Política

Soberanos acreditam que nova DPA vai trazer mais desenvolvimento

Os reis dos municípios de Mavinga, Rivungo, Dirico, Calai e Cuangar, no Cuando Cubango, acreditam que a implementação urgente da nova Divisão Político-Administrativa (DPA) na província vai diminuir, significativamente, as assimetrias regionais existentes entre as regiões do Leste e do Litoral, bem como acelerar o crescimento socioeconómico do país.

11/05/2024  Última atualização 10H35
Rei do Rivungo, Golden Maquissi  Kaputungu, foi recebido pelo governador e falou em optimismo da população nas zonas recônditas © Fotografia por: antónio cristovão | edições novembro

Os cinco soberanos manifestaram-se regozijados por esta iniciativa do Executivo durante as audiências separadas que mantiveram com o governador do Cuando Cubango, José Martins, que está a trabalhar desde o dia 29 de Abril no interior da província, com o objectivo de aferir a situação socioeconómica dos municípios de Mavinga, Rivungo, Dirico, Calai e Cuangar, assim como divulgar e aprofundar a importância da nova DPA.

Para o rei Chiengo III, do município de Mavinga, Pedro Mukissi, a nova Divisão Político-Administrativa, que vai permitir dividir o Cuando Cubango em duas províncias, nomeadamente o Cubango e Cuando, vai aproximar os principais serviços sociais básicos junto das populações que residem nas localidades mais recônditas e de difícil acesso.

Pedro Mukissi realçou que por causa do estado avançado de degradação das vias de acesso, as populações que residem na parte Leste da província, com realce para os municípios de Mavinga, Nancova e Rivungo, encontram-se praticamente isoladas e vivem em situação de extrema pobreza.

O líder tradicional sublinhou que a sua área de jurisdição, que será a capital da província do Cuando, com a implementação da nova DPA, já começou a receber várias visitas de delegações ministeriais que estão a fazer um levantamento para a construção das principais infra-estruturas para albergar os serviços do Estado.

O rei Chiengo III realçou que as províncias do Cuando Cubango e do Moxico têm registado um desenvolvimento socioeconómico de forma muito tímida, tendo em vista a sua extensão territorial e a dispersão da população.

"Ao dividir estas províncias em duas, o Governo vai ter maior controlo da população e irá aproximar os serviços sociais junto das populações que carecem de quase tudo para o seu bem-estar social”, disse.

O rei do Rivungo, Golden Maquissi Kaputungo, afirmou que a DPA vai fazer com que muitas comunas sejam transformadas em municípios, conferindo maior autonomia financeira para executar os principais serviços sociais para o bem-estar das populações.

"Mesmo nós cá, no Rivungo, a DPA está a gerar optimismo da população que vive nas zonas recônditas e que pede maior empenho institucional do Estado, a fim de criar mais emprego, exploração dos recursos hídricos, estimular a agricultura, bom ensino e serviços de saúde”, disse.

A rainha do Dirico, Evalina Mutango, valorizou a iniciativa do Governo. Segundo a soberana, a nova DPA vai dar resposta às principais dificuldades que as comunidades enfrentam, relacionadas com a falta de habitação, água potável, estradas, energia eléctrica, fomento à agro-pecuária, entre outros bens.

A soberana salientou que no que toca à orla fronteiriça, a Divisão Político-Administrativa irá criar oportunidades de mais empregos e contrapor a actual situação da emigração de muitos angolanos, sobretudo jovens, que estão a abandonar o território nacional para procurar oportunidades de trabalho em algumas fazendas na Namíbia.

Evalina Mutango apontou que o fomento do turismo, a promoção da agricultura e a reabilitação das estradas ao longo dos municípios da orla fronteiriça constituem prioridades que a nova DPA deve proporcionar para o desenvolvimento acelerado das duas províncias que serão criadas no Cuando Cubango.

A rainha defendeu que é necessário tomar medidas práticas, para a criação de infra-estruturas público-privadas, de modo a atrair investidores internacionais ao território angolano, que conta com enormes recursos hídricos e solos férteis, que com a sua exploração bem aproveitada vai contribuir para o desenvolvimento do país.  

Para a rainha do Calai, Sofia Ngunza, o êxito da nova DPA dependerá da reabilitação de estradas nos municípios do interior da província do Cuando Cubango, tendo em vista que o actual estado de degradação das vias de acesso tem adiado o desenvolvimento socioeconómico que a população tanto almeja.

Sofia Ngunza manifestou-se preocupada com a estiagem que assolou severamente os municípios que se encontram principalmente na orla fronteiriça e deixou muitas famílias sem ter o que comer neste momento. Por isso, pediu a rápida intervenção do Governo para apoiar as famílias sinistradas.

O rei do Cuangar, Mernorf Kasamane, disse que a nova DPA peca apenas pelo atraso na sua implementação na província do Cuando Cubango, que conta com uma extensão territorial de cerca de 200 mil quilómetros quadrados, sendo maior que muitos países da Europa Ocidental mais densamente povoados.

O soberano referiu que governar uma província com esta dimensão e sem estradas em condições é um enorme desafio, razão pela qual, na sua óptica, o Cuando Cubango continua a ser uma das províncias menos desenvolvidas de Angola.

"Por isso, estamos a aguardar, com muita expectativa, que a nova Divisão Político-Administrativa venha a contribuir para o rápido desenvolvimento das duas províncias que serão criadas e, consequentemente, melhore as condições de vida das populações”, disse.

Governador avança passos da DPA

O governador do Cuando Cubango, José Martins, avançou que o projecto da nova DPA já foi submetido à Assembleia Nacional para a sua aprovação nos próximos dias e que a sua implementação se vai reflectir no bem-estar social de todos os angolanos.

O governante apelou aos soberanos a alinharem-se com as políticas do Governo, visando principalmente trabalhar para o desenvolvimento político, social, económico e cultural, onde todos se sintam que Angola é um belo país para se viver.

"É necessário caminharmos na mesma carruagem para que a DPA desempenhe a função para que todos saiam a beneficiar, sem desprimor de ninguém”, defendeu.

José Martins assegurou que no que toca à estiagem que assolou o Cuando Cubango, já trabalha na província uma equipa técnica do Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA) para formar os camponeses, no sentido de produzirem em qualquer época do ano, sobretudo nas zonas ribeirinhas, sem dependerem das chuvas.

Nicolau Vasco | Cuangar

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