Opinião

É preciso conhecer o protocolo de Suporte Básico de Vida

José Otchinhelo

Consultor de Comunicaçãoe de Educação

Sem nos arriscarmos a apresentar números, é comum vermos casos de paragem cardio-pulmonar e engasgos que ocorrem, praticamente todos os dias, no domicílio, no local de trabalho, na via pública e em outros espaços.

14/04/2024  Última atualização 09H15

Essa realidade também nos dá outro indicador: muitos cidadãos não conhecem as manobras de Suporte Básico de Vida. Com isso, várias vítimas perdem a vida. No entanto, para que essas vidas sejam salvas, os primeiros quatro minutos são cruciais para a ressuscitação da vítima enquanto se espera pelo resgate do Instituto Nacional de Emergências Médicas de Angola ou do corpo de bombeiros.

Tanto a obstrução das vias respiratórias, como a paragem cardíaca, tem protocolos de manobras que podem ser usadas por pessoas que não tenham conhecimentos profundos de Medicina. Daí a importância do Suporte Básico de Vida para o conhecimento sobre desobstrução das vias respiratórias e de ressuscitação cardiopulmonar (realizada com compressões toráxicas), posição lateral de segurança, em caso de desmaio.

Com essas manobras será possível providenciar fluxo de oxigénio e sangue para o coração e o cérebro. Abro aqui um parêntese para dizer que, tanto a falta de oxigénio como de sangue, em mais de cinco minutos, pode ser fatal para vítima. Por isso, a criação desse protocolo de atendimento, designado por Suporte Básico de Vida, visa permitir que pessoas, que não sendo médicos ou enfermeiros, prestem os primeiros socorros até chegar, se for o caso, a ambulância do INEMA.

Essas atitudes e gestos simples podem garantir a sobrevivência da vítima de engasgo ou de paragem cardiopulmonar. Neste caso, o INEMA é a instituição pública vocacionada tanto para o atendimento ou resgate de vítimas em eminência de morte, como para dar formação em matérias de Suporte Básico de Vida e ainda para certificar instituições que queiram dar essa e outras formações, no âmbito das emergências médicas.

Embora todos os cidadãos devessem conhecer as manobras encontradas no protocolo de Suporte Básico de Vida, é bom não perder de vista que elas existem apenas para manter a vítima viva, enquanto uma equipa do INEMA esteja a caminho.

Deste modo, se tiver mais pessoas no local, é bom que enquanto uma faz os procedimentos, outra ligue com urgência para o terminal 111 do CISP (que é gratuito) ou para os números das bases da província onde se encontram (o atendimento em termos de emergências médicas do INEMA também é gratuito).

Nesses casos, o cidadão deve poder avaliar a responsabilidade da vítima - o seu estado de consciência - por meio do tato ou chamar por ela, caso não responda dando indício de estar inconsciente, é urgente que se iniciem  as manobras de SBV que podem ser a abertura das vias aéreas, desengasgo, compressões toráxicas e outras manobras, em função do tipo de sinistro e, ligar imediatamente para os números mencionados no parágrafo acima.

Para além de salvar vidas, o SBV também impede que a falta de oxigénio ou de sangue, comprometam os órgãos vitais. Daí, a necessidade de se fazer a reanimação com urgência, enquanto se aguarda pelo resgate, quer a vítima esteja consciente ou inconsciente.

Como já referido, são vários os passos a serem seguidos para a realização das manobras de Suporte Básico de Vida. Logo, não devem ser feitos por curiosos, sob pena de agravarem o quadro clínico da vítima. O ideal é que se aprenda como fazer.

Vale ainda ressaltar que o SBV varia em função das faixas etárias - bebés, crianças (dependendo do peso e da altura), adultos e idosos-. Esses factores são outra razão para que os cidadãos efectivamente conheçam os procedimentos para uma intervenção que aumente as chances de sobrevivência da vítima.

Dada a pertinência social dos conhecimentos sobre Suporte Básico de Vida, o INEMA transmite à sociedade essas noções por via da Televisão Pública de Angola, TV Zimbo e outros meios de comunicação.

Essa iniciativa, apesar de não fazer eco nos principais média, com certeza tem estado a ajudar a salvar vidas, por permitir que pequenos gestos mantenham a vítima viva até a chegada da ajuda especializada. Há outras iniciativas semelhantes que o Instituto Nacional de Emergências Médicas de Angola realiza junto de outras instituições.

Um outro pormenor é que a presença do INEMA nos grandes ajuntamentos é importante devido a eventuais casos de saúde em que o cidadão esteja em eminência de morte ou tenha um mau estar generalizado.

Os responsáveis por esses eventos de massas deviam contactar esta instituição do Estado para, em função da estimativa estatística dos participantes, formar pequenos grupos em matérias de SBV. Por exemplo, se em dois pontos distintos de um estádio acontecem sinistros, antes da chegada de uma segunda ou terceira equipa do INEMA, essas pequenas equipas de SBV podem dar os primeiros socorros até a ambulância chegar.

Portanto, pequenos gestos e conhecimentos sobre SBV ajudam a salvar vidas. Por isso, os cidadãos devem ser encorajados a conhecer esse protocolo.

* Consultor de Comunicação e de Educação

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