Félix João Fula, seu nome de registo civil, é filho de Francisco Fula e de Eva Capemba. Nasceu no dia 26 de Setembro de 1966 no bairro Kipungo, comuna de Quibaxe, município dos Dembos. Ele é Sua Alteza Príncipe dos Dembos e abriu as portas do Lumbo (“sala de visita”) para o Jornal de Angola.
Alejandro Guillermo Verdier regressa, hoje, a Buenos Aires, depois de ter estado durante três anos em Angola, como embaixador da Argentina. Convidado pelo Jornal de Angola a fazer um balanço sobre o seu mandato e do que mais o impressionou no país, o diplomata teceu rasgados elogios aos angolanos. “Levo comigo a imagem de um povo extremamente afável e com virtudes”, afirmou o embaixador que, durantea entrevista, destacou as realizações enquanto representante do Estado argentino em Angola. Também assumiu um fracasso: o facto de não ter conseguido convencer Lionel Messi a visitar o país
Nasceu no Uíge, onde estudou num seminário, mas não saiu de lá sacerdote. Miguel Mbiavanga Ajú abraçou o Mundo ao serviço da ONU, partindo de uma experiência na UNAVEMM III em Angola, e em 2001 saiu do país, para apoiar quem mais precisa, quase sempre em cenários de conflito ou pós-conflito, nas mais diversas regiões do globo
Trabalho
para os Departamentos de Operações de Manutenção da Paz e de Apoio Operacional.
O meu trabalho consiste em coordenar e gerir uma série de questões, desde apoio
estratégico-operacional, assessorar altos dirigentes da ONU, preparação e
elaboração de planos estratégicos, directivas, aide-mémoires, até à
participação em revisões estratégicas, estabelecimento de novas entidades e
encerramento de missões ou entidades da ONU em várias partes do mundo.
Que percurso foi fazendo até chegar onde está?
Tendo
deixado o Seminário Maior do Uíge, trabalhei com a Missão de Verificação das
Nações Unidas em Angola (UNAVEMM III), no Uíge, assim como com o Alto
Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), em Mbanza Congo.
Posteriormente, estive na Missão de Observação da ONU Angola (MONUA), em
Luanda. Deixei Angola em Outubro de 2001, para trabalhar no Tribunal Penal
Internacional das Nações Unidas para a ex-Jugoslávia, em Haia, na Holanda, onde
permaneci até 2006.
É nessa altura que decide regressar a Angola?
Sim, e aí trabalhei por um curto tempo com a Total, BP e KPMG, até voltar para as Nações Unidas, em Abril de 2008. Desta vez, a integrar a Missão das Nações Unidas no Sudão. Desde então, tenho estado a trabalhar, sobretudo, em operações de manutenção da paz da ONU, nomeadamente em Timor-Leste, Quénia, Somália e Haiti.
Fale-nos da sua experiência internacional...
Como
já referi, de 2008 a 2010 trabalhei na Missão da ONU no Sudão, inicialmente, em
Cartum e, depois, em Juba; de 2010 a 2012 trabalhei na Missão da ONU em
Timor-Leste; de 2012 a 2017 trabalhei no Escritório de Apoio da ONU para a
Missão da União Africana na Somália, baseado em Nairobi, Quénia, e mais tarde
em Mogadíscio, Somália; de 2018 a 2019 trabalhei na Missão de Apoio à Justiça
no Haiti, baseada em Porto Príncipe e, desde 2019, até ser transferido
recentemente para Nova Iorque, em Março de 2023, estive novamente baseado em
Nairobi como Chefe de Coordenação do Escritório de Apoio da ONU para a Somália.
Tirando os países em conflito e pós-conflito, de Agosto a Dezembro de 2022
foi-me incumbida a missão de supervisionar a operacionalização e
estabelecimento do Escritório do Coordenador Residente da ONU no Pacifico do
Norte (região da Micronésia) que cobre 5 países (Estados Federados da
Micronésia, Palau, Nauru, Kiribati e República das Ilhas Marshall).
Quais foram os principais desafios no seu percurso até aqui?
Foram
vários. Primeiro, nunca tive a oportunidade de viver com a família por muito
tempo. Em segundo lugar, depois de ter saído de Angola, tinha de optar por ser
trabalhador-estudante lá fora para ganhar a vida e, ao mesmo tempo, formar-me,
já que nunca tive qualquer apoio. Sempre gostei de estudar, independentemente
das circunstâncias da vida. Foi assim que, depois do Seminário, consegui fazer
duas licenciaturas, uma pós-graduação e concluir o Doutoramento como um dos
melhores alunos da minha turma numa das instituições de renome em Portugal
(Instituto Universitário de Lisboa – IUL-ISCTE). Tenho muito orgulho de ter
estudado com alguns colegas angolanos, com os quais fiz amizades e com quem
continuo a partilhar conhecimentos sobre questões de política internacional,
paz e segurança, diplomacia e outros interesses académicos. Em terceiro lugar,
a nível profissional, como este espaço é limitado, aponto apenas as
inseguranças e riscos de vida que corri no Sudão, Somália e no Haiti, onde
escapei de ser alvejado durante as manifestações violentas em 2019. Escreverei
um livro sobre as minhas experiências futuramente!
Gosta do que faz?
Adoro
o meu trabalho nas Nações Unidas. Como não me ordenei sacerdote, encontro muita
satisfação e sinto-me realizado a fazer trabalho de missionário em países e
locais onde as pessoas carecem de tudo devido à ganância humana que tem causado
conflitos em muitas partes do mundo. O meu trabalho em operações de paz tem
muitos riscos e já perdi muitos colegas no terreno! Porém, a formação
humanística que tive no Seminário tornou-me quem sou e não concebo a minha vida
sem fazer referência ao meu passado ligado aos padres, freiras e bispos
católicos que me marcaram e me deram as bases que me servem no trabalho humanitário
do dia-a-dia. Essa vocação de servir com abnegação e entrega total em prol dos
que sofrem tem sido a minha maior motivação para trabalhar em sítios onde muita
gente não gostaria de estar.
Tem diversos artigos publicados…
Uma
das exigências quando se frequenta o curso de Doutoramento é desenvolver a
capacidade analítica de investigação e elaboração de textos científicos capazes
de contribuir para o avanço da ciência. A investigação e produção académicas
são a espinha dorsal de qualquer académico. Assim, tento dar o meu humilde
contributo como investigador do Centro de Estudos Internacionais (CEI) do
IUL-ISCTE, Portugal. Tenho como áreas de interesse, as dinâmicas de segurança
no Corno de África, operações regionais de manutenção da paz e política internacional.
Já escrevi artigos de opinião e crónicas no Jornal de Angola, Folha8, Blogs do
ISCTE, artigos científicos em inglês publicados no Horn Institute of
International Studies, sobre a Missão da União Africana na Somália e na Revista
Portuguesa de Ciência Política, sobre o conflito no Norte de Moçambique. O meu
mais recente artigo será publicado em breve pela Revista Cadernos de Estudos
Africanos do ISCTE, sobre a Intersecção do Médio Oriente e o Corno de África,
no qual discuto as ligações económicas, sócio-culturais, influências políticas
e securitárias de duas regiões distintas, mas intrinsecamente ligadas através
da Península Arábica.
Agora em Nova Iorque, tem outros desafios?
Como
referi anteriormente, sou um dos poucos quadros que trabalha em start-ups ou
estabelecimento de novas entidades e liquidation ou encerramento de missões e
entidades da ONU em várias partes do mundo. Já fiz esse tipo de trabalho no
Haiti, Guiné-Bissau e, muito recentemente, na Micronésia. É por esta razão que
me encontro agora a trabalhar na sede em Nova Iorque como Oficial de
Planificação de Programas. A minha tarefa principal consiste na elaboração de
um Guia Estratégico para start-ups de novas entidades. Este é um trabalho
inédito, por ser o primeiro do género em todo o Secretariado da ONU.
Que apreciação faz do estado actual da diplomacia angolana, sua estratégia e modo de actuação?
A
nossa diplomacia tem evoluído bastante nos últimos tempos. Angola soube
adaptar-se aos desafios que caracterizaram o período pós-guerra fria e geriu
bem as relações internacionais desde o início dos anos 90 com a independência
da Namíbia. Desde então, a diplomacia angolana foi ganhando maturidade e ajudou
no posicionamento do país face aos desafios da política internacional da guerra
civil em Angola. Desde o fim da guerra civil em 2002, Angola tem sido
considerada como um actor credível em matéria de paz, segurança e conflitos a
nível do continente africano e não só. O país tem desenvolvido também uma
diplomacia económica que merece ser aplaudida por atrair foreign direct
investment (FDI), que é fundamental para continuar a impulsionar a nossa
economia num mundo cada vez mais globalizado e interdependente. No entanto,
Angola deve manter-se atenta para ler com clareza os acontecimentos globais
capazes de afectarem os nossos interesses nacionais. Afinal, não existem amigos
nas relações internacionais, mas sim interesses e mais interesses! Este é o
trabalho da diplomacia, e para tal precisamos de diplomatas perspicazes,
astutos e com formação abrangente. Por fim, orgulho-me de ser Angolano, pois dá
muito gosto ouvir os comentários que são feitos nos meandros internacionais
sobre o papel de Angola e do seu Presidente na gestão de conflitos em África.
O que vai fazer depois?
Para
já, estou focado nesta actual missão – e ainda não pensei no que vou fazer a
seguir. Este é um trabalho importante e merece toda a minha atenção. Deixo o
futuro determinar o resto!
Que mensagem deixa aos jovens que queiram abraçar uma carreira deste tipo?
Para além da formação, é necessário estarem preparados para enfrentar desafios de vária ordem, tais como trabalhar em ambientes multiculturais, aceitar riscos, capacidade de trabalhar em sítios isolados e condições mínimas de vida. Trabalhar para a ONU é prestigiante, mas exige muita determinação e sentido de responsabilidade. A minha mensagem para os jovens pode resumir-se em poucas palavras: trabalhar em prol dos outros de forma altruística é uma tarefa nobre que vale a pena!
Orgulho-me
de ser angolano
Que apreciação faz do estado actual da diplomacia angolana, sua estratégia e modo de actuação?
A
nossa diplomacia tem evoluído bastante nos últimos tempos. Angola soube
adaptar-se aos desafios que caracterizaram o período pós-guerra fria e geriu
bem as relações internacionais desde o início dos anos 90 com a independência
da Namíbia. Desde então, a diplomacia angolana foi ganhando maturidade e ajudou
no posicionamento do país face aos desafios da política internacional da guerra
civil em Angola. Desde o fim da guerra civil em 2002, Angola tem sido
considerada como um actor credível em matéria de paz, segurança e conflitos a
nível do continente africano e não só. O país tem desenvolvido também uma
diplomacia económica que merece ser aplaudida por atrair foreign direct
investment (FDI), que é fundamental para continuar a impulsionar a nossa
economia num mundo cada vez mais globalizado e interdependente. No entanto,
Angola deve manter-se atenta para ler com clareza os acontecimentos globais
capazes de afectarem os nossos interesses nacionais. Afinal, não existem amigos
nas relações internacionais, mas sim interesses e mais interesses! Este é o trabalho
da diplomacia, e para tal precisamos de diplomatas perspicazes, astutos e com
formação abrangente. Por fim, orgulho-me de ser angolano, pois dá muito gosto
ouvir os comentários que são feitos nos meandros internacionais sobre o papel
de Angola e do seu Presidente na gestão de conflitos em África.
O que vai fazer depois?
Para já, estou focado nesta actual missão – e ainda não pensei no que vou fazer a seguir. Este é um trabalho importante e merece toda a minha atenção. Deixo o futuro determinar o resto!
Que mensagem deixa aos jovens que queiram abraçar uma carreira deste tipo?
Para além da formação, é necessário estarem preparados para enfrentar desafios de vária ordem, tais como trabalhar em ambientes multiculturais, aceitar riscos, capacidade de trabalhar em sítios isolados e condições mínimas de vida. Trabalhar para a ONU é prestigiante, mas exige muita determinação e sentido de responsabilidade. A minha mensagem para os jovens pode resumir-se em poucas palavras: trabalhar em prol dos outros de forma altruísta é uma tarefa nobre que vale a pena!
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