Diz-se que constitui um gesto de fraqueza o exercício de se queixar aos entes e e organizações estrangeiros sobre os problemas da nossa terra, para depois receber como resposta a exortação óbvia segundo a qual “as soluções devem ser encontradas entre vós mesmos”, da mesma maneira como as sucessivas iniciativas externas para acabar com a guerra se comprovaram ineficazes.
A 22 de Dezembro de 1998, tive o privilégio de publicar neste jornal uma crónica de 500 palavras com o título “Amor de Gigantes”, a propósito de um workshop sobre a Saúde e a Comunicação Social nos PALOP e na Guiné-Equatorial, que decorreu na pitoresca cidade de Maputo, por iniciativa do Escritório Regional Africano da Organização Mundial da Saúde (OMS). Para quem se lembra, a comunicação social estava na moda e os “Quinhentos” também.
Inspirei-me na brilhante intervenção do Secretário-Geral do Sindicato dos Jornalistas Moçambicanos, um jovem que naquela altura me pareceu promissor e visionário e que me havia impressionado pela clareza de pontos de vista sobre a crescente importância estratégica da Comunicação Social, face a "Questões Centrais” na altura, muitas das quais continuam actuais, tais como: a liberdade de imprensa, a boa governação e o investimento na saúde e na educação.
No fim do workshop, saí de Maputo entusiasmado não só pela qualidade dos debates, entre nós, profissionais da comunicação, mas também pela clareza dos objectivos traçados e pelas inúmeras oportunidades para os jornalistas presentes.
O "Amor de Gigantes” terminou sendo um vibrante apelo e uma proposta irrecusável aos Chefes de Estado Africanos para que aceitassem "colocar a Educação para a Saúde das suas populações no topo dos jornais, rádios e cadeias de TV, promovendo comportamentos saudáveis, contra o flagelo de doenças então dominantes e a gritante ignorância à volta delas». Objectivos nobres, para uma geração visionária, numa época em que tanto se falava de "Saúde para Todos…”, de investimentos na Educação e da luta contra a pobreza, como premissas vitais para o desenvolvimento.
Quase vinte e seis anos depois, Moçambique parece chamar-nos à atenção para o que havia sido dito sobre o "Amor de Gigantes” entre uma tríade de políticos, povos da região e a comunicação social neste meio século de independências, frente aos desafios de sempre.
Desta vez, a "Questão Central” foi a escolha da FRELIMO, partido com responsabilidades históricas no contexto dos PALOP, que exibiu imagens de um gigante em carne e osso para responder aos grandes desafios de ontem e de hoje. Se a escolha de um sucessor era uma séria incógnita, um nome saiu do silêncio e do anonimato: chama-se Daniel Francisco Chapo, 47 anos, o actual Governador da Província de Inhambane, jurista, professor universitário, ex-profissional da comunicação social e candidato a Presidente da República às eleições gerais de 9 de Outubro de 2024; uma esperança para se enfrentar o peso e as expectativas de tantos desafios que o país irmão enfrenta, como os demais do PALOP.
Como jornalista, terá ele ouvido, em 1998, o apelo de Maputo sobre o "Amor de Gigantes”?
Depois dos sonhos e ideais com líderes como Machel, Chissano, Guebuza e Nyusi parece ter chegado a "Chapa” do Chapo, para se fazer jus à gíria dos nossos irmãos do Índico. Mas, se há 26 anos a expressão "Amor de Gigantes” inspirou-nos e galvanizou-nos intensamente na caminhada rumo a objectivos tão nobres para a Saúde, a Educação e o Desenvolvimento, também queria acreditar que hoje, em 2024, a gigante "Chapa” de Moçambique nos vai inspirar a apostar em balizas e paradigmas mais ambiciosos, capazes de injectar novo ânimo a este verdadeiro "Amor de Gigantes”, nestes 50 anos do pós-independência.
"Será que a ‘Geração de Jornalistas do Chapo’ vai personificar novos amores de gigantes no tão desejado acerto entre a política e as aspirações dos nossos povos?”, é a pergunta deste meio século.
Tal como em 1998, quero acreditar que sim. Quero acreditar ardentemente que em termos de base social, e de cidadania, todos teremos direito a uma melhor atenção que faça jus aos sonhos e ideais do passado: mais qualidade na saúde, melhor educação, soluções contra a pobreza e crença no desenvolvimento!
Sabemos que a política não é um doce de coco e isto está explícito nos livros de cabeceira e de prateleira, de hoje e dos tempos antigos: é arte, é ciência, é força, é flexibilidade, é um jogo que exige dom e qualidades excepcionais; traz alegrias, mas também tortura! Nada se improvisa, mas tudo se planifica!
E, este desiderato é para os actores e parceiros de todos os cenários! E eles não podiam ser outros senão os líderes, as cúpulas, os grupos de pressão e todos quantos hão-de ter o mérito de ter parado o mundo no dia "D” para que as atenções do nosso universo estejam viradas para uma palavra mágica e um espaço geopolítico tão maravilhoso e tão promissor: a África, e os PALOP, que podem fazer a diferença com este maravilhoso apelo de Maputo que foi o "Amor de Gigantes”!
(*) Adaptação da crónica publicada no Jornal Savana, Moçambique, com o mesmo título, aos 11 de Maio de 2024
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