Política

ONU defende mais financiamento para África enfrentar crise climática

Weza Pascoal

Jornalista

A coordenadora residente do Sistema das Nações Unidas (ONU) em Angola, Zahira Virani, considerou, terça-feira, em Luanda, urgente redobrar esforços a nível nacional e internacional para o aumento do financiamento do Acordo de Paris destinado ao continente africano, para permitir o desenvolvimento de mais acções ligadas ao combate às alterações climáticas.

01/05/2024  Última atualização 08H36
© Fotografia por: Dome Semedo | Edições Novembro

Durante o Diálogo Nacional sobre o Financiamento para o Clima, promovido pelo Governo de Angola, em colaboração com a ONU, Zahira Virani referiu que África tem acesso a apenas 20 por cento do valor do financiamento do Acordo de Paris, ligado à adaptação e mitigação das mudanças climáticas, uma realidade que, defendeu, precisa ser alterada.

"Precisamos de trabalhar para que África tenha acesso a 50 ou 60 por cento do financiamento, permitindo que os países africanos, sobretudo Angola, sejam capazes de financiar mais projectos ligados à mitigação das alterações climáticas, com vista ao seu desenvolvimento qualitativo, equitativo e eficiente”, disse a diplomata.

Os efeitos negativos das alterações climáticas são evidentes à escala planetária, referiu a diplomata, acrescentando que o Sul de Angola tem sido afectado pela seca, provocando a insegurança alimentar de milhares de famílias: "Daí a necessidade de se adoptar estratégias urgentes para mitigar os efeitos adversos das alterações climáticas, sobretudo nas comunidades vulneráveis”.

Zahira Virani disse que o reforço da resiliência climática é, também, indispensável para a diversificação económica de Angola e, consequentemente, para o desenvolvimento das comunidades.

 
Redução

A ministra do Ambiente, Ana Paula de Carvalho, explicou que as acções planeadas, nos últimos anos, para fazer frente às alterações climáticas, ainda estão muito aquém do cumprimento, fruto das dificuldades no acesso aos financiamentos e de capacitação de quadros.

Sem avançar o montante necessário, Ana Paula de Carvalho disse que o acesso a um montante mais elevado de financiamento vai possibilitar a execução eficiente da Estratégia Nacional das Alterações Climáticas, um mecanismo transversal aos sectores do Ambiente, Energia e Águas, Transportes, Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Agricultura e Pescas.

Segundo a ministra, o impacto das alterações climáticas tem sido mais preocupante no Sul do país, região assolada com a seca. A par disso, sublinhou que se tem verificado o avanço do deserto do Namibe para a província de Benguela.

Quanto à questão das queimadas anárquicas, Ana Paula de Carvalho disse que, nos próximos tempos, serão gizadas, pelo Ministério da Agricultura e Florestas e os Governos provinciais, acções para colmatar a situação da desflorestação a nível de todo o território nacional. "Vamos continuar a trabalhar no sentido de reverter o quadro”, referiu.

A Estratégia Nacional para as Alterações Climáticas é sustentada por cinco pilares principais, voltados à prevenção, mitigação, adaptação, financiamento e capacitação de quadros.

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