Angola segue firme na promoção e protecção dos direitos humanos. O reconhecimento da comunidade internacional demonstra a preocupação com que a questão é tratada no país. Um desses casos aconteceu recentemente, precisamente na sexta-feira passada.
À medida que a inteligência artificial (IA) se entrelaça cada vez mais com o tecido das nossas vidas diárias e dos processos empresariais, surge uma questão importante e válida: estamos a progredir no campo da ética tecnológica à mesma velocidade que estamos a inovar?
Neste artigo, quero explorar os desafios éticos e o impacto destas tecnologias nas estratégias empresariais, assim como as tendências de mercado que moldam este novo horizonte.
A aplicação de IA no mundo empresarial oferece um potencial transformador. Da optimização de cadeias de suprimentos até ao desenvolvimento de novos produtos, as capacidades preditivas e analíticas da IA estão a redefinir as indústrias, os mercados e a forma como desenvolvemos novos produtos e serviços.
No entanto, este potencial vem acompanhado de responsabilidades significativas. As decisões automatizadas podem influenciar tudo, desde a contratação de funcionários até à aprovação de empréstimos, passando pela automatização de processos industriais ou análises de dados, levantando questões sobre justiça e viés. É fundamental que as empresas que estão a adoptar a IA invistam também na sua governança ética.
Neste sentido, a transparência é essencial para construir e manter a confiança, seja entre empresas e consumidores, ou entre a tecnologia e aqueles que a regulam.
Uma abordagem aberta sobre como os algoritmos funcionam e são aplicados fortalece a credibilidade e facilita uma auditoria ética eficaz. Por exemplo, a explicação dos modelos de IA, onde os processos de tomada de decisão são clarificados, é um passo importante para mitigar os riscos de viés não intencional e garantir que as máquinas permaneçam como ferramentas humanas e não como os seus substitutos.
Num mundo ideal, a IA deveria servir para ampliar as capacidades humanas e promover inclusão. No entanto, há casos documentados onde a tecnologia replicou ou até exacerbou desigualdades sociais. As empresas devem, portanto, ser proactivas na implementação de sistemas, com uma constante revisão e ajuste para garantir que promovam a equidade.
Iniciativas como a IA inclusiva, que envolve grupos variados na fase de desenvolvimento dos algoritmos, podem ajudar a reflectir uma gama mais ampla de perspectivas e necessidades.
Como CEO de uma organização tecnológica, vejo a liderança ética não como um ónus, mas como uma oportunidade distinta de liderança. Estamos na posição única de definir a cultura e as práticas das nossas empresas. É imperativo que os líderes empresariais reconheçam e priorizem a ética na IA. Isto protege as nossas operações contra riscos legais e reputacionais, além de nos posicionar como pioneiros num futuro tecnológico consciente.
Resumindo, para nós, no mundo empresarial, a IA representa uma fronteira de inovação e crescimento. No entanto, para que esta tecnologia seja verdadeiramente benéfica para todos, deve ser gerida com um forte compromisso ético, o que requer uma visão clara, estratégias informadas e uma liderança que ouse pensar além do lucro.
Como líderes, a nossa missão, para além de gerar valor para os accionistas e para o mercado, é assegurar que a tecnologia que adoptamos sirva de forma justa e ética à sociedade em geral.
Este é o desafio que enfrentamos e com o qual temos de lidar hoje, seja qual for o nosso sector de actividade: vamos liderar com responsabilidade e garantir que o avanço da IA seja um caminho marcado pela integridade e inovação inclusiva. Com isto, fortalecemos a nossa posição no mercado e contribuímos para um mundo mais justo e equitativo.
*CEO TIS Tech Angola (empresa do mercado digital)
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