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A circulação de veículos na zona do Hogiwa, um importante nó rodoviário na EN 100, a cerca de 70 quilómetros da vila de Porto Amboim, província do Cuanza - Sul, continua a ser feita sob graves restrições, com muitas viaturas, sobretudo as pequenas, a não conseguirem a travessia.
Com uma extensão territorial de 7.065 km2 e uma população estimada em 400 mil habitantes, o Bailundo situa-se geograficamente a 75 quilómetros a norte da cidade do Huambo
Sob o lema "Bailundo, um povo, uma terra, uma esperança”, o município da zona norte da província do Huambo assinala, hoje, 121 anos de existência. Um território, que encerra histórias que vão desde o monte de Halavala ao desfile de soberanos como Katyavala Bwila I, Ekuikui II, Mutu ya Kevela e outros.
Com efeito, depois de ascender à categoria de vila a 16 de Julho de 1902, através do decreto-lei nº 54 do Boletim Oficial nº 1, o agora município do Bailundo, que abarca 70 povoações, 576 aldeias e 80 ombalas que preenchem as suas quatro comunas, a saber Hengue, Lunje, Bimbe, Luvemba, além da sede, conhece avanços significativos. Estes vão desde a vertente económica e social, bem como a política e cultural.
Nesse sentido, as obras inseridas na carteira do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM) surgem como mola impulsionadora do desenvolvimento da região, outrora denominada Halavala. O administrador municipal Ireneu Cândido Leonardo Sacaála lembra que o montante aplicado neste projecto do Executivo tem um orçamento global de 905 milhões, 932 mil, seiscentos e quarenta e seis kwanzas e 30 cêntimos.
Na abordagem feita ao Jornal de Angola, no âmbito das festividades dos 121 anos de existência do Bailundo, que se assinalam hoje, o responsável sublinha que são 30 projectos inseridos na carteira do PIIM.
Destes, 23 já estão concluídos, cinco em curso e por imperativo de vária ordem foram retirados outros dois projectos relacionados com o saneamento básico. O administrador Ireneu Sacaála justifica que os projectos "representam uma mais-valia naquilo que diz respeito ao crescimento e desenvolvimento do município do Bailundo”.
Situação geográfica
Com uma extensão territorial de 7.065 km2 e uma população estimada em 400 mil habitantes, o Bailundo situa-se geograficamente a 75 quilómetros a norte da cidade do Huambo.
A região é limitada a norte pelos municípios da Cela (Cuanza-Sul) e Andulo (Bié), a leste pelos do Mungo, Cunhinga e Chinguar, estes dois últimos circunscritos também ao território bieno. Já no sul tem como pontos limítrofes o Cachiungo, Chicala Choloanga e a cidade do Huambo, ao passo que a oeste é limitado por Ecunha, Lomduimbe e Cassongue(Cuanza-Sul).
História do surgimento do Reino do
Bailundo
O Reino do Bailundo surgiu nos anos de 1700 e foi um estado nacional africano dos povos ovimbundo, que eram dotados de poderes políticos e económicos. O Reino encontra-se localizado no Planalto Central de Angola e naquela época abrangia, além do Huambo, as províncias de Benguela, Bié e uma parte da Huíla.
Quando surgiu, o Reino do Bailundo era denominado de Halavala, nome atribuído devido à localização geográfica, próximo de um monte. Posteriormente passou a chamar-se "Mbalundo”, que tinha a ver com o uso de jóias e bijuterias por parte do povo. Estes acessórios eram também chamados de Ombalundo.
O Reino comportava, no passado, um palácio real, 35 residências para os membros da corte e jangos que serviam para julgamentos.
O
fundador
O Reino do Bailundo foi fundado pelo Rei Katyavala Bwila I. Segundo a história, ao fugir de uma aldeia para outra devido aos conflitos entre as tribos na região do Humbe, Katyavala Bwila I chegou até ao Planalto Central, propriamente no monte Halavala.
O território do Reino do Bailundo tinha sob a sua jurisdição cinco regiões, que se uniram para fortificar o reinado do Rei Katyavala Bwila I, a saber: Calique, Andulo, Vilé, Quiaca e Halavala.
SECTOR DA SAÚDE
Município dispõe de 33 unidades sanitárias
O município do Bailundo conta com 33 unidades sanitárias, entre as quais dois hospitais de referência, cinco centros de saúde, um materno-infantil e 25 postos de saúde.
Em termos de capacidade de internamento, as 33 unidades sanitárias têm disponíveis 322 camas, sendo 180 nos dois hospitais de referência, 80 nos centros de saúde e 30 no centro materno-infantil. Já os 25 postos de saúde têm apenas, no conjunto, 32 camas.
Segundo o director municipal de Saúde do Bailundo, Timóteo Mango Samemba, o sector emprega 682 profissionais dentre médicos, enfermeiros e especialistas em diversas áreas, bem como funcionários administrativos e pessoal dos serviços de apoio hospitalar.
O responsável da Saúde do Bailundo informou que no decurso do primeiro semestre deste ano realizaram-se 137.325 consultas em diferentes especialidades, sendo 37.895 de Medicina, 60.719 de Pediatria, 22.391 de obstetrícia, 12.198 de Puericultura, 534 de Ginecologia, 1.135 de Pré-natal e 2.453 Cirurgias. No que concerne às doenças mais frequentes, Timóteo Samemba apontou a malária, as respiratórias agudas, infecções de transmissão sexual, tuberculose, tétano, raiva, lepra, hipertensão arterial, diabetes e outras.
O responsável da Saúde no Bailundo defende o reforço de quadros, para se poder cobrir todas as localidades do município.
Apontou que neste momento existem 25 médicos especialistas nas áreas de Pediatria, Clínica geral, Ginecologia, Neurologia, Ortopedia e Anestesiologia, 41 enfermeiros, 20 técnicos licenciados em várias especialidades e 75 técnicos médios de Enfermagem.
TÚMULO DOS REIS
A história do Akokoto
Durante o périplo feito pelo município do Bailundo, situado a cerca de 75 quilómetros a Norte da cidade do Huambo, a equipa do Jornal de Angola fez uma incursão ao Akokoto. Para muitos, o nome não diz nada, mas quando se apega à tradução em umbundo, aí a coisa muda de cenário, pois esta encerra algo ligado à história dos soberanos da região.
Akokoto, traduzido para a língua portuguesa, não é mais senão do que o lugar ou túmulo onde jazem os crânios dos reis desta região. Daí este ser considerado como um lugar sagrado para o poder tradicional.
A anteceder a sepultura dos reis ocorre "o cuteto o tue waya”, o designado corte da cabeça dos soberanos que depois é encaminhada ao Akokoto, numa cerimónia que ocorre no período nocturno e restringida apenas a alguns membros da corte. Relatos a esse respeito dão conta que só a cabeça é encaminhada ao Akokoto e o resto do corpo pode ser sepultado num cemitério normal.
Regra geral, a morte do soberano só é anunciada tão logo acontece o chamado "o cuteto o tue waya”, que dura alguns dias.
Tchongolola Tchongonga é o mais jovem a ocupar o trono
Numa conversa descontraída com Jornal de Angola, no pátio da Administração
Municipal, o Rei do Bailundo, Ekuikui VI Tchongolola Tchongonga, mostrou-se
convicto de que as várias obras em curso nesta parcela da província do Huambo,
colocam-na na rota do crescimento. O soberano, por sinal o mais novo, que
passou pelo trono da região, realça a história desta desde os idos anos de 1700
até aos dias de hoje.
Em pleno período de festejos de mais um aniversário da elevação do Bailundo à categoria de vila, que se assinala hoje, o Rei Tchongolola Tchongonga disse serem 121 anos de "memoráveis feitos”.
"Realmente o Bailundo completa neste dia (16 de Julho) 121 anos da sua existência e acreditamos que desde lá (1700) até hoje temos um município em franco desenvolvimento, sobretudo naquilo que as comunidades praticam no seu dia-a-dia”, começou por dizer o jovem soberano nascido a 10 de Agosto de 1984.
O Rei do Bailundo destaca, por outro lado, as potencialidades agrícolas da outrora denominada "Halavala”, facto que encontra respaldo na cifra de 90 por cento da população local ser maioritariamente camponesa. "Por isso, temos muitas cooperativas e associações dedicadas à agricultura”, acrescentou.
Tchongolola Tchongonga sublinhou que nos domínios da Educação e Saúde, o Bailundo dispõe hoje de novas infra-estruturas que estão a propiciar melhores condição de vida aos mais 350 mil habitantes desta região a nível das suas cinco comunas, incluindo a sede municipal. "Nestas é notório também o desenvolvimento em benefício da população”, disse.
Sobre a história desta parcela do território da província do Huambo, o soberano esclareceu que "é o município do Bailundo que está dentro do Reino do Bailundo”. "Portanto, primeiro é o reino. Por isso, é o reino que recebeu a administração. Daí ser um município com histórias muito boas”, assinalou.
Tchongolola Tchongonga lembrou, ainda, que a história da região começa em 1700 com o Rei Katyavala Bwila I, uma figura proveniente do Cuanza-Sul, que chega nestas terras numa altura em que a região não se chamava Bailundo, mas sim Halavala.
"Nessa altura os residentes desta parcela eram chamados povo de Halavala. Eram assim designados porque estavam concentrados no morro de Halavala e porque naquela altura era estratégico as pessoas viverem no monte ou na montanha por questões de segurança, visto que a região era uma mata em que coabitavam também muitos animais ferozes. Portanto, viver na montanha era uma forma de se protegerem”, disse.
Perto de completar 39 anos, o mais novo Rei do Bailundo conta que desde o passado o povo da região seguiu sempre a sua cultura, tradições, relíquias e que havia duas figuras que faziam a gestão do povo, que eram o Nbulo e o Xingala.
Na época, de acordo ainda com o Rei Ekuikui VI Tchongolola Tchongonga, destacavam-se três actividades, que eram tidas como muito importantes. "Refiro-me à pesca, pecuária e agricultura. E essas duas figuras, o Nbulo e o Xingala, davam ensinamento aos jovens e adultos para que povo de Halavala pudesse crescer cada vez mais”, concluiu o soberano do Bailundo.
Dados biográficos
O actual Rei do Bailundo, Ekuikui VI Tchongolola Tchongonga, cujo nome de registo é Isaac Francisco Lucas, nasceu no município do Bailundo, a 10 de Agosto de 1984. Fez o ensino primário na escola primária de Kalandula, o básico na escola Ekuikui e ensino médio no curso de Ciências Económicas e Jurídicas desta jurisdição. Actualmente é estudante do curso de Direito, na Faculdade de Direito da Universidade José Eduardo dos Santos.
Em 2000, devido ao conflito armado, refugiou-se na República da Namíbia, onde aprendeu a falar inglês e francês. Em 2006, com a paz, regressa ao país e para o Bailundo, onde começa a ajudar o avô Katchitiopololo, em certas actividades da Ombala. Desempenhou, ainda, o papel de motorista e de secretário da Ombala até ao tempo de reinado de Ekuikui V, em que era vice-rei.
É,
desde 2018, conselheiro da Associação dos Naturais e Amigos do Bailundo (ANDA
MBALUNDU). Nessa altura é também presidente da Associação das Autoridades
Tradicionais do Bailundo. Isaac Francisco Lucas, por sinal, investidor na área
de telecomunicações e agricultura, é casado e pai de quatro filhos.
Bailundo já teve 37 soberanos no trono
O Reino do Bailundo conta com uma Ombala Mbalundo, onde funcionam 35 sobas, dos
quais oito permanentes que residem naquele local tradicional e o monte
Halavala, local histórico onde jazem os restos mortais dos Reis Katyavala,
Ekuikui II e IV.
O trono do Reino do Bailundo já foi exercido desde a época de Katyavala Bwila até Ekuikui VI Tchongolola Tchongonga, que está em funções actualmente, por 37 soberanos.
Eis a lista dos reis que dirigiram o Bailundo: Katyavala Bwila I, Jahulo I, Samandalu, Tchingui I, Tchingui II, Ekuikui I, Numa I, Hundungulo I, Tchissende I, Jungulo, Ngundji, Tchivukuvuku Tchama Tchongonga, Utondossi, Bonji, Bongue, Tchissende II, Vassovava e Katiavala II, respectivamente.
A estes dezoito juntam-se os também soberanos Ekongoliohombo, Ekuikui II, Numa II, Moma, Kangovi, Hundungulo II, Mutu ya Kevela (vice-rei), Tchissende III, Jahulo II, Mussitu, Tchinendele, Kapoko, Numa II, Pessela Tchongolola, Ekuikui III e Ekuikui IV, Augusto Katchitiopololo, Armindo Francisco Kalupeteka (Ekuikui V) e Rei Ekuikui VI Tchongolola Tchongonga, que está em funções nesta altura.
NESTE DOMINGO
Actividades desportivas marcam festejos do município
No âmbito dos festejos dos 121 anos de existência do Bailundo, a assinalarem-se hoje, a região vai acolher uma corrida de motorizada e um desfile de patinagem. Para o efeito, o director municipal dos Tempos Livres e Juventude e Desportos disse que se pretende com a realização dessas massificar as duas modalidades.Alcides Veríssimo Daciala lembrou, a esse respeito, que para a prova motorizada, além de corredores do Bailundo, foram também convidados outros do município do Huambo.
Em relação à patinagem, disse que vão desfilar 16 atletas locais e cinco originários do município sede da província do Huambo.
O responsável do Sector dos Tempos Livres, Juventude e Desportos lembrou que ao contrário de outras edições das festas do Bailundo este ano não se vai realizar o torneio do futebol por estar já a decorrer uma prova de 16 equipas a nível local, que tem o encerramento no final do mês em curso. "Nesta edição, que marca os 121 anos do Bailundo, teremos apenas a patinagem e o desporto motorizado, como forma de galvanizar também o público com a disputa destas provas e encetar-se, assim, a massificação dessas duas disciplinas”, sublinhou.
O responsável da Juventude e Desportos do Bailundo realçou que a nível do município tem sobressaído ainda a prática de outras modalidades como a ginástica e o Taekwondo. Nesta última a região ostenta um título provincial.Seja o primeiro a comentar esta notícia!
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