A Angotic está cada vez mais na vanguarda da modernização tecnológica e tem, cada vez mais, demonstrado ser uma alavanca poderosa na transformação económica e empresarial do país.
Na História Contemporânea das Relações Internacionais Africanas, Angola está no topo da lista de países que, nos finais do século XX e início do século XXI, conheceram o maior número de operações de apoio à paz, que designamos também de operações de paz ou missões de paz.
Mesu-a-Kekele e Inama Yendele são irmãos biológicos de mesmo ventre, embora trazidos ao mundo com elevado espaçamento. Dizem mesmo que Mesu-a-Kekele, o mais velho, tem idade para ser pai do irmão kasule, InamaYendele, que é 25 anos mais novo.
Nos seus 50 anos, 33 dos quais vividos com intensidade laboral e experiência acumulada em viagens pela terra de nascimento e mundo circundante, Mesu-a-Kekele é, pode dizer-se, um homem de meias-aviadas e carregador de várias experiências de vida. Bem-apessoado, costuma ser apelidado de clever e visionário. Já o seu irmão derradeiro é um tanque aberto ao conhecimento, um explorador de inovações e poço fecundo de força, mostrando-se sempre pronto a acompanhar o irmão nas viagens de negócios e compras que nunca são de pouco peso e volume. Os dois se constituem em chave e fechadura, daí serem sempre vistos juntos na última dúzia e meia de anos.
No dia em que Mangodinho os viu na Ásia fazia frio intenso e sol preguiçoso. Era domingo sem o vai e vem de pessoas apressadas como ocorre de segunda a sábado. Nas árvores sem folhagens os pássaros piavam sem intensidade, pareciam cansados ou sufocados também pela temperatura que fazia desenhos na pele dos humanos. Nos restaurantes os frequentadores lagarteavam-se aos raios de sol que eram crianças para um termómetro que exibia o mercúrio a 5 graus Celsius.
A capital do país da Grande Muralha e da Praça da Paz Celestial, "Tiananmen”, era para Mesu-a-Kekele o mesmo que um cumbu¹ para o dono da casa. Conhecia-a bem. Ao contrário do mui viajado irmão, Inama Yendele fazia a sua segunda viagem àquelas terras, desta vez mais exposto e disposto a caminhar e explorar o que se lhe apresentava aos olhos.
- Ó jovem, estás a ver, não é? Esses gajos, mesmo sendo pequenos em estatura, são capazes de fazer coisas enormes e esteticamente encantadoras. Vês, nê? - Explanou o "Senhor que Vê”, atiçando a admiração do jovem "Pernas que Andam”.
- Ó mano, a única coisa aqui que me dá prazer é estar consigo. Jurumemu, é a única coisa. Viajo pelo que há no nosso país e tento situar-me aqui. Há muito de anormal.
Mesu-a-Kekele franziu o rosto. Meteu-lhe mibangas atravessadas e limpou os óculos para aferir se ele estava a enxergar mal ou o irmão estava a ironizar.
- Mas, ó rapaz, estás a dizer que fiz má escolha em virmos passar férias nessa terra? Ou são aqueles reles pedreiros que se revezam nas camas dos estaleiros que não te saem da cabeça? Desperta, irmão. Essa é a China real. Aqueles são cópias e escórias!
Sem pressão na fala. Aliás, Inama Yendele é descrito como lento a falar e ágil no passo, começou a descrever os seus 10encantos.
- Veja bem, mano, viajámos de carro mais de duas horas. Tirando as mudanças de direcção sem piscar, o que na nossa banda tem sido causador de acidentes, o mano sentiu algum buraco? Não vi semáforos apagados, nem montinhos de areia nas bermas, nem lixo, nem contentores a transbordar com porcos e ratos a desfilarem. Isso é para mim uma anormalidade perante o que estou habituado. Veja ainda, entrámos num shopping. Eram perto de 30 andares. O prédio da frente tinha 80 ou mais, fazendo das nossas famosas torres da Ngimbi uns autênticos kitungu². Subimos ao cume da torre de mais de duzentos metros e não vimos casotas de chapas no meio da cidade, nem lixeiras. O mano acha isso normal? Anteontem fomos àquela província cujo nome aparece em muitas quinquilharias. O rio deles, que é igual ao nosso Kwanza, corta a cidade pelo meio. Nos dois lados estão edificações que fazem os olhos se perderem na altura da floresta de prédios cheios de jogos-de-luzes e nevoeiro. É isso normal? E veja bem, mano. Às tantas, já não sei se trouxeram o rio à cidade ou a cidade abraçou o rio. Está a ver aquele prédio com árvores naturais por cima?
Inama Yendele pôs travão nas perguntas e na fala que se fazia longa para sorver um pouco de ar que já fazia falta aos pulmões. Era também uma forma de confirmar se Mesu-a-Kekele se sentia confortado ou aborrecido com o seu discurso.
- Ó rapaz, estou a seguir a tua explanação. Quero ouvir até aonde queres chegar.
- Então o mano acha que aquela estação de comboios, estupidamente grande, maior do que todos os aeroportos que já se pôs a visitar é normal? Repare os detalhes dos edifícios, todos encurvados, uns com abóbadas no meio, parecem misangas³, outros parecendo que vão cair, estradas no fundo da terra como se tivessem sido escavadas por toupeiras, em cada vintena de adultos apenas uma criança, isso é normal? E olha, mano, tenho estado a reflectir bastante sobre aquela especialização em Arquitectura que me ofereceu. Acho que vou abandoná-la. Espero que não se chateie.
- Vais abandonar uma formação que te pode dar nome e dinheiro? Deves estar a sabular, ó miúdo. - Atirou-lhe o irmão quase impaciente. - Explica-te lá e deixa-te de divagações de filósofo de bwala.
- Ó mano, vê ainda esses prédios todos. Lhe parecem clássico-romanos ou helénicos?
- Não. Nada a ver.
- Parecem góticos ou renascentistas?
- Nada a ver.
- Então, kota. Isso é futurologia. Eles implantam o inexistente. Viajam pelo futuro. Nós é que estamos sempre a estudar o passado, a recuar séculos como se a vida e a ciência estivessem atrás de nós. É por isso que vou abandonar a especialização em Arquitectura. Ou o mano acha isso uma normalidade para a nossa anormalidade?
Mesu-a-Kekele, homem que já vira quase tudo em sua vida, respondeu-lhe apenas com um abraço e uma frase sussurrada ao ouvido.
- A vida é futuro. Vai em frente quem se antecipa no futuro!
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1-Lê-se tchumbu. Peque na horta contígua à casa.
2- Palhota
3- Lê-se missangas
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