Nos tempos que correm, na abordagem sobre a importância da liberdade de imprensa na construção da democracia, é incontornável que se fale e se discuta sobre o papel e o impacto das redes sociais na facilitação do acesso à informação por parte do público. Do mesmo modo que com o surgimento da imprensa, entendida em sentido lato, assistimos a uma maior difusão de ideias, de cultura e de conhecimentos, com o aparecimento das redes sociais a divulgação de factos e acontecimentos ganhou outra dimensão.
Para uma melhor compreensão deste artigo de opinião, afigura-se forçoso um recuo histórico, ainda que telegráfico, à Guerra Civil chinesa, que decorreu entre 1927 e 1949, entre comunistas sob a liderança do Chairman Mao Tsé-Tung, que defendiam uma revolução socialista, o fortalecimento do poder dos trabalhadores e camponeses, contra os nacionalistas sob a liderança de Chiang Kai-Shek, que defendiam a ditadura burguesa do proprietário e capitalismo, onde os primeiros venceram a guerra e os segundos foram forçados a se refugiarem na ilha de Taiwan.
1936. Salão Nobre da Universidade de Salamanca. Uma conferência com a presença da esposa do ditador general Francisco Franco. Estudantes, professores e os falangistas – fascistas espanhóis.
O Orador, Maldonado, bradou um ataque contra a Catalunha e o País Basco, "o fascismo redentor da Espanha saberá exterminá-los.”
Os fascistas já haviam assassinado o poeta Frederico Garcia Lorca. Quando o general Astray e outros falangistas gritaram "Viva a morte abaixo a inteligência”, o reitor, Dom Miguel de Unamuno, bradou: "Este é o templo da sabedoria e eu o seu sacerdote.” A universidade falava. Unamuno mereceu prisão domiciliária. Os falangistas vestiam camisa azul e esticavam o braço direito.
Em Maio de 1968, na Universidade de Nanterre começou um movimento estudantil contra a velha ordem. Nascia um movimento que se transformou num rastilho de contestação mundial contra a velha ordem.
O Maio de 1968 converteu-se num movimento político em França que, marcado por greves gerais e ocupações estudantis, tornou-se ícone de uma época onde a renovação dos valores veio acompanhada pela proeminente força de uma cultura jovem.
A ressaca da guerra da Argélia com "retornados” de extrema direita que se haviam batido contra a independência e a contestação sobre De Gaulle, o então presidente francês e ainda o Vietname invadido.
O líder principal foi Daniel Cohn-Bendit. O movimento reivindicava um ensino melhor, havia anarquistas e marxistas, contestavam as casas de banho separadas, reivindicavam uma sexualidade sem tabus e queriam destruir a "velha ordem” simbolizada pelo presidente De Gaulle, herói nacional depois do desembarque pensado por Churchill, o marinheiro dos charutos.
Espalhou-se para os trabalhadores que invadiram e ocuparam seus locais de trabalho e uma greve que mobilizou dez milhões de trabalhadores franceses.
Este movimento teve reflexos no cinema, na música (por exemplo Caetano Veloso em "É proibido proibir”), na literatura, nos jogos eletrónicos e na televisão.
Paris foi o epicentro para o global de Pequim a São Paulo, de Paris a Dakar, de Praga à cidade do México e de Córdoba a Berlim.
1968 é o ano de Angela Davis e o ano do assassinato de Martin Luther King.A Primavera de Praga também é reflexo do Maio Francês.
Em Portugal, na minha universidade, em Coimbra, o Presidente da República, um fantoche corta-fitas, inaugurava o novo edifício da faculdade de ciências quando o estudante e líder associativo Alberto Martins, de megafone em punho, fez um discurso antifascista e, depois, a malta começou a gritar, palhaço, palhaço, palhaço.
Estava aberta a luta contra o salazarismo. Combates de rua contra a polícia. Eles com balas de borracha e sprays e nós a arrancar com ferros desmonta as pedras da calçada para arremesso.
Um pormenor...Falei em minha universidade porque tinha uma preferência pelos romances de Gorki, principalmente "A Mãe e A Minha Universidade”. Mais tarde, quando soube que Gorki trabalhava para a bófia e meteu vários colegas na cadeia e deportados para a Sibéria, sofri um pesadelo imenso. A vida é assim.
Agora. Na América. Estudantes ocuparam prédio da Universidade da Columbia em protestos pró-Palestina. "Lembrei-me da cantiga: "a alegria do palhaço é ver o circo pegar fogo.” E eu estou a dar uma de palhaço. Porque o circo está mesmo a pegar fogo por causa das universidades que falam. Pelo menos 39 universidades têm acampamentos.
Mais de 800 prisões, incluindo a de um candidato à Presidência e muitas suspensões, barricadas com tudo o que é possível porque, na terra da democracia e do sonho americano, a polícia agride os estudantes barricados, enquanto um presidente democrata e a União Europeia não levantam a voz contra o genocídio que Israel comete contra crianças, tirando-lhe a água e a comida.
As universidades que falam defendem a Palestina, enquanto o ocidente "civilizado” manda armamento sofisticado para Israel.
Ainda bem que sou de uma universidade que falou e deu início à queda do fascismo em Portugal e as óbvias decorrências até ao 25 de Abril.
O ocidente cristão está movendo uma verdadeira cruzada contra o Islão. O mundo tem dois lados. Eles são os civilizados e os outros são terroristas. E até já há um vocabulário próprio que comentadores doutorados em guerra aparecem todos os dias na televisão a explicar como se faz um drone, como é este míssil e como é outro e aqueloutro como se falassem de comida, como a feijoada da mãe da celebridade do futebol que eu também admiro.
Honra-me a minha universidade que falou. A minha vénia e solidariedade com os estudantes americanos que se manifestam, que se barricam com tudo o que for possível para não serem incriminados por protestarem contra os crimes. A que ponto chegou a humanidade. É crime denunciar genocídios.
O meu abraço às universidades que falam. E a minha tristeza pelas universidades que não falam e apodrecem no silêncio de quem quer um diploma nem que seja comprado…
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