Opinião

As campanhas de vacinação e os hábitos reprováveis

Angola registou, recentemente, um caso de poliomielite. Em função disso, iniciou, ontem, uma Campanha Nacional de Vacinação de menores de cinco anos que, em termos concretos, visa dar resposta à ocorrência do referido caso de poliomielite importado de países vizinhos.

18/05/2024  Última atualização 12H45

No léxico do Sistema de Saúde, o conceito "caso importado” significa que a pessoa contraiu a doença fora do país de residência, enquanto as vacinas são produtos biológicos que estimulam a defesa do corpo contra alguns micro - organismos (vírus e bactérias) que provocam doenças.

Por isso, faz todo o sentido a realização de  campanha de vacinação, visando a imunização das pessoas, entendida como o processo pelo qual uma pessoa se torna imune a uma enfermidade, quer através do contacto com certas doenças, quer através da administração de uma vacina.

Disso compreende-se, pois, o valor que se deve atribuir à campanha em curso, sobretudo por ser, a poliomielite, uma doença contagiosa aguda causada por vírus que pode infectar crianças e adultos e, em casos graves, acarretar paralisia nos membros inferiores.

A sua erradicação é um compromisso global e do país, tendente a proteger a saúde das crianças e manter Angola livre da doença.

Como de costume, a campanha está a ser realizada porta-a-porta, em igrejas, mercados e unidades hospitalares, conforme anunciou o Ministério da Saúde, que apela à máxima colaboração dos progenitores, encarregados de educação e/ou tutores dos menores.

O apelo das instâncias de Saúde tem razão de ser, pois, para além da finalidade primária e fudamental da vacinação, são frequentes as informações de que, em várias regiões do país, se registam casos de crianças cujos pais impedem a vacinação, alegando hábitos culturais e as doutrinas religiosas, gestos reprováveis, a todos os títulos condenáveis e que precisam da melhor abordagem institucional e social.

Este tipo de atitude, que nada tem de justificável  para o perfil de um bom líder familiar, não deve ser encarada de ânimo leve, até porque pode colocar  em risco o processo de erradicação da doença, considerando que de um caso podem emergir vários outros, sobretudo quando se trata de doenças contagiosas, como é a poliomielite. Isto  de além de comprometer  a vida da criança. Neste particular, registamos, com agrado, o posicionamento do vice-governador para o sector Político, Social e Económico do Zaire, Afonso Nzolameso, que, no acto na referida província, foi peremptório em defender que "os hábitos culturais e as doutrinas reliogiosas não podem inviabilizar os objectivos da campanha de vacinação contra a poliomielite”. Mais ainda, apelou aos vacinadores e às autoridades sanitárias a denunciarem os progenitores que impedirem os filhos de serem vacinados, atitude que consideramos mau hábito que embaraça os objectivos da vacinação em curso.


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