Em diferentes ocasiões, vimos como o mercado angolano reage em sentido contrário às hipóteses académicas, avançadas como argumentos para justificar a tomada de certas medidas no âmbito da reestruturação da economia ou do agravamento da carga fiscal.
O conceito de Responsabilidade Social teve grande visibilidade desde os anos 2000, e tornou-se mais frequente depois dos avanços dos conceitos de desenvolvimento sustentável. Portanto, empresas socialmente responsáveis nascem do conceito de sustentabilidade económica e responsabilidade social, e obrigam-se ao cumprimento de normas locais onde estão inseridas, obrigações que impactam nas suas operações, sejam de carácter legal e fiscal, sem descurar as preocupações ambientais, implementação de boas práticas de Compliance e Governação Corporativa.
Em 1947, nascia em Ann Arbor, estado de Michigan, EUA, um homem que viria a contribuir no domínio da administração e economia, com a teoria 5 forces (as 5 forças). Contudo, somente em 1979 ficou conhecido em todo o mundo como as 5 forças de Michael Porter.
A segunda força, "Entrada de novos concorrentes”, tem a possibilidade de trazer valor da marca, estabilidade e acesso aos canais de distribuição. A terceira, "Produtos Substitutos”, tem a ver com a possiblidade de as empresas e clientes negociarem as melhores condições de produtos e serviços. A quarta força, "Poder de negociação dos clientes”, é a capacidade de o consumidor conhecer o mercado, os produtos e serviços, ou seja, familiarizar-se com todo o processo empresarial ou económico que lhe diz respeito. Finalmente, no "Poder de negociação dos fornecedores”, Porter entende que o fornecedor é o principal protagonista das alterações do mercado. Por isso, deve evolver-se de modo incondicional.
O Presidente da República de Angola, João Manuel Gonçalves Lourenço, faz parte dos políticos africanos responsáveis pela consolidação económica, paz social e estabilidade política no continente africano. Sua geração tem fortes ligações em termos de aspirações e interesses com a actual. Por isso, seu pensamento estratégico para o desenvolvimento económico do país está fundamentado, em minha opinião, em três eixos: primeiro, coabitação entre antigos e novos actores no Executivo e no seu partido; segundo, formação do homem e o consentimento da concorrência do mercado; e, terceiro, aposta nas mulheres e jovens aos cargos políticos e governamentais. Assim, quer na sua formação partidária, quer na Administração Pública, os jovens e as mulheres são o garante da continuação do desenvolvimento sociopolítico.
Quando Michael Porter formulou as 5 forças para dinamizar o tecido económico de um determinado país, estava subtendida a participação activa dos jovens e das mulheres, por pertencerem à classe discriminada. Estava ainda a sugerir competência aos empresários, pois estes têm o dever de visionar estas mesmas forças e aplica-las de acordo com as exigências do mercado. Por outro lado, a sensibilidade social daquele que por meio do poder político permita que este primeiro efective sua visão.
Outro pensamento estratégico do Presidente João Lourenço, em minha opinião, analisa comparativamente o período das independências de África e do pan-africanismo. Apesar da sua geração não ser a principal vanguarda destes dois fenómenos, o seu pensamento político defende os desígnios da paz social, desenvolvimento e formação do homem. São recursos cristalinos que JLo – como também é conhecido o Presidente angolano – mostra para consolidar o país. Há outro pensamento estratégico que constitui sua sina, conhecido na sociedade angolana e que também, em minha opinião, preenche um segundo eixo social: o combate à corrupção, ao favoritismo, e a obrigatoriedade do uso da transparência na Administração Pública. Estes são dos principais males que impendem o alcance dos objectivos da Independência de Angola e do Pan-africanismo.
Este segundo eixo me faz lembrar dos "críticos populares do futebol”. Todos se cobrem de vestes democráticas e muitos se consideram conhecedores da matéria. Há quem pensa mesmo que sua opinião é a mais perfeita, tão absoluta e irreversível. Vasculhei o trabalho de Torres Pastorino de 288 belíssimos adágios, designados "Minutos de sabedoria”, que já vai na 37ª edição. O nº 27 mobilizou minha consciência. Ressalta o seguinte: "Não condene os que estão em posição de destaque na política ou na Administração Pública. Não diga que no lugar deles faria melhor. Enquanto não pomos em acção real nossas forças, não temos certeza do que são capazes. Talvez você fizesse pior, se estivesse na posição deles. Procure desculpar, porque não conhecemos as circunstâncias em que se encontram aqueles que têm sobre seus ombros o grande peso da responsabilidade pública”.
Depois dessa advertência, debrucemo-nos sobre mais duas empreitadas do Executivo do Presidente João Manuel Gonçalves Lourenço: A Divisão Político-Administrativa e a institucionalização das Autarquias Locais. Ao serem meterializadas, serão, em minha opinião, o triunfo e, ao mesmo tempo, uma enorme prenda para o povo angolano. Se o poder reside no povo, as autarquias locais são o rosto mais visível deste poder.
Nobre Ngola (*)
* Secretário-geral da Brigada Jovem de Literatura de Angola
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LoginA ideia segundo a qual Portugal deve assumir as suas responsabilidades sobre os crimes cometidos durante a Era Colonial, tal como oportunamente defendida pelo Presidente da República portuguesa, além do ineditismo e lado relevante da política portuguesa actual, representa um passo importante na direcção certa.
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