Sociedade

Chuva deixa famílias ao relento e ruas intransitáveis em Caxito

António Canepa/ Bengo

Jornalista

Ruas intransitáveis, quintais alagados, residências destruídas, lavras submersas é o cenário que se regista em grande parte dos bairros de Caxito, no município do Dande, província do Bengo, devido às fortes chuvas que se abateram, na madrugada de quinta-feira, sobre a região, deixando numerosas famílias ao relento.

16/03/2024  Última atualização 11H45
Inundações desalojam vários municípes ainda por contabilizar que viviam em localidades com falta de valas de drenagens © Fotografia por: Edmundo Eucílio | EDICÕES NOVEMBRO

A água da chuva inundou, também, muitos estabelecimentos comerciais, escolas, "praças e pracinhas”, incluindo capelas.

A situação tende a piorar sempre que chove, registando-se, em Caxito, águas paradas. Praticamente, quase todos os bairros, lavras e quintas, estão alagados e a água não consegue circular livremente, por falta de valas de drenagem.

A partir da entrada de Caxito, nos bairros Quixiquela, Kingombe e Kawango, as águas subiram de nível, aumentando as inundações, que atingiram o Bairro Social e infra-estruturas, como o centro de reabilitação médica e outras.

Em alguns locais, a água chega a atingir um metro de altura, obrigando as famílias a abandonar as casas.

No bairro do Mubungo, a maior parte das casas de adobe caiu, nos quintais é impossível entrar ou sair e as  lojas foram encerradas.

É o caso do estabelecimento IGTS Lda, onde foi encontrado o jovem Mauro a ajudar a retirar a água do armazém, desde as três horas da manhã, por, supostamente, estar a fazer retorno, por falta de vala de drenagem.

"Todos os armazéns estão inundados, estamos a ajudar a tirar a água desde as três horas da manhã e até agora (11horas) nada”, explicou.

Segundo o jovem Mauro e companheiros, que estavam empenhados a retirar a água dos compartimentos e armazéns da loja de um expatriado, que não se encontrava presente, muitas coisas se perderam, como fuba de milho, massa alimentar, açúcar, entre outras mercadorias.

Praticamente, todos os bairros de Caxito foram atingidos pela tragédia. Kitongola, Kitonhi, Kimaria e Kijão Mendes são os mais afectados pelas chuvas da madrugada de quinta-feira, estando muitas famílias à procura de sítios para se abrigar.

A situação está a afectar, também, crianças, que tiveram que interromper as aulas, numa altura em que se aproximam as provas do trimestre. Ontem, um bom número de funcionários não foi trabalhar para ajudar as famílias a retirar as coisas das casas inundadas.

O porta-voz do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros, Costa Ngunza, disse que a situação em Caxito tende a piorar cada vez que chove, pois as ruas ficam intransitáveis.

Costa Ngunza aconselha as famílias a reforçar os cuidados e a evitar construir em zonas de risco.

Sem adiantar números, indicou que não há nenhum bairro que não tenha sido afectado pelas chuvas. "Praticamente, todos os bairros de Caxito foram afectados pelas chuvas e esperamos avançar com mais dados nos próximos tempos”.

O vice-governador para o sector Técnico, Edson da Cruz, que visitou vários bairros afectados disse que a única solução é a conclusão das Infra-estruturas Integradas de Caxito, que interligam as valas de drenagem ao redor da cidade.

Várias pessoas entrevistadas alegam nunca terem visto o que se está a passar nos últimos dias em bairros de Caxito.

"Eu nunca vi nada igual desde os tempos dos nossos avós. Perdemos as nossas casas e os nossos bens e os quintais estão cheios de água, ainda não sabemos aonde vamos nos dirigir com o pouco que sobrou”, disse Joana Paulino Manuel, totalmente aflita, porque não sabia onde ia deixar as crianças.

Augusto Ferreira, morador no bairro de Mabungo, procurava saber, de um familiar que mora no Desvio da Barra, se em casa dele sobrava espaço para albergar as suas coisas, que estavam ao relento.

A governadora do Bengo, Maria Antónia Nelumba, ao constatar a situação no terreno, disse que o que está a acontecer é muito grave e prometeu intervenção de fundo.

"A situação nestes bairros é muito preocupante, precisa de intervenção urgente”, sublinhou, prometendo ajuda à população afectada.

Luanda sem grandes danos

Engrácia Francisco

O Serviço de Protecção Civil e Bombeiros (SPCB) não reportou, até ao fecho desta edição, danos humanos e materiais, na sequência das fortes chuvas que se abateram sobre a cidade de Luanda, na madrugada de ontem.

A porta-voz do SPCB, inspector-chefe, Maina Panzo, disse, ao Jornal de Angola, que algumas vias secundárias e terciárias ficaram intransitáveis. "O município de Viana e Cazenga continuam a ser as zonas mais afectadas".

Por outro lado, o Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica de Angola (INAMET) deu a conhecer que o município de Luanda vai registar chuviscos, nas próximas horas.

A capital vai contar com uma temperatura máxima de 32 graus celsius e mínima de 25 graus.

Ainda na região Norte, há previsão de chuva fraca a moderada, com probabilidade de ocorrência de trovoadas isoladas, em alguns municípios das províncias de Cabinda, Bengo, Zaire, Cuanza-Norte, Malanje, Uíge, Cuanza-Sul, Lunda-Norte e Lunda-Sul.

Nas províncias do Huambo, Bié, Moxico e Benguela há previsão de chuva moderada, enquanto no Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango poderá registar-se chuva fraca.

O município de Ondjiva, na província do Cunene, será, hoje, a localidade mais quente, com 35 graus celsius de máxima e 21 de mínima.

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