O continente africano é marcado por um passado colonial e lutas pela independência, enfrenta, desde o final do século passado e princípio do século XXI, processos de transições políticas e democráticas, muitas vezes, marcados por instabilidades, golpes de Estado, eleições contestadas, regimes autoritários e corrupção. Este artigo é, em grande parte, extracto de uma subsecção do livro “Os Desafios de África no Século XXI – Um continente que procura se reencontrar, de autoria de Osvaldo Mboco.
A onda de contestação sem precedentes que algumas potências ocidentais enfrentam em África, traduzida em mudanças político-constitucionais, legais, por via de eleições democráticas, como as sucedidas no Senegal, e ilegais, como as ocorridas no Níger e Mali, apenas para mencionar estes países, acompanhadas do despertar da população para colocar fim às relações económicas desiguais, que configuram espécie de neocolonialismo, auguram o fim de um período e o início de outro.
Angola e a República Checa têm uma relação longa e amigável. Por isso, estou muito satisfeito por Angola ser o primeiro país da África subsaariana que posso visitar como Ministro dos Negócios Estrangeiros checo.
Nos últimos meses, tenho dedicado uma grande parte do meu tempo às actividades de apoio à Ucrânia, um país que fica apenas a 400 quilómetros de distância da República Checa. Os esforços incansáveis de Moscovo para ocupar o território ucraniano, juntamente com os ataques de mísseis contra civis, a destruição de hospitais, escolas e infra-estruturas essenciais, levaram a República Checa a oferecer uma ajuda. No meio destas tarefas urgentes, fico muito contente por poder visitar Luanda.
Tal como apoiamos actualmente a liberdade e a independência da Ucrânia, o nosso país tem apoiado fortemente a liberdade e a independência dos países africanos, incluindo Angola. A nossa cooperação bilateral atingiu o seu primeiro pico no período entre a independência de Angola em 1975 e o início dos anos 90, quando Angola era uma das prioridades da política externa da Checoslováquia.
Ajudámos a Angola a construir uma série de indústrias: energia, produção de papel, tratamento de madeira, indústria têxtil e couro, calçado, silvicultura. A Checoslováquia forneceu equipamento tecnológico para empresas industriais, tais como fábricas de pasta de papel e fábricas de cerveja. Também fornecemos a Angola camiões TATRA e tractoresZetor, sistemas de rega e equipamento militar. Mais de mil jovens angolanos estudaram na Checoslováquia e, mais tarde, na República Checa. Muitos deles ocupam cargos importantes em Angola e são promotores naturais da parceria checo-angolana.
Estou muito feliz que as nossas relações começaram a reavivar-se nos últimos anos. Vejo um grande potencial em aprofundar a nossa cooperação económica, razão pela qual me desloco a Angola com uma delegação comercial. Estamos a acompanhar a modernização de Angola com grande respeito. Ao mesmo tempo, vemos os esforços de Angola para afastar a sua economia de um foco unilateral na produção e exportação de petróleo.
Para uma modernização bem sucedida, Angola precisa de uma vasta gama de matérias-primas, sejam elas metais, minerais industriais ou matérias-primas para a construção. Os geólogos e peritos checos podem ajudar a encontrar depósitos destas matérias-primas e a conceber uma tecnologia de extracção e processamento amiga do ambiente. A República Checa tem também empresas de produção que podem fornecer maquinaria de qualidade para a extracção e processamento de matérias-primas. Podemos também oferecer a Angola tecnologia e conhecimentos médicos únicos, equipamento agrícola de qualidade e ajudar a construir infra-estruturas de energia e de transportes. A promoção de uma parceria económica moderna e abrangente é um dos principais objectivos da minha viagem.
A República Checa tem sido um parceiro de longa data e fiável de Angola na indústria de segurança e defesa. Os especialistas checos mereceram a confiança durante a revisão dos aviões angolanos L-39. Estamos cientes do envolvimento crescente de Angola na paz e na segurança, quer em Moçambique quer na região dos Grandes Lagos. A República Checa está pronta a apoiar o papel estabilizador de Angola em África, partilhando os nossos conhecimentos, formação e armamento de última geração.
A República Checa está bem ciente das terríveis consequências da agressão da Rússia contra a Ucrânia em todo o mundo. Infelizmente, é a África que está a suportar o peso desta situação. A guerra contribuiu para a escassez de alimentos e energia e para o aumento dos preços - tanto em África como na Europa, incluindo a República Checa. A guerra da Rússia estendeu-se à utilização do comércio de cereais como uma arma, impedindo a Ucrânia de exportar os seus produtos.
Estou ciente de que os Estados africanos, no espírito da atitude do Movimento dos Não-Alinhados, favorecem frequentemente a neutralidade. Não venho a África para impor as minhas opiniões aos nossos parceiros. Como Ministro dos Negócios Estrangeiros de um país que viveu durante décadas sob o domínio político do Kremlin e foi militarmente ocupado pela Rússia, ofereço a nossa perspectiva e partilho a nossa experiência do imperialismo e do neocolonialismo russos. A República Checa, juntamente com toda a União Europeia, está ansiosa por trabalhar lado a lado com Angola como uma equipa e por lutar por um futuro melhor para África. Estou convencido de que a República Checa e Angola podem trabalhar em conjunto para uma paz e prosperidade duradouras, para o bem-estar dos nossos cidadãos.
Jan Lipavský*
*Ministro dos Negócios Estrangeiros
da República Checa
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