Cultura

Público aprova canções da EP do músico Hélder Kimoneka

Homenagens ao músico Lisboa Santos, falecido em Dezembro de 2023, e à vendedeira ambulante marcaram, sábado, o concerto do cantor e compositor Hélder Kimoneka, no Espaço Aplausos, na Centralidade do Sequele, em Luanda.

09/04/2024  Última atualização 09H20
Artista multifacetado tem criado as próprias músicas e durante o espectáculo interagiu com o público durante duas horas © Fotografia por: DR

As referências ao artista forjado na Década de Ouro da Música Angolana e à vendedeira de peixe fazem parte de dois dos 12 temas interpretados no concerto de apresentação da EP do jovem cantor, com previsão de lançamento para o mês de Julho.

Na canção "Ngana Nzambi”, cantada em kimbundu, kikongo e lingala, o músico pede protecção divina ao espírito daquela que foi uma figura inspiradora para a sua carreira e agradece os momentos com ele partilhados. O artista interpretou uma nova versão da balada, cujo original é um dueto gravado em 2020 com Lisboa Santos.

Em "Mamã Peixeira”, interpretada em português e kikongo, o músico faz referência às lutas travadas diariamente pelas mulheres, que percorrem muitos quilómetros a pé à procura do sustento para os filhos.

A música, cantada no género afro jazz, fala da coragem das mulheres zungueiras de peixe e a admiração que por elas nutre. "É uma homenagem pela admiração que tenho de todas essas lindas guerreiras, que dependem deste negócio para sobreviver, mas que, apesar de peripécias por que passam, conseguem sustentar a família e formar os filhos”, disse reconhecido, quando confrontado para falar sobre os temas.

Interpretados em kikongo, umbundu, lingala, português e inglês, nos géneros kilapanga, afro jazz, afrobeat, soul music, blues e afro pop, os temas transmitem mensagens de amor, fé e esperança, tendo recebido grande ovação, numa clara aprovação do grande público.

Hélder tem agora a difícil missão de escolher, entre os temas apresentados, quais devem incluir na EP, um projecto que deve incluir apenas seis faixas musicais.

O músico admitiu, em declarações ao Jornal de Angola, dificuldades para montar o repertório do álbum, cuja previsão de lançamento é o mês de Julho próximo.

Segundo Hélder Kimoneka, o seu primeiro registo discográfico será digital e foi pensado para incluir, apenas, seis músicas. Diante da boa recepção do público, disse, acaba por ficar dividido entre uma e outra música. "Todas as músicas foram bem-recebidas, parecendo serem já conhecidas do público. E apesar de ter muitas músicas já feitas, dediquei-me a finalizar 12 para reparti-las em dois projectos semelhantes, que devem ser disponibilizados num intervalo de seis meses a um ano”, explicou.

Constrangimentos no espectáculo

Com atraso de mais de uma hora, o concerto teve duas horas de música acústica, no segmento black music. Acompanhado pela banda formada pelos músicos Rid Bass (baixo), Smith (teclado), John (percussão), Adilson Batera (bateria), Kiesse (guitarra ritmo), Silvina (coros), o show teve a participação dos músicos GFS Wiliam Sax, Axel Zola, Cláudio Rosário e Luwawa. Hélder Kimoneka (voz e violão) foi efusivamente aplaudido, levando algumas vezes o público ao palco.

Exposição mostra a outra faceta do artista Kimoneka

A produção do concerto montou uma exposição de três fotografias feitas pelo músico.

As imagen exibidas no palco, permitiram anunciar uma outra faceta artística de Hélder Kimoneka. E este amor que o artista nutre pelas lentes foi manifestado nas fotografias do pôr-do-sol, de pequenos agricultores na lavoura, de crianças enquanto se divertem e do "Cemitério dos navios”.

Solange Neto, a agente do artista, explicou que se pretendeu com as fotos mostrar ao público que não só de música respira Hélder Kimoneka, e convidar as pessoas a reflectirem sobre alguns aspectos de interesse público.

Segundo Solange Neto, a "pequena” exposição foi montada propositadamente para mostrar o outro lado artístico de Hélder Kimoneka, sublinhando que "o mesmo tem no seu acervo mais de 100 fotografias artísticas, sendo mais de 40 prontas para serem exibidas e partilhadas com o público”.

"É necessário que as pessoas percebam que estamos a falar de um artista multifacetado, que cria e compõe as suas próprias músicas e fotografias por amor”, explicou, para adiantar que brevemente o artista vai realizar a sua primeira grande exposição.

Formado em Engenharia Informática, na Índia, Hélder Kimoneka dedica-se à música por influência da mãe, tendo como preferência os géneros afro e black music, depois de curtas experiências no gospel, rap e kuduro.

Com experiências acumuladas em bares, o artista fez parte de corais de igrejas, entre as quais a Igreja Evangélica Baptista em Angola (IEBA), Igreja Nova Apostólica e Igreja Evangélica em Angola (IEA), em Cabinda, além de ter participado em diversas actividades dos movimentos literários Lev’Art e Berço Literário. A fotografia é a nova aposta do artista.

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