Diz-se que constitui um gesto de fraqueza o exercício de se queixar aos entes e e organizações estrangeiros sobre os problemas da nossa terra, para depois receber como resposta a exortação óbvia segundo a qual “as soluções devem ser encontradas entre vós mesmos”, da mesma maneira como as sucessivas iniciativas externas para acabar com a guerra se comprovaram ineficazes.
Os problemas que a era contemporânea apresenta, sobretudo no capítulo dos valores morais, éticos, cívicos, culturais, epistemológicos e religiosos obrigam, quer queiramos quer não, a reflectir sobre o papel da família com o fito de saber se ela tem ou não cumprido com as atribuições sociais, tendo em conta a sua dimensão pedagógica e sociológica na preparação do homem para a vida.
Do ponto de vista da Sociologia da Família, podemos considerar a família como sendo a instituição primária onde cada indivíduo recebe as primeiras lições/aulas de socialização para atender os desafios da vida social. Dito de outro modo, trata-se de uma instituição vocacionada para exercer o papel de agente de socialização de forma activa onde, a princípio, o indivíduo deve aprender a se familiarizar com as regras de boa conduta traduzidas em qualidades e/ou valores como: a honestidade, humildade, respeito, justiça, solidariedade, empatia, altruísmo, integridade,educação, amor, pedir desculpa, agradecer, obedecer, devoção a Deus e conservação do património cultural a título de exemplopara o bem da cidadania.
Para especificar o quão importante é a família na vida social, importa fazer recurso à Constituição da República de Angola - CRA- (2010) e ao Código da Família em vigor no país com a seguinte fundamentação: CRA, art. 35º ponto 1: " A família é o núcleo fundamental da organização da sociedade e é objecto de especial protecção do Estado, quer se funde em casamento, quer em união de facto entre homem e mulher”. Já o Código da Família no art 2º, ponto 2 defende que: "A família deve contribuir para o desenvolvimento harmonioso e equilibrado de todos os seus membros, por forma a que cada um possa realizar a sua personalidade e as suas aptidões no interesse de toda a sociedade”.
A partir dos pontos acima mencionados, levantam-se as seguintes questões: onde andam os valores que desde os tempos dos nossos ancestrais desempenharam o papel de paradigma na estabilidade da vida familiar e social?Que tipo de famílias temos na actualidade? Que tipo de famílias queremos ter?
Ao que tudo indica, cada leitor, certamente, tem uma opinião a dar para responder às questões colocadas. Nesta ordem e na tentativa de expressar a minha visão de mundo sobre a matéria, tenho a dizer que os valores que constituíam a pedra angular na estabilidade da vida familiar e social entraram em crise profunda uma vez que os agentes de socialização, ao invés de actuarem de forma articulada em prol da formação e educação do homem para a vida, lamentavelmente dedicam-se mais a competir e a actuar isoladamente, mesmo sabendo que possuem um sujeito em comum isto é, o homem, passível de ser moldado para o desafio da vida social.
Como resultado, temos muitas famílias desestruturadas cujas consequências são visíveis no dia-a-dia como por exemplo, a desorientação de filhos e familiares, a fuga à paternidade, a criminalidade, a propagação do analfabetismo, o aumento do fenómeno de crianças de rua, o abuso sexual de menores, o desrespeito pelo Sagrado e património cultural, bem como as reiteradas práticas inadequadas às normas que regem a vida social.
Este quadro negro que a vida do nosso tempo apresenta para muitas famílias, infelizmente ocorre porque temos muitos pais/mães que, segundo Baumrind, se identificam com as seguintes características: Autoritários: aqueles que centram a sua relação com os filhos na família, baseando-se na arrogância e no autoritarismo; Negligentes: aqueles que depois de trazerem filhos ao mundo não se importam com a formação, educação, direccionamento e cuidado dos mesmos; Permissivos: aqueles que permitem tudo, a ponto de inviabilizarem a maturidade dos filhos na interacção com o mundo; Participantes: aqueles que participam de forma activa do processo de formação e educação dos seus filhos para a vida, mas que são poucos.
No dia 15 de Maio de 2024 celebramos mais um aniversário do Dia Internacional da Família, data que foi instituída pelas Nações Unidas (ONU), em 1993 e comemorada pela primeira vez em 1994, visando destacar a importância da família na estrutura de uma sociedade e educação de cada indivíduo. Espero que esta data tenha servido como reflexão para cada família no sentido de tornar possível a mudança de mentalidade que se deseja na projecção de homens úteis e comprometidos com a vida social.
A estabilidade de uma família constituída por pais/mães comprometidos (as), participantes, educadores (as) e modelos para os filhos, contribui na edificação de valores em prol da cidadania e construção da humanidade. Ao passo que, a passividade que muitas famílias demonstram no cumprimento das suas atribuições, sobretudo no nosso contexto caracterizado pela crise de valores a distintos níveis, constitui ameaça à educação e formação desejadas aos filhos da presente e futura geração para a vida.
Portanto, em nosso entender, auguramos ter uma família unida e estável que realmente cumpre com as suas atribuições sociais para o bem da estabilidade social.
Nesta conformidade, defende-se que cada família consiga fazer esforço no sentido de transformar em cultura ou estilo de vida as dez qualidades que Cris Poli na sua obra: "Pais Responsáveis Educam Juntos” sugeriu, resumidas em:
1.Ser um pai/mãe presente; 2. Ser um pai/mãe que constrói relação afectiva com os filhos; 3. Ser um pai/mãe não autoritário (a); 4. Ser um pai/mãe que não permite tudo; 5. Ser um pai/mãe exemplar; 6. Ser um pai/mãe de palavra; 7. Ser um pai/mãe que dialoga com os filhos; 8. Ser um pai/mãe que além de criticar também elogia os filhos quando acertam; 9. Ser um pai/mãe que também pede desculpa sobretudo quando erra; 10. Ser um pai/mãe verdadeiro (a).
* Docente Universitário, palestrante e escritor
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