Opinião

Um processo irreversível

“Toda grande caminhada começa com um simples passo”. Esta frase de Buda é interessante para a nossa abordagem de hoje, que tem a ver com os passos dados para a busca de uma solução para os conflitos no continente africano.

15/03/2023  Última atualização 06H00

Quando iniciou a campanha diplomática angolana para colocar as primeiras pedras na construção dos caminhos para a pacificação no Leste da República Democrática do Congo, uma nuvem de cepticismo se ergueu sobre a mente de determinadas pessoas. É natural, se tivermos em conta que nem todos pensam da mesma forma e o confronto dialéctico entre o positivismo e o negativismo sempre fará morada entre os homens.

Da mesma forma que houve a manifestação de fé e crença em bons resultados, houve a posição de dúvida e até mesmo de torcer para as coisas não darem certo, de "apertar o dedo no chão”, como se diz na gíria. Mas a verdade é que quando as coisas começam a ser bem-feitas não há como não dar certo, sobretudo quando a motivação não é pessoal, mas em prol da Humanidade.

Para gáudio de muitos, foi anunciado para terça-feira passada, dia 7 de Março, o início do cessar fogo como resultado da mediação angolana do conflito no leste da República Democrática do Congo, cuja fiscalização de cumprimento seria assegurada pelo Mecanismo 'Ad Hoc' de Verificação.

De acordo com a decisão da Mini Cimeira sobre a paz e segurança na região dos Grandes Lagos, realizada em Addis Abeba, Etiópia, em Fevereiro de 2023, Angola, em coordenação com o ex-Presidente do Quénia, Uhuru Kennyatta, foram designados pela Comissão da África Oriental a manter contacto com a liderança do grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23), no sentido de transmitirem as decisões saídas da Mini Cimeira.

Entretanto, sucessivas informações são veiculadas dando conta de um pretenso fracasso do processo, sustentado nas notícias de movimentações de forças e acções do grupo M23 em algumas áreas da RDC, quando as posições deveriam ser mais apontadas no sentido do incentivo aos esforços para que a paz chegue àquela região.

O processo está em marcha e para quem viveu idêntica experiência sabe que o cessar fogo não se processa na perfeição divina. Surgem, durante a marcha do processo, incidentes, mas que não inviabilizam o seu sucesso.

É compensatório ouvir o reconhecimento do trabalho feito, sobretudo vindo de pessoas com idoneidade. Anima e alimenta o desejo de continuar os esforços empreendidos na materialização de um projecto que a todos beneficia. A paz no continente africano proporciona benefícios para o mundo inteiro.

É verdade que a diplomacia angolana ganha reconhecimento internacional pela dinâmica imprimida no papel de mediação e resolução de conflitos pela via do diálogo na Região dos Grandes Lagos, na África Central e na SADC. Mas quem mais ganha são as populações que vivem na pele e na carne os horrores da guerra, a falta de alimentos, medicamentos e outras vicissitudes próprias de um ambiente de instabilidade.

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