Opinião

Sangue, suor e lágrimas com as cores de Angola

Honorato Silva

Jornalista

Com sangue, suor e lágrimas, Ângelo Victoriano inscreveu o nome na lista dos “imortais” da história de Angola Independente. Foi um combatente destemido do desporto que, nos campos de batalha de África e do Mundo, deixou tudo dentro das quatro linhas, em defesa de um objectivo maior: o sucesso colectivo, para a alegria do povo, cuja autoestima foi alimentada, durante anos, pelas conquistas do basquetebol.

16/04/2024  Última atualização 07H55
O final de semana chegou triste. Na frieza de um sábado aziago, que amanheceu com a notícia da sua partida para a outra dimensão da vida, depois de travar uma árdua luta, em busca da melhoria da saúde. Mas apenas parte a matéria, porque o espírito eternizou-se na intensidade e no vigor demonstrados na defesa da pátria, através da disputa de cada lance, numa entrega transformada, no final, em conquistas continentais e prestígio à escala planetária.

Hoje o país chora a morte de um filho amado, a qual talvez não tenha dignificado na proporção da obra feita, em prol do bem comum, pelo que se impõe acarinharmos mais os nossos heróis sociais, de modo a evitar que nos sintamos profundamente dilacerados, diante do infortúnio, face à cobrança da nossa consciência, por termos ficado aquém na obrigação de reconhecer e amparar os operários da satisfação colectiva dos angolanos.

A conquista de oito títulos africanos, nos Afrobasket de Luanda’1989, Cairo’1991, Nairobi’1993, Argel’1995, Luanda’1999, Argel’2001, Alexandria’2003 e Argel’2005; as quatro presenças em edições do Campeonato do Mundo, no caso Argentina’1990, Canadá’1994 e Estados Unidos’1998, bem como igual número de disputa dos Jogos Olímpicos; Barcelona’1992 (Espanha), Atlanta’1996 (Estados Unidos), Sidney’2000 (Austrália) e Atenas’2004 (Grécia), valeram a Ângelo Victoriano a entrada para o  Hall of Fame (Passeio da Fama), em Springfield, Massachusetts,  Estados Unidos, no ano passado.

Em meio a tristeza que se apossou dos nossos corações, a razão sinaliza a necessidade de prestarmos atenção às figuras de mérito carentes de apoio, com vista a desfrutarem, entre nós, do país que ajudaram a erguer. Aliás, por ser uma pessoa de profunda sensibilidade, no quesito do reconhecimento dos efeitos alcançados no desporto, o ministro Rui Falcão tem a incumbência de tirar do papel e tornar realidade, provavelmente no Estádio Nacional 11 de Novembro, conforme sugeriu o jornalista Carlos Pacavira, o "Passeio da Fama” dos desportistas angolanos.

Como Ângelo, agora chorado na eterna saudade, estão outros criadores de sonhos do povo, que num momento muito particular da história do país criaram em cada irmão a certeza de esperança em dias melhores, com o seu talento para o desporto e as artes, como é o caso da música, pois as suas obras foram catapultadas ao nível de património imaterial.

A memória do antigo capitão da Selecção Nacional, dono de uma folha de trabalho recheada de sucesso, ao serviço do Petro de Luanda, ASA e 1.º de Agosto, será perpetuada no tempo, pela dimensão do legado, com a singularidade de ter sido uma pessoa de afectos. Paz à sua alma!   

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