Opinião

Conhecimento no contexto do desenvolvimento sustentável

Joaquim Xanana *

Ao longo da História da humanidade, o conhecimento, circunscrito à forma genérica, fundamenta-se na capacidade humana de entender as coisas. Além disso, ele pode ser aplicado, criando e experimentando o novo. Essa habilidade é exclusiva do ser humano. E diferenciam-se dos animais por estes desenvolverem mecanismos de aprendizagem por meio de acções práticas e da repetição de experiencias.

24/05/2024  Última atualização 14H10

É pela importância do conhecimento que as sociedades evoluem, porque os países e as pessoas mudam em função das contribuições parciais, constantes e sucessivas, na colecção de conhecimentos teóricos e práticos então adquiridos.

Afirma Japiassu, (1977,p. 15), que "é considerado saber, hoje em dia, todo um conjunto de conhecimentos metodologicamente adquiridos, mais ou menos sistematicamente organizados, susceptíveis de serem transmitidos por um processo pedagógico de ensino”. Empregam-se aí os conceitos de aquisição e de transmissão, mas não de construção.

Neste ponto particular, na sua dimensão, o "conhecimento” está desafiado pelas Tecnologias de Informação, para a gestão de desenvolvimento sustentável.

Deve, por isso, conhecer as suas concepções fundamentais, que permitirá construir a sua liberdade intelectual, desenvolvendo-a com autonomia. Esse é o aspecto essencial, sobretudo quando absorve os conceitos úteis e que os habilita a gerir com o equilíbrio requerido.

Esta ascensão redobra-se com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, referencialmente nas últimas décadas do século XX. Notabiliza-se para que saibamos agir de forma eficaz, visando alcançar os objectivos para o bem da humanidade.

A disciplina” Conhecimento e Sociedade” busca compreender através do pensamento de Jovchelovitch (2004;2008),como os saberes são construídos a partir do conjunto de contextos sócioculturais. Por isso, as dinâmicas da vida humana na dimensão das interacções resumem-se aos factores de origem pessoal que podem afectar o padrão social das relações.   

Nesta perspectiva, o conhecimento constitui o activo indispensável para o desenvolvimento multifacetado, em cujo processo se destacam quatro tipos,  que se distinguem e estão caracterizados por: sabedoria popular ou senso comum, teológica, filosófica e científica.

Por via de regra, retemo-nos, nesta última matriz, que se repercute nos factos. Isto é, se fundamenta na ciência, cujo sistema está baseado em métodos científicos. É construído com atitudes racionais, visando a obtenção de resultados específicos com base na observação, na realização de métodos experimentais e no desenvolvimento de teorias e leis.

 Assim sendo, não se pode imaginar, que cada um, possa "construir "o seu conhecimento, integralmente impessoal e independente sem o vínculo com a comunidade científica e com o saber universal. Deste modo, podemos afirmar que é desde as eras mais remotas que a falta de conhecimento, consubstanciada na ignorância tipificado por;( factual, objectual  e técnica), provoca a inobservância  de regras e princípios, mantendo-se  atados às fragilidades.

Por esta e outras razões, têm sido a causa de vários actos nefastos, por exemplo a vandalização de bens públicos (equipamentos eléctricos entre outros), adulteração ou alteração de produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais, a fuga ao fisco, as queimadas e desflorestação, o desrespeito pelo Código de Estrada e a pauta deontológica, sentimentos de impunidade, tráfego de seres humanos, etc.

Porém, os sistemas de conhecimentos são condicionados por uma multiplicidade de factores. A educação é um deles, porque inculca pedagogicamente nos indivíduos princípios morais, cívicos e patrióticos. Mas, também, devemos salvaguardar o conhecimento do senso comum e de outros que se fundamentam nas experiências e teorias vivenciadas, nos diferentes contextos da História da humanidade, que transita de geração em geração pela oralidade, escrita e em forma de publicações.

A par disso, são notáveis as valências sobre as competências técnico-científicas, que se repercutem nos vários domínios, nomeadamente cirurgia robótica assistida, inteligência artificial, energia solar térmica, solar fotovoltaica, Telemedicina, Bioenergia, Biomedicina, entre outros. 

Esta premissa é extremamente importante para a sociedade, pois é a partir destes que se torna possível impactar o progresso e constituir num contrapeso para fortalecer as infra-estruturas ecológicas, económicas, sociais, culturais e morais. Este rumo é o garante para tonificar a diversificação da economia, e assegurar com sustentabilidade os diversos desafios perspectivados na economia azul (produção pesqueira), redinamização do potencial turístico, agricultura, agro-indústria, exploração e comercialização de recursos minerais.

Desde logo, os processos clássicos de desenvolvimento devem combinar com a inovação das tecnologias para responderem de uma forma eficaz à necessidade de preservar a diversidade biológica e manter o equilíbrio ecológico.

Esta sinalização impõe profundas reflexões para a racionalização e valorização do capital humano como factor estratégico, sobretudo naquilo que os especialistas, realçam para o desenvolvimento sustentável, nomeadamente no incremento de acções na educação, pesquisa, investigação, em tecnologias, alavancar as infra-estruturas para propiciar as actividades traduzidas na produção, investimento estrangeiro ou comércio,  vias de acesso no meio rural para o escoamento da produção nos centros comerciais, aspecto ambiental, pela sua interacção com o desenvolvimento das cidades.

No pico desses pressupostos está a dimensão tecnológica (mudança no processo e no produto que pressupõe a existência de infra-estruturas de produção de conhecimento científicos), organizativa (mudança de condições e métodos de trabalho) e sóciocultural (mudança central sobre os homens com incidência nos valores subjacentes às atitudes e comportamentos). No andaime destes pressupostos com sustentabilidade, é expressivo substantivamente à caminhada.

Aristóteles dizia "que aprender é o maior prazer, não só para o filósofo, mas também para o resto da humanidade, por pequena que seja sua capacidade para isso”.

O mundo reconhece que além do capital e trabalho, o insumo fundamental para criação de riqueza é o conhecimento.

 

*Psicólogo

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