Opinião

Cimeira Coreia-África busca futuro sustentável

Geraldo Quiala

Jornalista Multimédia

Ao ouvir, pela primeira vez, a ideia da realização da Cimeira Coreia-África de 2024, três “tendências & conexões” transportaram, imediatamente, o pensamento para o significado deste compromisso com uma nova parceria estratégica que transcende fronteiras e abre uma era de maior colaboração e sucesso partilhado.

13/02/2024  Última atualização 08H25

O próprio projecto, de lema "Cimeira Coreia-África de 2024 – O futuro que construímos juntos: crescimento compartilhado, sustentabilidade e solidariedade”, leva a uma reflexão profunda sobre o interesse da potência tecnológica asiática pelo continente berço da Humanidade. O que se vai discutir entre 4 e 5 de Junho próximo, na República da Coreia?

Com base nos objectivos dos organizadores, é assumida a necessidade de afirmação de melhorar a parceria e reunir a vontade política dos líderes para implementar os compromissos de co-prosperidade. Esta Cimeira vai ser, claramente, um marco histórico para tornar África e a Coreia parceiras genuínas e iguais, num espaço de abordagem de desafios comuns, capazes de abrir novos caminhos para a cooperação e oportunidades de crescimento mútuo.

Espera-se que a Cimeira proporcione um lugar para discutir formas vantajosas de as partes construírem uma parceria estratégica e equitativa entre África e a Coreia, assente no respeito pleno, com um olhar atento para as vantagens comparativas, cuja colaboração será orientada por uma abordagem dirigida para os resultados, de modo a gerar sinergias impactantes e conduzir a resultados mutuamente benéficos em diversas áreas.

Neste particular, a experiência de desenvolvimento da Coreia, o compromisso de expandir as tecnologias e indústrias avançadas oferecem alavancas significativas para impulsionar as economias diversificadas, sustentáveis e inclusivas, bem como as cadeias de valor resilientes de África.

Ao mesmo tempo, e fazendo alusão aos objectivos anunciados pelos anfitriões da iniciativa, a expansão constante do mercado africano, a integração na economia global, as agendas de desenvolvimento nacionais e continentais, os activos demográficos e de recursos  também podem ajudar a gerar impulso para um maior crescimento e diversificação da cadeia de abastecimento da Coreia.

Nas "tendências” da parceria estratégica e equitativa entre África e a Coreia, rumo a "o futuro que construímos juntos: crescimento partilhado, sustentabilidade e solidariedade”, que é o tema principal da Cimeira, os líderes vão ser convidados a discutir as formas de concretizar os '3S' (na sigla inglesa: Shared Growth, Sustainability, and Solidarity).

Como primeiro S, o do crescimento compartilhado, pode-se adiantar a visão que se tem sobre a necessidade do fortalecimento da cooperação económica para o desenvolvimento e crescimento sustentáveis, bandeira nestes últimos 22 meses de muitos estadistas africanos, inclusive do Presidente João Lourenço. No segundo caso, que tem que ver com o S da Sustentabilidade, busca-se, naturalmente, soluções colaborativas e sustentáveis para os desafios globais, também amplamente rebatidas em fóruns internacionais por Angola e outras nações africanas, ao passo que o terceiro S (da Solidariedade), outro item frequentemente evidenciado pela liderança angolana, sobretudo, nos Grandes Lagos, é a paz, segurança e reforço da colaboração em fóruns multilaterais.

Quanto às "conexões”, como é habitual em cerimónias similares, prevê-se oferecer um jantar de boas-vindas para os chefes das delegações, na capital Seul, isto a 3 de Junho, antes das duas sessões da Cúpula (4 de Junho): uma pela manhã e outra à tarde, provavelmente, no maior centro internacional de exposições e convenções da Coreia, em Ilsan, na zona metropolitana de Seul. Para reforçar as conexões entre as duas sessões, normalmente, reserva-se um almoço e um jantar de recepção, também, após os trabalhos, momento em que as entidades trocam ideias e projectos em diversas áreas de interesse, sem esquecer os programas especiais para os cônjuges.

Depois, prevê-se a Cúpula de Negócios (a 5 de Junho), também designada Cimeira Empresarial, cujas últimas informações indicam estar em fase de planificação para proporcionar um local para os líderes e figuras-chave das comunidades empresariais de ambos os lados estabelecerem redes e discutirem formas de expandir a cooperação no sector. O terceiro momento da conexão, se assim se pode considerar, tem que ver com as reuniões de negócios entre empresas africanas e sul-coreanas, para facilitar o networking e melhorar o comércio e o investimento bilaterais. Eventos paralelos vão ser, certamente, realizados antes, durante e depois da Cúpula na Área Metropolitana de Seul, onde deverão ser abordados vários temas de interesse mútuo, incluindo fóruns relacionados com as Infra-Estruturas, Alterações Climáticas, Transformação Digital, Ciência e Tecnologia. À margem da Cimeira, serão organizadas reuniões bilaterais para os chefes das delegações africanas.

Resumindo, este encontro visa reforçar a parceria estratégica, com base na rede estabelecida entre os líderes de África e da Coreia, expandir o comércio e o investimento através da criação de uma fundação institucional e da promoção de parcerias público-privadas, responder, em conjunto, aos principais desafios globais e abrir caminhos para acelerar a transformação digital, garantir cadeias de abastecimento globais para minerais e energia essenciais, moldando mecanismos de cooperação, e construir uma amizade de longo prazo, impulsionando intercâmbios interpessoais, culturais e acadêmicos.

O "tendências & conexões” visa acompanhar a evolução de assuntos num sentido determinado e, nesta edição, traz a relação entre África e a Coreia, que remonta à participação e apoio de alguns países africanos na Guerra desta nação asiática. Este envolvimento entre os dois leva todos a 1961, quando foram estabelecidas, pela primeira vez, relações diplomáticas com seis nações africanas. Ao longo dos anos, esta relação, baseada no respeito mútuo e em valores partilhados, como a solidariedade, a paz e uma visão de prosperidade, sofreu uma evolução significativa. Os fios comuns no caminho que os dois lados percorreram na história constituíram uma base única de compreensão mútua, que tem sido fundamental para conduzir a África e a Coreia a uma cooperação ainda mais estreita.


*Jornalista Multimédia

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