com os ensinamentos dos meus pais, pude ajudá-los na venda dos produtos do aviário que tínhamos, na época do conflito armado. Criei uma veia comercial e conseguia replicar os negócios. Vendi sandes, cachorros quentes, refrige- rantes, bebidas alcoólicas, fardo... com isto, mãe feita aos 18 anos de idade, já com certa experiência, empregava outras, amigas e conhecidas. Com o tempo criei um staff de dançarinas, por isso o meu afecto e gosto pela música e a dança. Graças a esta dinâmica tenho uma lanchonete, agora alugada, uma agência de modelos, para além de uma equipa desportiva ao nível do gira-bairro no município de Viana e participo activamente em actividades de filantropia.
Como mulher à frente de muitos homens, sente alguma insegurança?
Nada disso. Somos mais fortes estando inseridas no seio dos nossos companheiros do género masculino. Pelo longo tempo de pragmatismo e experiência que eles levam, é uma oportunidade de bebermos deles a sabedoria e o conhecimento. É sempre um desafio estarmos inseridas no seio masculino, já que devemos demonstrar as nossas reais capacidades, aptidões e competências técnico-profissionais. É evidente que, no exercício das nossas actividades, devemos respeitar-nos e pôr limites se alguém tender a extrapolar para além do exercício profissional. Isto nos faz profissionais, de facto. Gostaria de incentivar todas as nossas companheiras e camaradas de armas, e todas as mulheres que tenham um sonho, dizendo que só a nossa determinação, vocação e objectividade na profissão nos podem levar a conquistas e a atingir patamares bem altos.
Quais foram os momentos altos e baixos que já viveu?
Gostaria de começar, se me permitem, pelos aspectos "baixos”. Na fase transitória de adolescência, sem alguma experiência, tornei-me mãe. Virei-me para o negócio de refrigerantes, bebidas alcoólicas e roupa usada, até que tive a oportunidade de seguir o sonho de criança, o de fardar-me no quotidiano e fazer disso o meu emprego permanente. Nesse percurso, a fé e a crença levaram-me a vencer os diferentes obstáculos da vida.
Em relação aos aspectos "altos”: o ter descoberto o valor de ser mãe, o que, independentemente das vicissitudes, fez de mim uma mulher batalhadora, superadora de obstáculos, não ouvinte de deboches. O nosso foco é olhar à frente sem espezinhar outrem. Somos pacientes. Fazemos do trabalho obrigação quotidiana e apresentamos os resultados de acordo com os prazos e limites de execução.
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