Assinala-se hoje, 6 de Fevereiro, a data da morte do Ohamba (rei) Mandume Ya Ndemufayo, que se suicidou em 1917, depois de resistir com tenacidade à invasão estrangeira. “Mandume Ya Ndemufayo teve uma morte heróica e demonstrou ser um líder com qualidades invulgares; a pátria antes de tudo, a soberania e integridade territorial estavam além das suas ambições pessoais, por isso deu a sua vida às causas mais profundas do povo Oukwanyama e da região vizinha”, diz em entrevista o historiador Tiago Caungo Mutombo.
Hoje, às 15 horas, no Arquivo Nacional, o historiador José Manuel da Silveira Lopes defenderá em palestra as razões que o levaram a interessar-se, profundamente, pela história política angolana, resultando na publicação de dois ensaios, respectivamente “O Cónego Manuel das Neves – Um Nacionalista Angolano (Ensaio de Biografia Política)”, lançado em 2017, e “Lutem Até Alcançarem a Liberdade”, de 2021. “Se o meu trabalho tem alguma importância, é o facto de ser feito por uma pessoa independente de quaisquer filiação política.
O Instituto Superior de Ciências da Educação do Uíge tornou-se na primeira instituição de Ensino Superior na província, a eleger o seu presidente, facto ocorrido em Abril do ano passado, que serviu para a eleição do gestor da instituição, com uma agenda virada para a formação focada no mercado de emprego. Em entrevista, Mona Panzo realçou ainda o retorno aos cursos de Mestrado, a extinção de cursos de Licenciatura e a promoção da investigação científica.
O senhor foi eleito o primeiro presidente do ISCED, embora tenha estado à frente da sua direcção de forma interina por alguns anos. Que compromisso assumiu perante a comunidade académica desta instituição?
A nossa gestão pretende trazer muitas novidades em muitos domínios da gestão. Estamos a lutar para dar corpo a um projecto que se destina a munir todas as salas com um computador dentro e também um electro-projector fixo, para que o professor não continue a dar aulas, usando técnicas tradicionais, mas que funcione, também, com o recurso às novas tecnologias.
Que quadros tem o primeiro presidente do ISCED para fazer face aos problemas que vem enumerando, sobretudo na actividade docente?
Temos um ISCED onde a classe dos licenciados é a maioria e não podemos deixar uma instituição do Ensino Superior com 80 por cento de professores licenciados. Por isso, já estamos a investir na formação de professores a nível do Mestrado e Doutoramento, através da criação de um plano de formação docente. Temos cursos onde não há nenhum professor doutor, como os cursos de Geografia, de Física e de Inglês onde ninguém é PhD. Isto preocupa- nos, por ser uma instituição vocacionada à formação de licenciados, mestres e doutores
Pode fazer uma descrição da situação geral do ISCED relativamente aos desafios da instituição que dirige?
O ISCED é a primeira instituição do Ensino Superior na província do Uíge, criada em 1997. O nosso estabelecimento de ensino continua a ser ainda a escola mais privilegiada em termos de formação de professores a nível superior. Hoje, é um instituto que entrou numa fase de democratização do Ensino Superior, desde os anos passados, mas que viu o seu ponto mais alto a efectivar-se no mês de Abril de 2022, com a realização das suas primeiras eleições. Antigamente, os directores-gerais eram nomeados por Despacho do Ministério. Agora temos um ISCED em que o gestor máximo já não é nomeado, mas eleito. Quanto à nossa gestão, fomos eleitos em Abril do ano passado e, desde então, estamos a "militar” por um ISCED que conjugue entre o ensino, investigação e extensão universitária. Desde cedo percebemos que herdamos um ISCED onde as práticas do ensino ficaram muito tempo desassociadas das práticas de investigação científica e por conseguinte com a extensão universitária.
O ISCED experimentou e consumou dois cursos de Mestrado e depois parou. Não existem condições para continuar ou terão outras ideias?
A formação a nível de Mestrado não pode parar. Até porque faz parte da finalidade do ISCED, que por natureza é um instituto superior universitário, o que quer dizer que tem a competência de formar os licenciados, mestres e doutores. As duas edições que tivemos aqui de Psicologia Escolar e Pedagogia não deram sequência até aqui por causa de algumas mudanças que ocorrem a nível do próprio país. Hoje, pretende-se um curso de Mestrado que tenha ligação com o curso de Licenciatura. O que está em carteira neste momento é o curso de mestrado em Ensino de Língua Portuguesa e Mestrado em Educação Primária. Por isso, no próximo ano, se tudo der certo, teremos Mestrados em Ensino de Língua Portuguesa, em Educação Primária e também em ensino de Línguas e Culturas Africanas.
Disse que contam, neste momento, com 13 cursos e, no próximo ano académico, terão apenas 12. Cai um curso?
Sim, pelo menos já saíram os cursos de Psicologia e Pedagogia e no próximo ano sai totalmente o curso de Filosofia. Neste momento, a Filosofia está em fase de descontinuidade. O nosso mercado pouco precisa de professores de Filosofia, actualmente. Por isso, não queremos continuar a formar para o desemprego. Temos de formar para que amanhã os formados encontrem emprego.
Qual é o número de estudantes que se encontram em fase de saída, ou seja, os do quarto ano e os que se encontram na fase de produção de monografia de fim de curso?
Anualmente, o ISCED forma entre 700 a mil licenciados por ano. Esse número parece estático mas dificilmente temos menos de 700 estudantes que obtêm a Licenciatura e também dificilmente chegamos a 1500. Agora, com a saída dos cursos de Psicologia e Pedagogia, o número de licenciados aumentou. Isso aumentou o número de licenciados candidatos à saída.
Tem havido um défice quanto à publicitação dos trabalhos de investigação, através de revistas ou outras publicações especializadas. O que tem o senhor presidente a dizer sobre esse assunto? O ISCED não pode ter uma revista que possibilite que os resultados destas investigações científicas sejam publicadas?
Sim. Neste momento o ISCED já criou uma secção de edição e divulgação científica. Essa secção apareceu através do novo estatuto que temos hoje no ISCED. Já tivemos aqui uma revista que se chamava "Ngindu za Nlongi” (Pensamento dos Professores). Os professores do ISCED vão publicar sim, mas queremos fazê-lo com muito rigor. Nesta revista poucos professores estarão a publicar.
Pouco a pouco vão sendo ouvidas preocupações para o estabelecimento de núcleos das universidades em municípios, o ISCED tem alguns projectos neste sentido?
A criação de núcleos é
problema do Ministério de tutela. O ISCED nem pode ter esse interesse porque
não faz parte dos seus objectivos, porque teremos de colocar lá professores e
nós não pagamos professores. Quem paga o professor é o Ministério do Ensino
Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação. Temos que criar salas e o ISCED não
constrói, quem constrói é o Governo.
Breve perfil
O professor associado Mona Panzo, de 43 anos, é doutorado em Ciências da Linguagem–Linguística, pela Universidade "Franche-Comte (Besançon/França)”, depois de ter obtido o mestrado, em Didáctica de Francês, numa parceria entre o ISCED/Luanda e a Universidade Franche-Comte, uma Pós-Graduação pela Universidade Aberta de Portugal e Licenciatura em Ciências da Educação, na opção de Didáctica pela Universidade Agostinho Neto (ISCED).
Depois da sua primeira formação superior Mona Panzo se dedica, desde o ano de 2009, à docência, leccionando e investigando na vertente da Ciência da Linguagem, nas áreas da Didáctica de Línguas, da Sociolinguística e Dialectologia, da Didáctica das Línguas e Linguística Aplicada ao ensino da Língua Portuguesa, esta última desde 2018.
O mesmo fala e escreve fluentemente as línguas portuguesa, francesa, inglesa e Kikongo.
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