Política

Ex-combatentes clamam por melhores condições sociais

A definição de políticas públicas para a obtenção da casa própria e programas específicos de formação profissional e o fomento do auto-emprego constam das principais preocupações apresentadas, sábado, em Ndalatando, Cuanza-Norte, pelos ex-combatentes da Batalha do Cuito Cuanavale.

25/03/2024  Última atualização 08H40
© Fotografia por: DR

De acordo com o representante da Associação Nacional dos Combatentes da Batalha do Cuito Cuanavale, no Cuanza-Norte, Domingos João Luís, a situação social de muitos associados é considerada crítica, por falta de condições para a sustentabilidade alimentar das respectivas famílias, sobretudo no que toca à incapacidade financeira para custear o ensino superior dos filhos.

O responsável, que falava no anfiteatro da Escola de Artilharia Terrestre do Exército Nacional, número 218, no município de Cazengo, por ocasião do dia 23 de Março, consagrado à libertação da África Austral, fez saber que a maior parte dos ex-militares é desempregada, sem casa própria e sobrevive sem condições básicas para prestar assistência médica e medicamentosa adequada aos familiares.

Data é revestida de grande simbolismo

A vice-governadora provincial do Cuanza-Norte para o sector Político, Social e Económico, Luzia José, frisou que o dia 23 de Março é uma data que se reveste de bastante simbolismo, por acarretar o reconhecimento, valorização e solidariedade social para aqueles que deram as suas vidas em prol da libertação da África Austral.

Para a governante, a vitória dos antigos efectivos das FAPLA só foi possível devido à resiliência de pacatos cidadãos que lutaram com honra e glória pela defesa da soberania nacional, tendo como base a defesa do solo pátrio, contra os invasores.

Para Luzia José, durante a memorável Batalha do Cuito Cuanavale, homens e mulheres puseram em evidência todo o seu saber, arte e engenho, de forma organizada e destemida, para repelir a propagação do regime do apartheid a nível da África Austral.

Segundo a vice-governadora, os angolanos devem continuar a exercer as actividades que promovam os princípios das liberdades e garantias e respeito pelos Direitos Humanos, de forma a honrar a memória dos heróis do Cuito Cuanavale e consolidar o Estado Democrático e de Direito, a nível do país.

Sobreviventes aguardam por incentivos do Governo

Efectivos desmobilizados e sobreviventes da histórica Batalha do Cuito Cuanavale, na província da Lunda-Sul, aguardam, expectantes, pelo apoio do Executivo para darem andamento aos projectos concebidos.

O sentimento foi manifestado no termo de um acto de deposição de coroa de flores no Jardim Cívico da cidade de Saurimo, em alusão ao Dia da Libertação da África Austral, presidido pelo governador provincial, Daniel Neto.

À margem do evento, o director provincial dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, António Upite, ressaltou que a data representa um marco histórico para toda a região austral do continente.

O dirigente reconheceu que os confrontos militares de alto nível registados de 1987 a 1988 resultaram na proclamação das independências de países da região.

A data, prosseguiu, visa reconhecer e honrar os heróis, cuja entrega resultou em conquistas que devem ser preservadas.

Cabinda cria cooperativa 

Um universo de 200 ex-combatentes da Batalha do Cuito Cuanavale, na província de Cabinda, está integrado numa cooperativa agrícola localizada na comuna de São Vicente, a 10 quilómetros da cidade, de modo a mitigar a situação de carência a que muitos passam, informou o responsável do projecto, Vicente Bumba Alexandre.

O também delegado adjunto do Fórum dos Combatentes da Batalha do Cuito Cuanavale, da província de Cabinda, tenente-coronel Vicente Bumba Alexandre, avançou que o projecto compreende uma dimensão de terra arávis de mais de três hectares e produz variados tipos de tubérculos, frutas, com destaque para a banana, tomate, leguminosas, bem como verduras diversas.

Segundo o dirigente, os ex-militares estão associados ao Fórum dos Combatentes da Batalha do Cuito Cuanavale, gesta heróica que ocorreu há 36 anos na região Sudeste do país.

O tenente-coronel falava durante o acto provincial do 23 de Março, Dia da Libertação da África Austral, que teve lugar no Centro Cultural Chiloango, em que estiveram presentes distintos membros do Governo, com destaque para a governadora provincial, Mara Quiosa, representantes dos órgãos de Defesa e Segurança, autoridades eclesiásticas e tradicionais.

Sem avançar dados relativos aos níveis de produção anual, Vicente Bumba Alexandre considerou que o referido projecto, que arrancou há já alguns anos, tem estado a minimizar a situação difícil, no ponto de vista social, desses guerreiros que contribuíram para a libertação da África Austral.

Marcelo Manuel | Ndalatando   Kamuanga Júlia | Saurimo e Pedro Vicente | Cabinda

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