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HRW acusa paramilitares e aliados de limpeza étnica

A Human Rights Watch (HRW) acusou ontem as Forças de Apoio Rápido (RSF) e os seus aliados em El Geneina, Sudão, de cometerem crimes de guerra e contra a humanidade, num contexto de limpeza étnica. A Organização Não-Governamental (ONG) apontou estas forças como responsáveis pela morte de milhares de pessoas e de causarem centenas de milhares de refugiados.

13/05/2024  Última atualização 09H32
Vista parcial da cidade de Cartum, capital do Sudão, que é fustigada pela guerra fratricida © Fotografia por: DR

"Os crimes contra a humanidade e os crimes de guerra generalizados foram cometidos no contexto de uma campanha de limpeza étnica contra a etnia Massalit e outras populações não árabes em El Geneina e arredores” entre Abril e Novembro de 2023, segundo um relatório da HRW. "Os atacantes cometeram outros abusos graves, como tortura, violação e pilhagem. Mais de meio milhão de refugiados do Darfur Ocidental fugiram para o Chade desde Abril de 2023. No final de Outubro de 2023, 75% eram de El Geneina”, indicou a ONG.

Os Governos, a União Africana e as Nações Unidas precisam de agir agora para proteger os civis, defendeu a directora executiva da HRW, Tirana Hassan, citada no comunicado divulgado pela AFP. "Visar o povo Masalit e outras comunidades não-árabes, cometendo graves violações com o objectivo aparente de, pelo menos, os fazer abandonar permanentemente a região, constitui uma limpeza étnica”, afirmou a HRW. A ONG referiu ainda que existe a possibilidade de as RSF e os seus aliados terem, efectivamente, a "intenção de destruir total ou parcialmente os Massalit, pelo menos no Darfur Ocidental, o que indicaria que um genocídio foi e/ou está a ser cometido nessa região”.

De acordo com a HRW, a violência em El Geneina começou nove dias após o início dos combates em Cartum, capital do Sudão, entre as Forças Armadas Sudanesas (SAF), os militares do Sudão, e as RSF. E, mesmo depois de os grupos armados MasSalit terem perdido o controlo das SUAS zonas, as RSF e as milícias aliadas atacaram sistematicamente civis desarmados, acrescentou.

A violência culminou num massacre em grande escala em 15 de Junho, quando as RSF e os seus aliados abriram fogo contra civis que tentavam desesperadamente fugir, escoltados por combatentes Massalit, contextualizou. Nesse dia e nos dias seguintes, os ataques continuaram contra dezenas de milhares de civis que tentavam atravessar para o Chade, deixando a zona rural repleta de cadáveres, declarou. Embora a guerra tenha começado há um ano, milhares estão cruzando as fronteiras diariamente como se a emergência tivesse começado ontem.

No Sudão do Sul, em média, mais de 1.800 pessoas ainda estão chegando todos os dias, aumentando a pressão sobre infra-estruturas e exacerbando as vastas necessidades humanitárias. O país recebeu o maior número de pessoas do Sudão – quase 640.000 pessoas – muitas delas sul-sudanesas que retornaram após muitos anos.

O Tchad experimentou o maior influxo de pessoas refugiadas em sua história. Embora equipes da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e parceiros, tenham conseguido realocar a maioria dos refugiados para assentamentos novos e ampliados, mais de 150.000 permanecem em áreas de fronteira em condições insalubres devido a superlotação dos espaços, em grande parte devido à falta de financiamento.A guerra começou a 15 de Abril de 2023, quando as Forças de Apoio Rápido atacaram as posições das forças governamentais.

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