Em diferentes ocasiões, vimos como o mercado angolano reage em sentido contrário às hipóteses académicas, avançadas como argumentos para justificar a tomada de certas medidas no âmbito da reestruturação da economia ou do agravamento da carga fiscal.
O conceito de Responsabilidade Social teve grande visibilidade desde os anos 2000, e tornou-se mais frequente depois dos avanços dos conceitos de desenvolvimento sustentável. Portanto, empresas socialmente responsáveis nascem do conceito de sustentabilidade económica e responsabilidade social, e obrigam-se ao cumprimento de normas locais onde estão inseridas, obrigações que impactam nas suas operações, sejam de carácter legal e fiscal, sem descurar as preocupações ambientais, implementação de boas práticas de Compliance e Governação Corporativa.
“Toda grande caminhada começa com um simples passo”. Esta frase de Buda é interessante para a nossa abordagem de hoje, que tem a ver com os passos dados para a busca de uma solução para os conflitos no continente africano.
Quando iniciou a campanha diplomática angolana para colocar as primeiras pedras na construção dos caminhos para a pacificação no Leste da República Democrática do Congo, uma nuvem de cepticismo se ergueu sobre a mente de determinadas pessoas. É natural, se tivermos em conta que nem todos pensam da mesma forma e o confronto dialéctico entre o positivismo e o negativismo sempre fará morada entre os homens.
Da mesma forma que houve a manifestação de fé e crença em bons resultados, houve a posição de dúvida e até mesmo de torcer para as coisas não darem certo, de "apertar o dedo no chão”, como se diz na gíria. Mas a verdade é que quando as coisas começam a ser bem-feitas não há como não dar certo, sobretudo quando a motivação não é pessoal, mas em prol da Humanidade.
Para gáudio de muitos, foi anunciado para terça-feira passada, dia 7 de Março, o início do cessar fogo como resultado da mediação angolana do conflito no leste da República Democrática do Congo, cuja fiscalização de cumprimento seria assegurada pelo Mecanismo 'Ad Hoc' de Verificação.
De acordo com a decisão da Mini Cimeira sobre a paz e segurança na região dos Grandes Lagos, realizada em Addis Abeba, Etiópia, em Fevereiro de 2023, Angola, em coordenação com o ex-Presidente do Quénia, Uhuru Kennyatta, foram designados pela Comissão da África Oriental a manter contacto com a liderança do grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23), no sentido de transmitirem as decisões saídas da Mini Cimeira.
Entretanto, sucessivas informações são veiculadas dando conta de um pretenso fracasso do processo, sustentado nas notícias de movimentações de forças e acções do grupo M23 em algumas áreas da RDC, quando as posições deveriam ser mais apontadas no sentido do incentivo aos esforços para que a paz chegue àquela região.
O processo está em marcha e para quem viveu idêntica experiência sabe que o cessar fogo não se processa na perfeição divina. Surgem, durante a marcha do processo, incidentes, mas que não inviabilizam o seu sucesso.
É compensatório ouvir o reconhecimento do trabalho feito, sobretudo vindo de pessoas com idoneidade. Anima e alimenta o desejo de continuar os esforços empreendidos na materialização de um projecto que a todos beneficia. A paz no continente africano proporciona benefícios para o mundo inteiro.
É verdade que a diplomacia angolana ganha reconhecimento internacional pela dinâmica imprimida no papel de mediação e resolução de conflitos pela via do diálogo na Região dos Grandes Lagos, na África Central e na SADC. Mas quem mais ganha são as populações que vivem na pele e na carne os horrores da guerra, a falta de alimentos, medicamentos e outras vicissitudes próprias de um ambiente de instabilidade.
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LoginA ideia segundo a qual Portugal deve assumir as suas responsabilidades sobre os crimes cometidos durante a Era Colonial, tal como oportunamente defendida pelo Presidente da República portuguesa, além do ineditismo e lado relevante da política portuguesa actual, representa um passo importante na direcção certa.
O continente africano é marcado por um passado colonial e lutas pela independência, enfrenta, desde o final do século passado e princípio do século XXI, processos de transições políticas e democráticas, muitas vezes, marcados por instabilidades, golpes de Estado, eleições contestadas, regimes autoritários e corrupção. Este artigo é, em grande parte, extracto de uma subsecção do livro “Os Desafios de África no Século XXI – Um continente que procura se reencontrar, de autoria de Osvaldo Mboco.
A onda de contestação sem precedentes que algumas potências ocidentais enfrentam em África, traduzida em mudanças político-constitucionais, legais, por via de eleições democráticas, como as sucedidas no Senegal, e ilegais, como as ocorridas no Níger e Mali, apenas para mencionar estes países, acompanhadas do despertar da população para colocar fim às relações económicas desiguais, que configuram espécie de neocolonialismo, auguram o fim de um período e o início de outro.
Trata-se de um relevante marco o facto de o Conselho de Ministros ter aprovado, na segunda-feira, a proposta de Lei dos Crimes de Vandalismo de Bens e Serviços Públicos, para o envio à Assembleia Nacional que, como se espera, não se vai de rogada para a sancionar.
Dois efectivos da Polícia Nacional foram, quinta-feira, homenageados, pelo Comando Municipal de Pango Aluquém, por terem sido exemplares ao rejeitarem o suborno no exercício das actividades, na província do Bengo.
Vasco Lourenço, um dos capitães de Abril que derrubaram a ditadura salazarista há 50 anos em Portugal, foi hoje recebido em Lisboa pelo Chefe de Estado angolano, João Lourenço, na qualidade de Presidente da Associação 25 de Abril.
A responsável pela Secção de Crimes contra o género da Polícia Nacional, Intendente Sarita de Almeida, realizou, quinta-feira, em Juba Central Equatorial State, no Sudão do Sul, um Workshop sobre Direitos Humanos e Protecção Infantil.