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Degradação das ruas e estruturas de Sanza Pombo entristece os munícipes

Victor Mayala | Uíge

Jornalista

Administradora municipal aponta avanços registados, nos últimos três anos, sobretudo, nos sectores da Educação e Saúde, mas reconhece a degradação das vias como uma das principais dificuldades

21/05/2024  Última atualização 09H09
Moradores reclamam dos buracos nas vias e apelam às autoridades a trabalhar para mudar o quadro da sede municipal © Fotografia por: Mavitidi Mulaza| Edições Novembro

A vila sede do município de Sanza Pombo apresenta, ainda, uma imagem que os munícipes consideram "desoladora”, devido à degradação acentuada das ruas e das principais infra-estruturas, que carecem de uma intervenção urgente, de modo a conferir dignidade aos habitantes.

"A imagem da vila de Sanza Pombo nos entristece, enquanto munícipes. Como podem ver, as ruas, em toda a extensão da vila, estão partidas. Por isso, apelamos ao Governo para que possa fazer alguma coisa, no sentido de mudar este quadro”, disse Almeida João Kindanda, de 26 anos de idade, em declarações ao Jornal de Angola.

A vila assinalou, ontem, 111 anos da sua fundação, a 20 de Maio de 1913.

Almeida João Kindanda apontou ainda as dificuldades relacionadas com a falta de água potável e o problema da expansão da rede de distribuição de energia eléctrica aos bairros periféricos da sede municipal.

Outros dois jovens, Celestino Alberto Correia e Emanuel António João, de 20 e 29 anos, respectivamente, solicitaram a construção de mais unidades sanitárias e escolas, sobretudo nas zonas recônditas do município, para a melhoria dos serviços de Saúde e Educação.

"Queremos que o Governo construa mais centros de saúde e escolas, porque temos localidades onde os habitantes percorrem longas distâncias para ter acesso a estes serviços”, referiu Celestino Alberto Correia, que trabalha como lotador de táxi.

O padre António Vemba, vigário episcopal do Pombo e pároco da Paróquia São José do Pombo, que foi, igualmente, abordado pelo Jornal de Angola, notou que, no percurso dos seus 111 anos de existência, Sanza Pombo, um dos 16 municípios da província do Uíge, registou momentos de avanços e recuos.

O eclesiástico preferiu, entretanto, destacar alguns avanços, entre os quais a construção da estrada que liga o município à sede da província, bem como a construção de diversas infra-estruturas. 

"O município tem vindo a ganhar escolas e unidades sanitárias, mas isto deve ser acompanhado com o recrutamento de mais funcionários, uma vez que temos localidades em que estes serviços não funcionam por falta de técnicos”, frisou o padre António Vemba, que defendeu a construção, na região, de um Instituto Superior Politécnico, para travar a fuga de jovens que terminam o ensino secundário.

 
Administração aponta avanços

A administradora municipal, Euládia Lambula Dongue, reconheceu haver, ainda, muita coisa por se fazer, mas não deixou de assinalar que o município de Sanza Pombo registou, nos últimos três anos, alguns avanços dignos de realce, principalmente nos sectores da Saúde e Educação, com a construção de escolas e a reabilitação de centros de saúde, no quadro do Programa Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM) e do Programa de Combate à Pobreza.

"Apesar das dificuldades, acreditamos que temos um município em desenvolvimento. Devo dizer que, neste momento, os únicos programas em curso no nosso município são o Programa de Combate à Pobreza e o PIIM. No âmbito do PIIM, estamos a terminar as obras de construção de duas escolas, sendo uma de 12 salas de aula, com uma execução física e financeira de 65 por cento e outra de sete salas, com a execução física de 95 por cento e a financeira de 92 por cento. A escola de sete salas está a ser erguida na regedoria de Maquila e a de 12 na sede municipal”, referiu.

 Euládia Lambula Dongue destacou, ainda, a entrega, à direcção municipal da Educação, de 21 salas de aula, nos últimos três anos.

 Actualmente, disse, a rede escolar está constituída por 53 escolas do ensino primário, sete colégios e três liceus, construídos de raiz. As aulas são asseguradas por 681 professores.

 Ainda assim, acrescentou, são necessários mais 410 professores para uma cobertura eficaz do município.

No ano lectivo em curso, foram matriculados 27 mil 174 alunos. Neste momento, 5.549 crianças estão fora do sistema normal de ensino.

Em relação ao sector da Saúde, foram entregues kits e dada formação às parteiras tradicionais.

"Também reabilitamos e apetrechamos o centro de saúde da comuna do Wamba, assim como a residência dos enfermeiros. Este ano, concluímos as obras de construção de uma escola primária de quatro salas de aula na aldeia Boa Entrada. Ainda este ano, vamos entregar cerca de seis salas de aula, no bairro Serrador”, indicou.

Na comuna de Cuilo Pombo, prosseguiu, vai ser reabilitada e ampliada a casa dos enfermeiros, bem como o centro de saúde. Já na comuna de Alfândega, será construída uma residência para os enfermeiros, além da reabilitação do centro de saúde existente na localidade. 

 
Combate à pobreza

O Programa de Combate à Pobreza, segundo a administradora, permitiu a formação de cerca de 300 jovens de ambos os sexos, em distintas áreas profissionais, tendo cada um dos formandos recebido um kit de trabalho para o auto-emprego.

 "Entendemos que não é possível o Governo empregar todos os jovens. Então, é nessa lógica que temos de formar os jovens profissionalmente e entregar-lhes kits profissionais para o fomento do auto-emprego”, realçou.

No âmbito do Programa Local de Apoio à Agricultura Familiar (PLAAF), em curso na província, segundo a administradora municipal, vão ser preparados, na presente época agrícola, 300 hectares de terra e distribuídos aos camponeses, que receberão, igualmente, insumos, no sentido de alavancar a actividade agrícola.

 "Vivemos, ainda, muitas dificuldades, mas a principal tem a ver com o estado degradante das vias de acesso. Sanza Pombo tem três comunas, nomeadamente Alfândega, Wamba e Cuilo Pombo. Para a comuna de Wamba, por exemplo, são apenas 28 quilómetros, mas para lá chegar, são necessárias quatro horas. O Cuilo Pombo está a 42 quilómetros, mas a viagem é feita em duas horas, o que é complicado”, lamentou a responsável máxima da Administração local.

A situação, acrescentou, é ainda complicada nas vias que ligam as sedes das comunas e as regedorias e aldeias, onde há maior produção agrícola. "Se conseguirmos chegar com as terraplanagens até às regedorias, as populações vão, com facilidade, escoar os seus produtos para a sede municipal, vendendo ou fazendo permuta e poderem adquirir outros bens”, disse.

 
Prioridades para a segunda fase do PIIM

A administradora de Sanza Pombo informou que caso seja implementada a segunda fase do PIIM, a prioridade vai ser  a asfaltagem das ruas da sede municipal, num total de 16 quilómetros, a construção de um sistema de captação, tratamento e distribuição de água, a expansão da rede eléctrica para os bairros periféricos e a construção das residências para os administradores comunais e a construção de mais centros de saúde.

"Já é tempo de o Sanza Pombo ter um sistema de captação, tratamento e distribuição de água, porque os furos artesianos que abastecem a população não são suficientes.  Quando chegámos, encontramos a funcionar apenas três furos mas agora já temos 11, número, ainda assim, insuficiente, tendo em conta o crescimento populacional, estimado em 83 mil habitantes, segundo os dados do censo de 2014”, afirmou.    

A responsável informou que Sanza Pombo tem muita energia, fornecida 24 horas ao dia. "Temos, no total, cinco megawatts produzidos pela central fotovoltaica e pelos grupos geradores, mas apenas estamos a utilizar 500 quilowatts. Infelizmente, a única contrariedade reside no transporte dessa mesma energia para os bairros periféricos da vila”, frisou Eluládia Lambula Dongue.

Para a administradora, a construção de um hospital municipal de referência se afigura, também, como prioritária, pelo facto de Sanza Pombo ser um ponto de convergência das populações dos municípios de Quimbele, Milunga, Buengas, Cangola e Púri.

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