Estamos habituados a ver jornalistas a abandonarem o métier depois de uma carreira mais ou menos longa para se tornarem advogados, juristas, médicos, políticos, treinadores desta ou daquela modalidade desportiva, enfim, a reinventarem-se profissionalmente, em busca da melhor maneira de se auto-realizarem na vida. Álvaro Macieira era um jornalista de referência nacional e internacional, engajado sobretudo na área cultural. Imprimiu a sua marca profissional, como jornalista, na Angop, Rádio Nacional de Angola, Televisão Pública de Angola, Jornal de Angola e BBC. As suas reportagens e entrevistas tinham considerável impacto entre os agentes e os decisores culturais e os artistas e o público em geral. E também revelou-se como escritor e consultor cultural.

Em 2000, para a mais completa surpresa de muitos, ganhou o Prémio Ensa Arte de Pintura, surgindo para as luzes da ribalta como o artista plástico que é. Versátil, eclético, dono de uma produtividade assente numa exemplar cultura de trabalho e numa liberdade de criação que, baseada nos valores endógenos, não lhe impede de levantar os olhos para o Mundo e beber o que de melhor a História da Arte tem a oferecer. Os seus quadros são assim uma síntese da cultura que ele tem entranhada em si, mas também das suas reflexões e filosofia de vida.  Em suma, da sua viagem existencial por este mundo.

Na exposição "Angola Kiesse”, que abre na próxima quinta-feira e encerra no dia 30 de Junho, no Palácio de Ferro, Álvaro Macieira apresenta ao público o estado da sua arte, o resultado pictórico das suas peregrinações físicas e espirituais, a súmula do seu pensamento e do seu fazer artísticos. É caso para dizer que é "obrigatório” ir testemunhar "Angola Kiesse”, a mais recente proposta de um dos artistas angolanos mais importantes do nosso tempo.

De 02 de Maio a 30 de Junho Palácio de Ferro, Luanda