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Arroz produzido em Angola ganha mercado no exterior

Angola tem, actualmente, uma produção de arroz acima de 30 mil toneladas/ano, números que aliciam vendedores informais para exportarem fora dos controlos normais o alimento em mercados no exterior do país.

19/01/2024  Última atualização 08H35
Ásia, estão os oito maiores produtores mundiais de arroz © Fotografia por: DR
O preço e a procura alta são dois factores que levam a que o arroz de Angola, ainda pouco para o consumo interno, comece a trilhar os caminhos da exportação ainda que de forma ilegal.

Fonte do Ministério da Agricultura e Florestas adiantou ao Jornal de Angola que países como China e os fronteiriços RDC, Zâmbia e Namíbia têm sinais de presença de embalagens de arroz produzidos em Angola. Sem uma associação formalizada e integrados, grosso modo, na Associação de Produtos Pecuários de Angola (APPA), os produtores de arroz continuam a ressentir da ausência de máquinas de descasque e, este ano, da intensa chuva em época imprópria.

"Berço” do arroz

Malanje é, neste momento, das principais referências do país na produção de arroz. Em 2022/2023, a província da "Palanca Negra Gigante” contribuiu com mais de seis mil toneladas das mais de 30 mil registadas pelo país. A oferta representa um peso superior a um quinto (1/5). A bandeira é o "arroz Luquembo”, produzido pela Fazenda Marsiris, no município de Luquembo. As autoridades nacionais e as explorações familiares e empresariais querem ver o país a garantir todos os anos 500 mil toneladas de arroz. Essa quantidade colocaria Angola longe da rota de importadores, além de gerar menor pressão sobre a balança de pagamentos. O arroz é, a par do pão, dos alimentos mais consumidos pelas famílias e o actual preço de 800 a 1.200 kwanzas o quilo ainda é visto como bastante alto para o consumidor. Apesar desta liderança visível de Malanje, Angola está a produzir arroz no Bié (Camacupa), no Cuanza-Sul (Quibala, Mussende e outros), Huambo, Cuando Cubango, Moxico, assim como nas Lundas Norte e Sul, onde, apesar dos esforços, ainda é muito pouca a informação relativa aos projectos familiares e empresariais de produção de arroz.

Catinton é onde se vende o arroz mais barato

O mercado do Catinton, no Distrito Urbano da Maianga, município e província de Luanda, é onde, actualmente, se vende o quilograma ao preço mais barato, apenas 800 kwanzas.

Já o supermercado Fresmart, com preço de 909 kwanzas o quilo é nesta categoria o que mais barato vende, até ao início desta semana. Ao cobrarem 1.290 e 1.200 kwanzas, respectivamente, o supermercado Maxi e os mercados do Kifica e Congolenses foram então os que mais caro apresentaram o produto.

O Governo angolano reserva, no OGE 2024, uma fatia significativa para apoiar os produtores nacionais, sendo a fileira do arroz estratégica nessa opção.

Cereal é estratégico

Cultivado e consumido em todos os continentes, o arroz destaca-se pela produção e área de cultivo, desempenhando papel estratégico tanto no aspecto económico quanto social.

Até ao ano 2019, dados da Organização Mundial da Alimentação (FAO) indicavam que cerca de 150 milhões de hectares de arroz são cultivados anualmente no mundo, produzindo 590 milhões de toneladas, sendo que mais de 75 por cento desta produção é oriunda do sistema de cultivo irrigado. É alimento básico para cerca de 2,4 bilhões de pessoas e, segundo estimativas, até 2050, haverá uma demanda para atender ao dobro desta população.

É um dos mais importantes grãos em termos de valor económico. É considerado o cultivo alimentar de maior importância em muitos países em desenvolvimento, principalmente na Ásia e Oceania, onde vivem 70 por cento da população total dos países em desenvolvimento e cerca de dois terços da população subnutrida mundial.

Diversas utilidades

O arroz possui pouco glúten, e por isso não é utilizado para a fabricação de pães. Em certos países, como o Japão, a palha de arroz é empregada na confecção de esteiras, cestas e calçado, mas no Ocidente - e, cada vez mais, em todo o mundo - tem aplicações económicas importantes: óptimo componente para a ração animal, é também usada em indústrias de bebidas, para fermentação, e na agricultura, como fertilizante e cobertura em plantações. O arroz é um dos alimentos com melhor balanceamento nutricional, fornecendo 20 por cento da energia e 15 por cento da proteína per capita necessária ao homem, e sendo uma cultura extremamente versátil, que se adapta a diferentes condições de solos e clima, é considerado a espécie que apresenta maior potencial para o combate à fome no mundo. Aproximadamente 90 por cento de todo o arroz do mundo é cultivado e consumido na Ásia. A América Latina ocupa o segundo lugar em produção e o terceiro em consumo. ~

Assim como na Ásia, o arroz é um produto importante na economia de muitos dos países latino-americanos, pelo facto de ser elemento básico na dieta da população, como nos casos do Brasil, Colômbia e Peru, ou por ser um produto importante no comércio internacional, como no  Uruguai, Argentina e Guiana, como exportadores, e de Brasil, México e Cuba, entre outros, como importadores.

FAO diz haver menos arroz pelo mundo

O índice mundial de preços de alimentos elaborado pela Agência das Nações Unidas caiu em Agosto do ano passado num novo mínimo de dois anos, revertendo, na altura, a retoma observada no mês anterior, uma vez que o recuo dos preços da maioria das "commodities” alimentícias compensou os aumentos no arroz e no açúcar.

O índice de preços da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que acompanha as commodities alimentares mais comercializadas globalmente, atingiu uma média de 121,4 pontos em Agosto, contra 124,0 pontos no mês anterior, informou a agência recentemente numa entrevista.

A leitura de Julho foi revisada para cima, ante uma estimativa inicial de 123,9, com uma recuperação frente à mínima de dois anos registada em Junho.

O valor de Agosto foi o mais baixo desde Março de 2021 e ficou 24 por cento abaixo do recorde histórico atingido em Março de 2022, após a guerra entre a Ucrânia e a Rússia.

A queda no índice geral reflectiu declínios nos produtos lácteos, óleos vegetais, carne e cereais, apesar de um salto no benchmark de arroz da FAO para uma alta de 15 anos após as restrições de exportação da Índia, disse a agência.

O índice de cereais da FAO caiu 0,7 por cento em relação a Julho, uma vez que os preços do trigo caíram em função das colheitas no Hemisfério Norte, enquanto o milho caiu pelo sétimo mês consecutivo, atingindo o nível mais baixo em quase três anos, pressionado por uma safra recorde no Brasil e pela aproximação da colheita nos EUA, segundo a agência.

Alta de preços

A última semana foi marcada pela continuidade do aumento nos preços do arroz, apesar de um mercado com liquidez reduzida.

Segundo o analista e consultor da Safras & Mercado, Evandro Oliveira, a média da saca de arroz no Rio Grande do Sul está 40 por cento mais alta em comparação com igual período do ano anterior.

As lavouras plantadas nos meses de Outubro e Novembro estão a receber irrigação regular e apresentam boa qualidade visual, beneficiadas por dias ensolarados e temperaturas favoráveis.

Em termos de preços, a média da saca de arroz no Rio Grande do Sul, considerando 58/62 por cento de grãos inteiros e pagamento à vista, era de R$ 130,63 no dia 11, representando um aumento de 1,81 por cento em relação à semana anterior, 6,13 por cento em comparação ao mesmo período do mês passado e um acréscimo de 41,11 por cento se comparado ao mesmo período de 2023.

Brasil é "Rei do arroz” na lusofonia

O Brasil é o país de expressão portuguesa com melhor colheita na produção de arroz.

Os sul-americanos ocupam mesmo, no ranking mais recente, a modesta nona posição, valendo-lhes um peso enorme no comportamento dos preços globais do alimento.

Dados referem que a semana passada foi marcada pela continuidade do movimento de alta nos preços do arroz, embora a liquidez permaneça em níveis reduzidos.

"A média da saca gaúcha neste momento está mais de 40 por cento superior em comparação com o mesmo período do ano anterior, tal reflecte a forte valorização”, relata o analista e consultor Evandro Oliveira, da Safras & Mercado. O dólar fraco frente ao real continua impactando nas exportações, mantendo-as em níveis baixos. "Os preços estão supervalorizados, com o arroz em casca  a ultrapassar a marca de 530 dólares por tonelada e o beneficiado próximo dos 900 dólares a tonelada”, exemplifica o analista.

"Apesar dessas condições, há rumores sobre o fechamento de duas cargas de arroz beneficiado para embarque em Fevereiro, embora os contratos tenham sido firmados no último trimestre de 2023”, acrescenta.

Em relação à nova safra gaúcha, os dados mais recentes do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) indicam que os trabalhos estão tecnicamente encerrados. As lavouras semeadas em Outubro e Novembro estão a ser irrigadas regularmente, apresentando um excelente aspecto visual devido à sequência de dias ensolarados e às temperaturas adequadas na região.

Ásia concentra os oito maiores produtores

Na Ásia, estão os oito maiores produtores mundiais de arroz.
Dados pesquisados pelo Jornal de Angola apontam que, actualmente, em 1º lugar está a China, seguida pela Índia, Bangladesh, Indonésia, Vietname, Tailândia, Myanmar e Filipinas, que produzem 214, 195, 57, 54, 44, 34, 25 e 20 milhões de toneladas, respectivamente.

Na tentativa de conter os preços elevados no mercado interno, a Índia parou de exportar arroz em 2023.

Com sérios problemas com a safra, a Tailândia não conseguiu suprir a demanda. Foi o Vietname, terceiro maior exportador do mundo, quem ficou responsável por este abastecimento, pressionando os preços do produto.

O Brasil está entre os dez principais produtores mundiais de arroz, com cerca de 11 milhões de toneladas para um consumo de 11,7 milhões de toneladas base casca, destacando-se como o maior produtor de fora do continente asiático. Em 2008, a produção brasileira representou 2 por cento do total mundial, e cerca de 55 por cento da América Latina. Em termos de receita, a lavoura orizícola tem grande importância económica para o Brasil.

No ano 2000, a produção no valor de 3,34 biliões de reais, representou 6,7 por cento do valor bruto da produção agrícola nacional (R$ 49,75 biliões). Apenas a soja, milho, café e cana-de-açúcar têm valor bruto maior do que a orizicultura. Essa produção é oriunda de dois sistemas de cultivo: irrigado e de sequeiro

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