Desde que o Governo angolano anunciou o desejo de pretender reactivar o Corredor do Lobito, aumenta o interesse de empresas, países ou organizações internacionais em participar no processo.
O setor Têxtil a nível mundial tem enfrentado vários desafios consideráveis que vão desde as questões ambientais e sociais, avanços tecnológicos, até mesmo alterações nas preferências do consumidor, proporcionando produtos inovadores a nível global. Este sector ocupa a nível da economia mundial um lugar cada vez mais decisivo, na medida que gera postos de trabalho e contribui para o aumento do produto e das exportações.
Na semana passada, durante cinco dias, o Palácio de Ferro, em Luanda, testemunhou uma das raríssimas ocasiões em que foi enaltecida a urgência e necessidade do resgate, preservação, valorização e divulgação da nossa identidade cultural.
Tratou-se da III edição do Festival Balumuka - Baluarte da Música Angolana, uma iniciativa do referido espaço cultural luandense, em que foi principal interveniente o soberano do Reino do Bailundo, o rei Tchongolola Tchongonga, também conhecido como Ekuikui VI, convidado para falar sobre a "Herança da Arte Musical e a Fábrica de Instrumentos de Músicas Ancestrais no Reino do Bailundo”.
A Mais Alta Autoridade Tradicional da província do Huambo teceu importantes declarações, durante o seu discurso, e sobre as quais vale a pena reflectir para melhor ganhar-se consciência sobre o que está em causa, quando se trata da identidade cultural.
"As músicas que se ouvem em todo o território nacional é, com as devidas adaptações no tempo e no espaço, fruto da cultura ancestral, que traz consigo um sinal de pertença, de união e de paz interior, capaz de juntar indivíduos desavindos há anos através das suas músicas e danças”, disse o herdeiro da linhagem dos Ekukuis.
Segundo o rei, "toda a cultura que se fecha a si mesma desaparece”, numa alusão à necessidade de interacção dos valores culturais herdados dos ancestrais com os demais, e assegurar a sua sobrevivência.
Quanto aos instrumentos musicais do Reino do Bailundo, foi lamentável ouvir do rei o que, de resto, é do domínio público, que muitos bens culturais desapareceram em condições, ainda, por explicar, outros "retirados forçosamente e colocados na prateleira do misticismo, do feiticismo, por calúnia do antigo colono”. Vale envidar esforços no sentido de reverter o quadro em que valores e bens culturais, eminentemente Bantu, foram relegados para uma posição de subserviência e subalernização aos outros valores, geralmente de matriz eurocêntrica. Com eventos semelhantes ao ocorrido na semana passada, podem ser esbatidas situações que precisam de ser corrigidas e revertidas, a começar pelo devido conhecimento da nossa herança cultural.
Não seria exigir demais se apelássemos aos organizadores da III edição do Festival Balumuka - Baluarte da Música Angolana à preservação, em áudiovisual e escrita, do material do evento como um produto cultural para consulta e usufruto permanentes por parte dos que não conseguriam aceder ao festival.
À semelhança do repto lançado pelo rei do Bailundo, as outras realezas de Angola são, também, convidas e desafiadas a promover eventos semelhantes para que, no processo de publicitação da herança herdada dos ancestrais, a sociedade conheça melhor o país que temos em termos culturais.
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