Regista-se de um tempo a esta parte na sociedade angolana um ambiente que estimula a reflexão em torno da importância da ética e deontologia profissional, visando promover no contexto social e organizacional a cultura de integridade na conduta pessoal e sobretudo na gestão da coisa pública para melhor servir o cidadão em razão de ser o Alfa e o Ômega da Administração pública.
Dentro de um mês, iremos realizar o Censo Populacional, num contexto da ronda censitária de 2024 e cerca de dez anos depois do último Censo Geral da População. Este é um momento importante, na medida em que permite ao país aferir a dimensão real do tamanho da população e matéria de base para muitos outros estudos, determinação de tendências, para além de facilitar a definição de boas políticas públicas.
O Censo Geral da População é, portanto, um indicador importante em termos geo-estratégicos, mas igualmente para questões económicas, sociais e políticas. É um instrumento importante para os estudiosos e investidores. É um instrumento importante para os Governos, e, mais do que isso, para o próprio Estado em que estamos todos enquadrados.
Há várias equipas no terreno e espera-se que o Instituto Nacional de Estatística e todos os seus parceiros consigam recolher informação demográfica relevante em todo o território nacional. De resto, a mobilização nacional é importante para que haja êxitos nessa operação de extrema importância, relevância, mas também complexidade técnica, logística e científica.
Podemos, assim, deixar os "achismos” e projecções uma vez que existem muitos eventos, como a pandemia, as taxas de natalidade e mortalidade que nos fazem duvidar de muitos dados apresentados aqui e acolá. Por exemplo, não podemos menosprezar a relevância de eventos como a pandemia da Covid-19 e as suas incidências na taxa de crescimento da população daquele período e dos anos subsequentes.
No entanto, um dado que parece inquestionável na demografia angolana é que a juventude angolana continua a preencher largos segmentos da população. Falo, essencialmente, das faixas etárias que se encontram entre os 14 e os 40 anos.
Obviamente, o desenho da nossa pirâmide corresponde ao clássico, embora subsistam dúvidas – por esclarecer nos resultados do censo quanto ao tamanho de cada um dos grupos e suas consequentes incidências a posteriori. Desse modo, não há dúvidas de que a tendência de crescimento da população irá permanecer, mas isso coloca inúmeros desafios.
Um dos desafios mais prementes em termos sociais e económicos, que o nosso país enfrenta, está relacionado à retoma do crescimento económico consecutivo e por essa via dar passos significativos em termos de desenvolvimento económico e social sustentável.
Como é óbvio, será fundamental contar com a sua população. No nosso caso, uma população nitidamente jovem que deve ser ou estar bem preparada para participar de forma mais incisiva no tal crescimento económico e aumentar o desenvolvimento do capital humano. Ter uma população jovem, principalmente, em idade activa superior aos inactivos permite-nos admitir que Angola esteja a viver um dividendo demográfico. Melhor dizendo, em condições de conhecer um dividendo demográfico, o que ainda não ocorre de forma substantiva considerando os números gritantes da taxa de desemprego ou ainda do subemprego, como quem diz, da economia informal que ocupa um espaço significativo na economia, nem sempre suficientemente capturado nas estatísticas oficiais, ou como quem diz, ao nível do PIB.
Por um lado, há uma taxa de mortalidade em queda ligeira, mas há um boom na natalidade e fecundidade. Importa perceber as melhorias em termos de bem-estar que possam se reflectir num aumento da esperança de vida a nascença, mas também considerar os impactos da despesa pública, do emprego e das condições sociais na melhoria de vida da população. Ou seja, perceber os níveis de pobreza dos agregados nacionais é absolutamente vital para um melhor direccionamento quando já todos sabemos que a população jovem do zero aos dezoito anos é mais do que a metade do total da população.
Por isso, é de todo importante que o país invista de forma massiva na educação. Precisamos de multiplicar o que temos feito até aqui. Que o país aprenda a lidar e a valorizar o seu empreendedorismo, em todas as dimensões, social, económica, cultural, religiosa, ambiental e outras. Os jovens, na sua essência, são insatisfeitos e por isso procuram espaços para exteriorizar essa sua visão do mundo, nem sempre da melhor forma. Mas, há, vezes também, em que tal acontece e devem, por isso, merecer a atenção e também admiração.
Na recta final desse artigo, gostaria de apresentar ao leitor o caso particular do Mauro Sérgio, que com a sua energia junta regularmente milhares de jovens num evento cultural denominado Kanjala. É um espaço de diversão, mas construído de forma muito original, juntando a tecnologia na mobilização e organização do evento, mas não deixando de lado elementos tão importantes como a exaltação do patriotismo, para lá de qualquer abordagem político-partidária.
Como tenho defendido sempre, e como forma de lutarmos conta a ociosidade que se instala em alguns círculos de jovens, aguardando por Messias, a cultura e o desporto - num meio como o nosso onde abunda o talento – são elementos absolutamente vitais na construção dos jovens, da sociedade e do país, devendo ser melhor aproveitados, pelos próprios jovens, como tubo de escape para algumas das situações pouco dignificantes que persistem ainda no nosso seio. É bom não limitarmos a cultura à música e o desporto ao futebol. O naipe é enorme e o limite é apenas a criatividade em encontrarmos soluções adequadas ao nosso próprio contexto.
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