Em diferentes ocasiões, vimos como o mercado angolano reage em sentido contrário às hipóteses académicas, avançadas como argumentos para justificar a tomada de certas medidas no âmbito da reestruturação da economia ou do agravamento da carga fiscal.
O conceito de Responsabilidade Social teve grande visibilidade desde os anos 2000, e tornou-se mais frequente depois dos avanços dos conceitos de desenvolvimento sustentável. Portanto, empresas socialmente responsáveis nascem do conceito de sustentabilidade económica e responsabilidade social, e obrigam-se ao cumprimento de normas locais onde estão inseridas, obrigações que impactam nas suas operações, sejam de carácter legal e fiscal, sem descurar as preocupações ambientais, implementação de boas práticas de Compliance e Governação Corporativa.
Dias internacionais, mundiais, nacionais, de tudo e mais alguma coisa, repletos de intenções em discursos, mais ou menos empolgados, também genuínos, às vezes levados pela inocência, mas, outrossim, intrujões, sobrecarregam, como nunca, os calendários.
À falta de ideias - pensar fadiga - pagam-se a acólitos para descobrirem eventuais datas que podem passar a "comemorativas”. O leque de buscas é vasto e generoso. Género de mistura de ementa de restaurante pretensioso com lista de "secos e molhados” escrita a giz em pedaço de cartão pendurado à porta da taberna de bairro. Tudo misturado dá salada de imprevistos, a amiúde de mau gosto. Sucede quando o tasqueiro se quer dar ares de evoluído, conhecedor de grandes urbes, das quais s apenas conhece as montras.
As propostas de eventuais datas comemorativas provêm de campos diferentes, mas entrelaçam -se e, como é lógico, chegam a contradizer-se.
As "descobertas” são de índole nacional, continental, internacional. Às quais se juntam as de nascimentos e mortes - às vezes as duas e as que aprouverem. Metem heróis e vilões, santos e pecadores, poetas e prosadores, escultores e pintores, cientistas e prosadores. Qualquer destes grupos, para não variar a lógica instituída, integram verdades e imposturas.
Qualquer das datas criadas para comemorações, antigas ou recentes, satisfazem interesses pessoais e sectoriais. Nunca - ou sempre? - há unanimidade. Respondam à pergunta os que as observam com distanciamento, nunca quem as fabrica, servem-se delas. Pelo contrário, acentuam injustiças, desigualdades, aguçam revoltas e raivas justificadas. Com frequência reprimidas pelos "senhores do Mundo” . Os de ontem e hoje. Sempre foi assim. Até quando?
As comemorações, independentemente das áreas nas quais as puseram, obedecem a crenças, interesses límpidos e dissimulados , discriminações das mais variadas índoles que as palavras encerram, umas comprovadamente nobres, outras apenas abjectas.
O Dia Internacional da Criança, recentemente comemorado, em praticamente todo o Mundo, é uma das provas da falsidade reinante dos tempos que correm, nos quais a decência é submergida por decadências, insensibilidades, desamores, despudores, egoísmos do novo-riquismo idiota, sem quaisquer bases, tal qual arranha-céus sem alicerces.
Comemorar o Dia da Criança em festa é o superlativo de insulto a milhões de crianças famintas em todo Mundo, de muitas mais mães de seios secos, esfomeadas de justiça que lhes é negada.
A comemoração do Dia Internacional da Criança como é feita, na generalidade dos países, é afronta à dignidade e inocência de milhões de crianças. Os zeros à direita dos algarismos não param de crescer para gáudio "dos mandões do Mundo”.
As comemorações do Dia Internacional da Criança, entre tantas outras, deviam ser suspensas. Até deixar de haver uma única menina e menino, inclusive de colo, a chorar de fome, sede, frio, calor, medo, sequer seios mirrados de mães, também elas famintas de pão. Até duas coisas básicas continuam a ser-lhes recusadas: dignidade e justiça.
Aquelas acções de solidariedade, realizadas em datas programadas tidas por "acções de misericórdia” de uns quantos que se dignam sujar sapatos em terrenos que nunca pisaram ou fingem desconhecer, incluem ofertas de alimentos, água engarrafada, promessas de dias melhores... até brinquedos.
Que tal criar o "Dia dos discriminados”?
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