Diz-se que constitui um gesto de fraqueza o exercício de se queixar aos entes e e organizações estrangeiros sobre os problemas da nossa terra, para depois receber como resposta a exortação óbvia segundo a qual “as soluções devem ser encontradas entre vós mesmos”, da mesma maneira como as sucessivas iniciativas externas para acabar com a guerra se comprovaram ineficazes.
Domingo de Páscoa: É o dia mais importante para a fé cristã, pois Jesus vence a morte, ressuscita e mostra o valor da vida.
Esse dia é estendido por mais cinquenta dias até o Domingo de Pentecostes. A palavra Páscoa vem do hebreu "Peseach” e significa "passagem”. A Páscoa que os judeus comemoram é a passagem do Mar Vermelho, que ocorreu muitos anos antes de Cristo, quando Moisés conduziu o povo hebreu para fora do Egipto, onde eram escravos. Jesus também festejava a Páscoa. Foi o que Ele fez ao cear com seus discípulos na quinta-feira santa. Condenado à morte na cruz e sepultado, ressuscitou três dias após, num domingo, logo depois da Páscoa judaica. A ressurreição de Jesus Cristo é o ponto central e mais importante da fé cristã. Através da sua ressurreição, Jesus prova que a morte não é o fim e que Ele é verdadeiramente o Filho de Deus. O temor dos discípulos em razão da morte de Jesus, na Sexta-feira, transforma-se em esperança e júbilo. É a partir deste momento que eles adquirem força para continuar anunciando a mensagem do Senhor.
Símbolos da Páscoa
Segundo a tradição da Igreja Católica, eis os símbolos da Páscoa: Cordeiro: O cordeiro era sacrificado no templo, no primeiro dia da Páscoa, como memorial da libertação do Egipto, na qual o sangue do cordeiro foi o sinal que livrou os seus primogénitos. Este cordeiro era degolado no templo. Os sacerdotes derramavam seu sangue junto ao altar e a carne era comida na ceia pascal. Aquele cordeiro prefigurava a Cristo, ao qual Paulo chama "nossa Páscoa” (1Cor 5, 7). João Baptista, quando está junto ao Rio Jordão em companhia de alguns discípulos e vê Jesus passando, aponta-o em dois dias consecutivos dizendo: "Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1, 29. 36). Isaías o tinha visto também como cordeiro sacrificado por nossos pecados (Is 53,7-12). Também o Apocalipse apresenta Cristo como cordeiro sacrificado, agora vivo e glorioso no céu. (Ap 5,6.12; 13, 8);
Pão e vinho: Na Ceia do Senhor, Jesus escolheu o pão e o vinho representando o seu corpo e sangue (Mt 26, 26; Mc 14, 22-25); Cruz: A cruz mistifica todo o significado da Páscoa na ressurreição e também no sofrimento de Cristo. No Concílio de Nicéia, em 325 d.C., o Imperador Constantino decretou a Cruz como símbolo oficial do Cristianismo. Símbolo da Páscoa, mas símbolo primordial da fé católica;
Círio Pascal: É uma grande vela e grossa que é acesa no fogo novo, no Sábado Santo, logo no início da celebração da Vigília Pascal. Assim como o fogo destrói as trevas, a luz que é Jesus Cristo afugenta toda a treva do erro, da morte, do pecado. É o símbolo de Jesus ressuscitado, a luz dos povos. Após a bênção do fogo acende-se, nele, o Círio. Faz-se a inscrição dos algarismos do ano em curso; depois cravam-se cinco grãos de incenso que lembram as cinco chagas de Jesus, e as letras "alfa” e "ómega”, primeira e última letra do alfabeto grego, que significam o princípio e o fim de todas as coisas.
A liturgia deste domingo celebra a ressurreição e garante-nos que a vida em plenitude resulta de uma existência feita dom e serviço em favor dos irmãos e irmãs. A ressurreição de Cristo é o exemplo concreto que confirma tudo isto. A primeira leitura apresenta o exemplo de Cristo que "passou pelo mundo fazendo o bem” e que, por amor, se deu até à morte; por isso, Deus O ressuscitou. Os discípulos, testemunhas desta dinâmica, devem anunciar este "caminho” a todos os homens. A segunda leitura convida os cristãos, revestidos de Cristo pelo baptismo, a continuarem a sua caminhada de vida nova, até à transformação plena (que acontecerá quando, pela morte, tivermos ultrapassado a última barreira da nossa finitude).
O Evangelho coloca-nos diante de duas atitudes face à ressurreição: a do discípulo obstinado, que se recusa a aceitá-la porque, na sua lógica, o amor total e a doação da vida não podem, nunca, ser geradores de vida nova; e a do discípulo ideal, que ama Jesus e que, por isso, entende o seu caminho e a sua proposta (a esse não o escandaliza nem o espanta que da cruz tenha nascido a vida plena, a vida verdadeira).
A ressurreição de Jesus é a consequência de uma vida gasta a "fazer o bem e a libertar os oprimidos”. Isso significa que, sempre que alguém – na linha de Jesus – se esforça por vencer o egoísmo, a mentira, a injustiça e por fazer triunfar o amor, está a ressuscitar; significa que, sempre que alguém – na linha de Jesus – se dá aos outros e manifesta, em gestos concretos, a sua entrega aos irmãos, está a construir vida nova e plena.
A ressurreição de Jesus significa, também, que o medo, a morte, o sofrimento, a injustiça, deixam de ter poder sobre o homem que ama, que se dá, que partilha a vida. Ele tem assegurada a vida plena – essa vida que os poderes do mundo não podem destruir, atingir ou restringir. Ele pode, assim, enfrentar o mundo com a serenidade que lhe vem da fé. Estou consciente disto, ou deixo-me dominar pelo medo, sempre que tenho de agir para combater aquilo que rouba a vida e a dignidade, a mim e a cada um dos meus irmãos?
Aos discípulos pede-se que sejam as testemunhas da ressurreição. Nós não vimos o sepulcro vazio; mas fazemos, todos os dias, a experiência do Senhor ressuscitado, que está vivo e que caminha ao nosso lado nos caminhos da história. A nossa0 missão é testemunhar essa realidade; no entanto, o nosso testemunho será vazio se não for comprovado pelo amor e pela doação (as marcas da vida nova de Jesus).
Desejo a todos Festas Felizes de Páscoa!
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Sacerdote da Arquidiocese de Luanda
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