Reportagem

Pequenos Negócios despertam atenções na Feira das Embaixadas

Omar Prata

A II edição da Feira Internacional das Embaixadas e Cooperação que decorreu, de 21 a 23 de Junho, em Luanda, serviu de plataforma para alguns negócios locais que despertaram as atenções dos visitantes.

26/06/2023  Última atualização 23H18
© Fotografia por: Omar Prata/Feira das Embaixadas
b Honra. Experiência. Oportunidade. Notoriedade. Expansão. Estas são palavras que congregam um sentimento partilhado entre os expositores dos vários negócios locais que o JA Online ficou a conhecer na Feira Internacional das Embaixadas e Cooperação. 
As bancadas são limpas debaixo do Sol matutino. O sorriso no rosto não oculta as gotas de suor que escorrem na pele de quem trabalha. É mais um dia de serviço, de entrega, de oportunidade. 
A Sintomas Cocktail tem loja fixa, localizada, no bairro Mutemba, no Camama, está no mercado há quatro, cinco anos, afirma o jovem funcionário, Délcio da Silva Jorge.


Sublinha que "é uma honra estar neste lugar" e que "para expandir a nossa marca, estamos em feiras, casamentos, festas, qualquer tipo de eventos". 
Explica, igualmente, que a presença nesta feira não foi aleatória, uma vez que "na maioria das vezes somos convidados, porque somos procurados", porém há vezes em que "pagamos uma taxa" para participar em alguns lugares. 
Embora seja um desafio servir "a pessoas importantes, de alto nível", não vira a cara a "mais uma batalha" e declara que enquanto barman, quer garantir que os clientes gostem do serviço, "porque damos o nosso melhor". 



Na bancada seguinte, outro funcionário mostra-se de braços abertos para nos receber com uma toca posta e as luvas calçadas. 

Apresenta-se como Manuel Carruagem e faz saber que a Loudema, empresa que representa, vende "croquetes, empadas, coxinhas e chamuças" e que os salgados "são a nossa especialidade".



O negócio, também, tem loja fixa e está situado, no Maculusso, há mais de oito anos, defronte à escola de condução Académica. 


Comprámos duas chamuças que custaram cada 650 Kwanzas e partimos para o último posto, o bar móvel Dimbuene, onde se encontrava Ezequiel Dimbuene, o proprietário do "stand" e o ajudante, a preparar mais um cocktail. 








O calor que se faz sentir cria a necessidade de um local como este onde as pessoas possam beber "algo fresco e diferente", como os sumos naturais que espera que tragam "uma satisfação enorme" e regozija-se pelo facto de desde que tem o bar, há um ano, não tenha aparecido nenhum cliente a reclamar que tenha bebido um cocktail e se tenha sentido mal. 


Entre os preferidos destaca o sumo de força que tem como base maracujá. "A base principal é maracujá, coloco mel e gengibre e hortelã".
Aponta o desejo de "crescer mais", que "as pessoas conheçam mais os meus produtos" e aventurar-se "nas demais províncias". 
Dá a entender que não tem medo de arriscar e que se tiver que pagar 50 mil Kwanzas para entrar numa feira, paga esse valor, sem se importar no ganho ou na perda, uma vez que o mais importante é que as pessoas saibam o que é que o Ezequiel Dimbuene faz. 
Neste momento, o espaço está no Rocha, na Corimba, na rua 21 de Janeiro, mas ainda não é um local fixo. 
Afirma que o objectivo passa por ter um lugar onde possa servir somente sumos naturais e água de côco, mas às vezes a burocracia com os documentos complica o processo.
"Há coisas que temos de dizer, a burocracia, se queres um espaço, se queres um documento, dizem que não vives neste município, neste distrito, não podes, tens de ir para o teu distrito, esta é a dificuldade que encontrei", aclara. 
Recomenda que quem de direito possa facilitar a tarefa às pessoas que queiram empreender e dar maior abertura para que possam conseguir locais onde exercer a sua função, sendo que alguns estão ao abandono na cidade. 

Os trajes tradicionais e a papelaria Elixir
Após visitarmos todas as bancas de comes e bebes, deslocamo-nos para o interior da Feira, onde havia vários negócios locais, contudo apenas dois deles aguçaram mais a nossa curiosidade. 
A mesa com uma toalha com um padrão vivo colorido, cadernos e materiais escolares personalizados e dois contraplacados onde se pode ler "Elixir em Papel" despertam a curiosidade de quem passa. 




Afinal, conjugar Elixir e papelaria não deixa de ser bastante inusitado, uma vez que o substantivo costuma estar mais associado a um sinónimo de poção.
Para Nanikenayandi Rodrigues, a receita foi mesmo mágica. Abriu uma empresa que combina a venda de material escolar e de escritório com produtos de Aromaterap importados para dar resposta à necessidade enfrentada pelos filhos e os seus clientes.
Hoje, a papelaria localizada no Patriota, à rua direita do Banco Sol, no edifício Paulus Plaza, loja n.º 56 aposta em satisfazer "a carência de produtos escolares" que apesar de existirem "são muito poucos", sustenta o funcionário da Elixir, Carlos Victor, que se sente honrado por estar neste evento.



Acredita que a empresa tem de estar em feiras "desta dimensão" porque isso "dá uma notoriedade à nossa loja", que pretende alcançar "todas as escolas nacionais" e faz com que a empresa "cresça mais". 
Mais alguns metros à frente estão dispostos trajes africanos que podem ser encontrados na plataforma digital, Fausta Silva, no Instagram, diz a expositora Amélia Sanana que não trabalha só, mas está sozinha no "stand".


O que inspirou esta colecção? 
"A inspiração que este negócio traz é poder mostrar as nossas culturas como africanos e mostrar como é que ela é rica", respondeu a vendedora que acrescenta que "estar nesta feira é uma oportunidade de expor o nosso negócio que é a venda de trajes tradicionais, uma vez que trabalhamos como designers e não temos um local fixo". 
Amélia considera que a venda de trajes africanos é bastante explorada, mas o diferencial apresentado por esta colecção que também foi vista no desfile de modelos no segundo dia do evento é que "usamos trajes propriamente africanos", enquanto alguns usam tecidos. 

Por fim, sublinha que gostaria de viajar até às demais províncias para fazer demonstrações das roupas ali expostas. 

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