Diz-se que constitui um gesto de fraqueza o exercício de se queixar aos entes e e organizações estrangeiros sobre os problemas da nossa terra, para depois receber como resposta a exortação óbvia segundo a qual “as soluções devem ser encontradas entre vós mesmos”, da mesma maneira como as sucessivas iniciativas externas para acabar com a guerra se comprovaram ineficazes.
À semelhança do que acontece noutras ciências, a medicina está em constante evolução e, com o advento das tecnologias digitais, esse progresso vem acelerando cada vez mais.
Ainda que não sejamos especialistas da área, é fácil notar o avanço tecnológico na medicina, trazendo inúmeros benefícios, não só para os pacientes (menos sofrimento e mais comodidade), mas também para os médicos (mais facilidade no trabalho).
De acordo com o relatório "O futuro desmascarado. Prevendo o futuro da saúde e das ciências da vida em 2025”, a indústria da telemedicina em todo o mundo terá um crescimento de 19,3 por cento até 2025, além de um aumento de 15,5 por cento no mercado global de diagnóstico, até 2030.
O mesmo documento, citado no ‘site’ da Associação portuguesa para o Progresso da Direcção de Empresas (APD), refere que, até ao final do ano passado, os gastos anuais no mercado global de atendimento geriátrico (cuidados domiciliares, monitorização remota de pacientes, etc.) terão ultrapassado 1,4 biliões de dólares.
A Tractica – uma empresa de inteligência de mercado com foco na interacção humana com a tecnologia – elaborou uma pesquisa divulgada, em Agosto de 2018, no portal Business Wire. O estudo aponta que o mercado da Tecnologia da Informação e Inteligência Artificial deve movimentar, até ao próximo ano, cerca de 34 biliões de dólares só no sector da Saúde.
Estes são apenas alguns dados que indicam que o sector da Saúde, nomeadamente a Medicina, está em constante modernização e tem sido preocupação dos governos. Certamente para acompanhar este passo, o Executivo angolano, que tem o sector da Saúde como uma das principais prioridades, já pensa implementar, em breve, dentro do Sistema Nacional de Saúde (SNS), a técnica da cirurgia robótica.
Também chamada de cirurgia laparoscópica assistida por robots, a cirurgia robótica é, de acordo com o urologista Lucas Burttet, um procedimento minimamente invasivo, através do qual o cirurgião manipula um robot para realizar incisões, ressecções e reconstruções.
Segundo ainda o médico urologista brasileiro, este tipo de técnica, vista como uma evolução da laparoscopia, também apresenta vantagens em relação à cirurgia aberta, sendo menos invasiva e tendo, possivelmente, menos sangramentos, recuperação mais rápida e menor tempo de internamento. No mesmo dia ou no seguinte, o paciente pode ter alta médica, voltar para casa e retornar às suas actividades diárias, referiu, a propósito, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta.
Para a materialização do desiderato do Governo angolano esteve, na semana finda, no país, uma equipa de especialistas em Cirurgia Robótica do Global Robotics Institute – AdventHealth, dos Estados Unidos da América, para estudo, avaliação e futuro treinamento dos técnicos angolanos. A equipa foi, inclusive, recebida em audiência pelo Presidente João Lourenço, a quem assegurou de que o país dispõe de condições para implementar este serviço médico.
Os especialistas norte-americanos visitaram algumas unidades hospitalares nas províncias de Cabinda, Bengo e Luanda. Na capital do país, constataram o funcionamento do Hospital Geral de Viana, recentemente inaugurado, e o Complexo Hospitalar de Doenças Cardiopulmonares Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, onde, possivelmente, será implementado o Programa Angolano de Cirurgia Robótica e servirá como centro de treinamento.
O país já realiza cirurgia de laparoscopia, mas a implementação da cirurgia robótica será como a cereja no topo do bolo. Com ela, o país vai marcar mais um passo importante na sempre necessária inovação do SNS.
As negociações com o Global Robotcs Institute ainda continuam, mas a ministra Sílvia Lutucuta acredita na implementação desta técnica no país, até porque os especialistas norte-americanos concluíram que muitas unidades hospitalares já estão preparadas, carecendo apenas de outros equipamentos.
Apesar de ainda não se saber quanto deverá ser gasto, encorajamos as partes a chegarem a acordo porque a cirurgia robótica vai não só revolucionar o SNS, como sobretudo melhorar o sistema de tratamento do cancro no país, cujo número de casos e mortes continuam a aumentar. Por isso, concluimos com um apelo: que venha a cirurgia robótica!
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