Em Angola, como em muitos países do mundo, o 1º de Maio é feriado nacional e costuma ser celebrado com marchas e comícios, em que se fazem discursos reivindicativos de direitos dos trabalhadores. Não é uma data qualquer.
Hoje, a nossa Nação e, particularmente, a comunidade jurídica assinala um ano da entrada em funções dos juízes de garantias, magistrado com dignidade constitucional que, entre nós, passou desde 2 de Maio de 2023 a ter a responsabilidade de salvaguardar os direitos individuais de qualquer pessoa alvo de investigação por um suposto acto criminal derivado da sua conduta.
Angola assinalou ontem, com várias actividades político-culturais, 22 anos de Paz e Reconciliação Nacional desde que foi assinado, a 4 de Abril de 2002, o Memorando de Entendimento do Luena, que pôs fim a 27 anos de guerra fratricida.
O calar das armas ordenado pelo então Presidente da República, José Eduardo dos Santos, foi efusivamente saudado por milhares de angolanos, pois representava a concretização de um sonho que era perseguido desde que Angola se tornara um país independente, todavia em permanente estado de guerra civil.
A dimensão militar da paz estava alcançada e abriam-se as portas para a sua consolidação e para a construção das outras dimensões da paz, nomeadamente as dimensões política, social, económica, enfim, a plena dimensão humana do espírito de pacificação e reconciliação que depende em larga medida da existência desses pressupostos.
De facto, foi possível constatar que o fim da guerra deu lugar, no país, a um novo estado de alma, a um novo estado de espírito, pautado pelo optimismo que se instalou em relação ao futuro. As obras de reconstrução que foram sendo realizadas deram fôlego a esse ânimo. As estradas para o interior por onde antes não se circulava devido à guerra foram reabilitadas e as ligações entre as várias províncias, que a guerra impedia que fossem feitas em ambiente de paz, passaram a ser uma realidade.
Surgiram as centralidades, que são, do ponto de vista emblemático, um símbolo inequívoco desse período.
As pessoas que perderam entes queridos na guerra não os esqueceram. Trataram de sarar as feridas da alma vivendo com essas recordações, todavia com a percepção de que o melhor ainda era cuidar da paz do que dar azo à continuação do cortejo de vinganças. As gerações futuras exigiam uma oportunidade de vida em paz e de progresso; o país exigia uma oportunidade para se recompor e viabilizar o imenso potencial económico, que esperava uma chance de ser explorado para contribuir para o bem-estar de todos.
Vinte e dois anos passados desde a conquista da paz, continuamos a lutar para construir de forma sólida as diferentes dimensões que a palavra paz encerra; a corrigir erros cometidos durante o percurso; a procurar encontrar, a procurar realizar o que melhor se ajusta à dimensão espiritual que os angolanos têm do conceito de paz.
A paz social, a paz humana, depende muito da forma como são equacionados os problemas económicos e da capacidade de as soluções gerarem os mais amplos benefícios para as populações. No plano económico, embora alguns resultados sejam visíveis e outros nem tanto, porque vão demorar o tempo necessário para que possam ser conhecidos, o país corre a passos largos numa maratona que só quem conhece os sacrifícios que lhe são intrínsecos tem a paciência inata para compreender que é preciso um tempo de espera para usufruir, na plenitude, os ganhos que advirão.
Não é despropositado dizer que a guerra provocou prejuízos colossais, tanto quanto é verdade afirmar que a corrupção, que infelizmente não está estancada, teve e tem tido um impacto negativo considerável em todas as esferas da vida económica, política e social do país, ao ponto de condicionar o desempenho e a qualidade do trabalho de importantes sectores económicos a nível nacional.
A corrupção é um dos males que afecta directa e indirectamente a paz, porque concorre para a destruição dos valores de coesão social; porque ao minar esses valores promove uma mentalidade perniciosa, que todos sabemos ser contrária ao desenvolvimento das sociedades.
A dimensão política da paz tem, pois, tudo a ver com o que se disse atrás e com o que vem a seguir.
A paz não é só o calar das armas. O calar das armas é um passo. Manter a paz tem custos enormes que muito boa gente não conhece, não imagina. Manter e redireccionar as Forças Armadas para novos objectivos é também uma dimensão importante da construção da paz. Porque a paz - e nós angolanos conhecemos e temos experiência disso -, não é algo que tenhamos de preservar apenas com trabalho intra-fronteiras. É primordial todo o trabalho em território nacional, mas é também importante que o nosso aprendizado, o nosso saber, possa contribuir para a paz nos países vizinhos e no mundo.
Aqui entra a dimensão securtiária e diplomática do trabalho que Angola tem desenvolvido para a preservação - ou conquista, ali onde ela não existe - da paz em várias partes do continente africano, como acontece no Leste da RDC, na África Central e na Região dos Grandes Lagos, que são os exemplos mais próximos.
*Jornalista
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LoginTrinta e dois anos depois do estabelecimento das relações diplomáticas, Angola e Coreia do Sul voltam, como que a ser desafiadas não apenas a dar prova da excelência dos laços, por via do reforço das ligações já existentes, mas também a descobrir novas áreas de interesse comum.
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