O Cacimbo, iniciado, oficialmente, ontem, causou, uma vez mais, aplausos, mas, igualmente, receios em grupos e subgrupos, de várias espécies consoante gostos e necessidades, em qualquer dos casos, sublinhe-se, acentuados nas últimas décadas.
Quando estive no Huambo por mor do Centro Cultural, todas as noites, na suite do hotel aparecia gente para tertúlia. Eram conversas sobre literatura, política, governança local, a escassez de bens de primeira necessidade e nunca faltava, de forma misteriosa, como se tivéssemos medo uns dos outros, sim, a conversa acabava no Tala.
Os rumos para desenvolvimentos, sejam quais forem, são, inevitavelmente, feitos de avanços e recuos, nem sempre proporcionais, proporcionadores de estados de alma opostos - alegrias e desânimos -, em qualquer dos casos, porém, inevitavelmente exagerados e inevitáveis.
A frase "o caminho faz-se caminhando” nem sempre é levada a sério, por muitos dos que a propagam, servindo-se dela como "bengala” em situações dúbias, mais para convencerem do que por convencimento.
Pais e mães que pretendem induzir filhas e filhos a seguirem determinadas carreiras profissionais, quantas vezes alavancadas por vaidades, outrossim devido a interesses materiais, pois uma boca a menos em casa é forma de concretizarem vidas mais desafogadas, indiferentes a sonhos cortados a ascendentes e descendentes. São meramente exemplos contraditórios de desenvolvimentos de presentes e futuros edificados por egoísmos e cedências alicerçados em modos diferentes de encarar a vida.
Aquelas contradições não se verificam apenas entre pais e filhos. Estendem-se a casais que, por questões económicas ou de aparências, em comum mais não têm do que "viverem” debaixo do mesmo tecto. Meramente por isso. O argumento para a situação são os filhos, jamais "ouvidos ou achados” sobre o drama que carregam e, eventualmente, lhes há-de definir futuros.
As mesmas inconcebíveis justificações são usadas por elas quanto às poligamias dos maridos. Estes nem justificações dão, que homem, (in) digno e viril não tem explicações a dar sobre o assunto. Quantas mais concubinas, mais "machos” Resguardam-se em tradições ancestrais e..., cada vez em maior número, em afrodisíacos comprados em qualquer esquina.
Os que circunscrevem tais ignorâncias e machismos a continentes menos desenvolvidos, como o nosso, desenganem-se. Gabarolices e fanfarronices estendem-se a todas as paragens do Globo, designadamente nos países tidos como baluartes do progresso económico social.
Todos aqueles casos são, inevitavelmente, alçapões que atrasam caminhos anunciados de desenvolvimentos legitimamente pensados. É verdade indesmentível que "o caminho, seja de que génese for, faz-se caminhando”. Igualmente verdade é "a pressa”, na maioria dos casos, ser "má conselheira”. Os adágios - ditos ou escritos, independentemente das formas de os dizer ou escrever - são vozes de sabedorias populares, muitas vezes ignoradas. É importante conhecê-las, divulgá-las, estudá-las. Talvez as sociedades, cada uma no seu todo, fossem mais capazes, se houvesse menos desigualdades e conversas ocas, consequentemente mais trabalho - no autêntico sentido do vocábulo -, logo, menos indigentes em todos os continentes. Para evitar que se diga ser fácil apontar defeitos alheios sem olhar aos nossos, centremo-nos nesta nossa terra Angola e no caminho que continua a trilhar rumo ao desenvolvimento económico e social, campos forçosamente interligados, tal e qual siameses. Sem um o outro é perigoso e pode levar a devaneios que conhecemos de sobra. Todos, sem excepção, estamos obrigados a evitá-los, opor-nos, combatê-los. Nepotismos, compadrios, assaltos ao erário, bajulações, aceitações de cargos para os quais não se está preparado, atribuições e aceitações de falsos diplomas designadamente académicos, currículos profissionais inventados, absentismos laborais, intrigas são alguns dos golpes sofridos pela esmagadora maioria dos angolanos, não há muito tempo.
Aquelas investidas inesperadas contribuíram - e de que maneira - para o estado em que se encontra Angola como país. Basta, por exemplo na capital, pôr o pé fora de casa para confirmar, observar seres humanos - não extraterrestres - de todas as idades, a partir de crianças, cada vez em maior quantidade, inclusivamente a altas horas da noite, tendo como camas vãos de escada, jardins públicos. Como cobertores, a chuva ou cacimbo, consoante os meses, que não tarda há-de comer-lhes os ossos. Deseje-se ou não, fazem parte do futuro deste país, no qual também há gente com roupas vindas de fora adaptadas ao tempo atmosférica. Para desfazer dúvidas quanto a ostentações, deslocam-se em viaturas que não lhes custou a ter.
O futuro deste país vai continuar a fazer-se a caminhar por caminhos e atalhos que muitos de nós já percorremos e pensávamos não ter de voltar a palmilhá-los. A diferença é agora haver incomparavelmente mais endinheirados e arrogantes. Estas diferenças, que magoam e dilaceram corpos e almas, têm de ser esbatidas com determinação inabalável e seguir a máxima parafraseada do Presidente João Lourenço: o momento é de mais trabalho e menos conversa. O que está em causa é Novembro.
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LoginOntem, quarta-feira, teve início a estação seca, vulgarmente conhecida por Cacimbo, nome dado no nordeste de Angola, para a época que decorre de 15 de Maio a 15 de Agosto. Esta fase do ano é assim chamada por oposição à estação das chuvas que ocorre entre Setembro e Abril.
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