Opinião

Hoje é dia do continente Berço da Humanidade

A tentativa de golpe de Estado registada na madrugada do passado domingo, 19 de Maio, na República Democrática do Congo, pode ser considerada uma nódoa vertida sobre a manta em que se preparava a celebração do 61.º aniversário da criação da Organização de Unidade Africana (OUA), criada, dentre outros, com o objectivo de unir África e promover o desenvolvimento do continente.

25/05/2024  Última atualização 16H10

Apesar de prontamente condenada pelo Estadista angolano, João Lourenço, na qualidade de presidente em exercício da SADC, bem como por outros Estados da região, a referida acção evoca a necessidade de reconfiguração do pensamento pan-africanista, na perspectiva de responder aos anseios que motivaram a criação da OUA, mais tarde reconfigurada para União Africana (UA).

A esperança emergida do momento da constituição desse pacto africano abriu,, sem sombra de dúvidas, uma nova era na História do continente também conhecido por Berço da Humanidade, sobretudo em relação à auto - determinação dos povos. Infelizmente,  decorridos seis décadas e 12 meses, a principal característica do continente africano ainda não se encaixa no ansiado desenvolvimento integrado e sustentado. África continua mergulhada num poço de infindáveis e complexos problemas de índole política, social, económica e muito mais.

É neste cenário promotor de incertezas que ocorre a celebração dos 61 anos da União Africana, cujos países continuam largamente dependentes dos  "comandos” de outras latitudes planetárias, com incidência maior do Ocidente, com quem os africanos mantêm uma relação, cujas  vantagens pendem para o outro lado e há muito carecem de uma nova abordagem, visando maior protecção de África e dos seus filhos.

Não constitui, portanto, um acto de anulação da nossa identidade de africanos, se concordarmos com as informações segundo as quais os atrasos que o continente regista em quase todas as manifestações geradoras de mudanças da dinâmica social originam a apetência dos seus naturais pela Europa, América e Ásia, em busca de melhores condições de vida. Conjugada com tantas outras, a realidade acima narrada deve ser encarada como razão de força para o inadiável e necessário apelo aos dirigentes do continente, no sentido de encetarem um volte face para redescobrir África  na sua pluralidade de valências, sendo a cultura  um vector com influências marcantes em outras geografias. Entretanto, apesar de todo esse cenário complexo, especialistas em Relações Internacionais acreditam que África venha a ser o continente do futuro. Na verdade, a grande diversidade de riquezas naturais, matéria-prima em abundância e a sua densidade populacional, maioritariamente jovem, concorrem para isso.

Para que todas essas variáveis sejam consumadas, o continente precisa de resgatar a sua real identidade e condição de Berço da Humanidade, vencer o paradigma da auto-dependência económica de outras circunscrições geográficas, assim como investir na formação de quadros. De outro modo, África e os africanos continuarão afastados do desenvolvimento esperado e sempre adiado.

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