Opinião

Perspectivas turísticas

O sector do turismo tem ganhado uma importância decisiva nas economias mais avançadas, com uma contribuição expressiva no produto e criação de emprego, e representa cerca de 10% do PIB mundial.

05/01/2021  Última atualização 10H41
A tendência de crescimento deste sector também é justificada pela oferta de diversificação turística a nível mundial, de forma a que os cidadãos se vejam estimulados a aceder a um conjunto de bens e serviços, que, anteriormente, não usufruíam e o desejo de conhecerem novos destinos para férias.

O turismo é uma indústria com enorme potencial de crescimento em Angola. O País, pela sua cultura, biodiversidade e clima, apresenta um nível de atractividade turística apreciável, que contrasta com o estado das infra-estruturas que concorrem para o acesso e fruição da atracção turística, tais como estradas, aeroportos, sinalização, diversidade de hotéis e de equipamentos de restauração, transportes, agências de recepção (que organizam excursões), comércio local, infra-estrutura técnica de saneamento, vias de acesso e segurança, serviços, estes indispensáveis numa determinada oferta turística.

Segundo dados recentes, houve uma queda da actividade turística, sobretudo em 2019, com uma redução de 33% das entradas de turistas, o que ocasionou uma redução 15 % dos postos de trabalho associados. É importante ainda referir uma redução de 34% do investimento em novas unidades hoteleiras. O cenário desanimador permaneceu em 2020, com o efeito da Pandemia da Covid-19, que se propagou aos diversos sectores socioeconómicos. Porém, esta constatação não nos deverá pôr de braços cruzados; devemos, antes, lutar nas mais diversas esferas para erradicar os efeitos perniciosos que derivam desta pandemia.

Assim, o país tem aumentado, de forma muito modesta, o PIB do sector, mas, comparando a posição de Angola a de países africanos como Egipto, Nigéria, Quénia e África do Sul, nota-se que é preciso melhorar a posição no contexto internacional, visto ser um sector que se espera como alavanca de receitas para o estado e a entrada de divisas para o país.

De acordo com os resultados do estudo realizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2019, o sector do Turismo representava cerca de 3% do PIB, uma quota muito aquém do desejado e que pode ser trabalhada, de forma a alcançar resultados mais encorajadores para o sector. Nesta perspectiva, é importante que o Estado, municípios e a iniciativa privada entendam a importância estratégica do turismo, não apenas em termos de lucro gerado, mas no impacto benéfico que exerce a nível da geração de emprego e renda.

Deste modo, é preciso não só implementar boas politicas públicas de turismo, como também criar estratégias especificas de criação de produtos turísticos estruturados, que permitam aumentar a procura existente e consolidar o turismo, não só no que concerne ao segmento internacional, como também o turismo nacional, que deve ganhar importância, estimulando as famílias angolanas a visitarem locais pouco explorados na geografia nacional.

Estamos, certamente, perante um novo ciclo económico, que se manifesta com sinais de melhoria em alguns sectores, mas que ainda não se fazem sentir de forma a evidenciar a diversificação da economia de maneira consistente e sustentável. Portanto, a melhoria deste cenário passa, necessariamente, pelo reforço da diversificação da economia e a alteração do estrutura económica nacional, que detém, actualmente, cerca de 9.2% no sector agrícola, 65.8% na indústria e 24.6% no sector terciário.

 Devemos abandonar a ideia de que o Estado é o único promotor do desenvolvimento. Uma sociedade civil bem organizada e um empresariado activo poderão desempenhar um papel de grande importância no desenvolvimento económico, com ênfase para o sector do turismo. Este merece a máxima atenção. Uma vez que está a despontar e, por ser uma actividade sobre a qual Angola não possui tradição, até pelas especificidades que a norteiam, depende da implementação de mecanismos e incentivos.

 O sector da Construção afirma-se como uma alavanca poderosa do sector turístico nacional, uma vez que suportará a criação de infra-estruturas necessárias, levadas a cabo sobretudo pelo sector privado, incrementando todo tipo de operações que visem concretizar projectos, com recurso as Parcerias Público-Privadas (PPP). Estas parcerias trazem algumas vantagens financeiras, como controlar a despesa pública e realizar investimentos. Por outro lado, são usadas como uma forma de financiamento às empresas e repartição do risco.

 O sucesso das políticas de desenvolvimento do turismo dependerá da aposta que o país fizer ao nível do desenvolvimento de projectos de sustentabilidade à longo prazo, em detrimento de projectos de fraco alcance estratégico.

*Economista

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