Opinião

Coesão e solidariedade entre as famílias

A necessidade de as famílias manterem-se coesas, unidas e solidárias entre si radica na experiência que há décadas nos tem provado que os problemas económicos, sociais, culturais, apenas para mencionar estes, são transversais a todos os agregados.

15/05/2024  Última atualização 08H27

A abundância de hoje, para algumas famílias ou, dentro das mesmas, de alguns membros, pode transformar-se, amanhã, em período de carência, razão pela qual a solidariedade pode ser, também, um valor de salvaguarda dos pilares em que deve assentar o funcionamento das famílias.

Sabemos todos que, hoje, por força de um conjunto de problemas de natureza económica e social, os níveis de desintegração das famílias, de fragmentação das relações inter-familiares e da degradação de valores como o respeito pelos mais velhos, pela precedência e outros quesitos, se acentuaram significativamente. Alguns sectores poderão alegar que os níveis de pobreza estão alegadamente na base de todos os problemas por que passam as famílias, um dado muito discutível se recuarmos no tempo, pelo menos até os últimos trinta anos, para descartarmos uma eventual relação de causa e efeito entre os dois fenómenos.

Aos indicadores de pobreza, que sempre existiram no país e com as devidas variações ao longo de várias décadas, não podem ser imputados culpas ou causas de situações completamente condenáveis, algumas até desnecessárias, que ocorrem com numerosas famílias, hoje em dia.  

Quando os menores em determinadas famílias são "obrigados” a desistir da escola a favor da ida à lavra, mesmo quando se sabe que, no limite do que as leis e o costume permitem, ambas as atribuições podem ser levadas a efeito sem que uma exclua a outra, não é apenas um problema de pobreza. Quando notamos o que já se afigura como uma espécie de destruição com laivos de sadismo do que a todos diz respeito, muitas vezes sem retorno económico, não podemos atribuir à pobreza actos inexplicáveis de conduta anti-social. Não pode ser apenas um problema de pobreza quando um adulto, em condições normais para trabalhar ou se dedicar ao comércio, se põe a explorar o trabalho infantil ou a mendicidade, expondo as crianças nas ruas.

Há dias, realizou-se o 24º Conselho Provincial da Família, no Lubango, província da Huíla, que, sob o lema "Investir nas Famílias e no Alcance das Metas e Objectivos do Desenvolvimento do Milénio”, permitiu olhar por dentro e por fora  da instituição família.

São destas iniciativas que o país precisa para diagnosticar o que temos, realmente, como problemas nos nossos seios familiares, partilhar experiências, apontar as dificuldades, adoptar as melhores práticas, para termos famílias mais coesas, mais unidas e mais solidárias.

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