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Angola quer mais investigação para melhorar diagnósticos de cancro

Manuela Mateus

Angola destacou, na terça-feira, em Trieste (Itália), que uma das suas prioridades no campo da investigação biomédica é a criação de instalações de investigação genómica de ponta, para melhorar a precisão dos diagnósticos de cancro.

24/05/2024  Última atualização 12H15
Quadro da UAN, Maria Madalena Chimpolo, é decana da Faculdade de Medicina da Universidade Katyavala Bwila © Fotografia por: EDIÇÕES NOVEMBRO

A informação foi avançada pela geneticista Maria Madalena Chimpolo, quando intervinha, em representação do país, na 30.ª sessão do Conselho de Governadores do Centro Internacional de Engenharia Genética e Biotecnologia (ICGEB), que terminou, ontem, depois de dois dias de trabalho.

Maria Madalena Chimpolo adiantou que, se forem criadas instalações de investigação genómica de ponta, vai também ser encarado como mais um passo fundamental para a capacitação dos investigadores locais e o desenvolvimento dos tratamentos adaptados às "especificidades genéticas prevalentes” na população angolana.

A biomédica disse ser imperativo o reforço das infra-estruturas para a investigação genómica de todas as formas de cancro em Angola, sobretudo o cancro cervical, da próstata e do fígado, que, como disse, formam uma linha de investigação da Universidade Katyavala Bwila (UKB), com sede em Benguela.

Maria Madalena Chimpolo, que é quadro da Universidade Agostinho Neto (UAN), mas, actualmente, em comissão de serviço na Universidade Katyavala Bwila, salientou, no encontro de Trieste, que "se deve reconhecer a urgência de Angola em aceder e utilizar dados genómicos para combater eficazmente o cancro”.

O primeiro dia de trabalhos da 30.ª sessão do Conselho de Governadores do Centro Internacional de Engenharia Genética e Biotecnologia serviu, também, para a renomeação de Luiz Zerbini para exercer, por mais três anos, o cargo de director do centro regional da organização, que funciona na Cidade do Cabo, na África do Sul.

A geneticista Maria Madalena Chimpolo declarou, quarta-feira à noite, ao Jornal de Angola, que a recondução do brasileiro Luiz Zerbini vai trazer "benefícios significativos para Angola, assim como para a comunidade lusófona, em geral”.

"A fluência do Doutor (Luiz) Zerbini em português facilita a comunicação e a colaboração com os países de língua portuguesa, promovendo uma maior integração e cooperação científica”, afirmou a geneticista Maria Madalena Chimpolo.

A renomeação de Luiz Zirbini foi recomendada pelo Conselho de Governadores e confirmada, por unanimidade, pelo Conselho Científico Consultivo do Centro Internacional de Engenharia Genética e Biotecnologia, que tem a sua sede em Trieste, uma cidade portuária localizada no extremo Nordeste da Itália e que faz fronteira com a Eslovénia.

"A liderança do Doutor (Luiz) Zerbini tem fortalecido os laços entre as nações africanas e contribuído para o desenvolvimento científico e tecnológico na SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral)”, sublinhou a geneticista, que disse já ter, em nome do país, felicitado Luiz Zerbini, pela sua recondução ao cargo.

No primeiro dia de trabalhos da 30.ª sessão do Conselho de Governadores da ICGEB, a geneticista deu ênfase à necessidade de tradução, para português, de todos os "documentos estratégicos” da organização, por ser, no seu entender, "uma questão de inclusão e eficácia na comunicação dentro do ICGEB”.

A geneticista defendeu que a organização deve alocar financiamento para a tradução de documentos, um passo que, se for concretizado, vai "reforçar o compromisso do ICGEB com a diversidade e a inclusão”, permitindo, também, que um "maior número de membros possa participar activamente e beneficiar-se plenamente das iniciativas globais de pesquisa e desenvolvimento”.

Maria Madalena Chimpolo é Professora Doutora e regente da unidade curricular de Genética Humana da Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto (UAN). Há mais de um ano, a geneticista foi nomeada para, em comissão de serviço, exercer o cargo de decana da Faculdade de Medicina da Universidade Katyavala Bwila.

A biomédica representa, desde 2021, o Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação e, através deste departamento ministerial, o Estado angolano no Conselho de Governadores do Centro Internacional de Engenharia Genética e Biotecnologia e na SADC.

Maria Madalena Chimpolo é, de entre outras instituições internacionais, membro da Organização para Mulheres na Ciência para o Mundo em Desenvolvimento (OWSD), da Sociedade Europeia de Genética Humana, da Organização do Genoma Humano, também conhecida por Hugo Internacional, do Expandia e do H3África.

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