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Angola empata com a Argélia na estréia no CAN

Betumeleano Ferrão

Raposas do Deserto pareciam ver, segunda-feira, um galinheiro cheio, com a porta aberta, quando o jogo começou no Estádio da Paz. Foram donos e senhores da bola, marcaram um golo aos 19, grande sentido de oportunidade de Bounedjah, mas não mataram de imediato o jogo. Como perderam muito fôlego, sofreram na segunda parte golo.

16/01/2024  Última atualização 08H00
© Fotografia por: DR

O penálti marcado por Mabululu fez justiça ao marcador aos 68, um resultado aceitável na estreia das duas selecções no CAN-2023.

Disposta a mandar recados a partir do relvado, a Argélia entrou a campeão, puxou dos galões e durante uns vinte minutos parecia que estava a treinar para jogar. Angola nem cheirar bem a bola conseguia, em parte porque o visível nervosismo fazia mais mossa do que a pressão argelina! Enquanto Raposas do Deserto se sentiam mais do que confortáveis em ter a bola nos pés, Palancas Negras faziam o oposto. O medo de ser culpado fazia com que o esférico tivesse fogo e também muito chumbo pesado.

O jogo tinha um sentido único, porque era apenas no meio-campo nacional em que havia acção. Deu a sensação de que o campo tinha sido reduzido; mesmo com a estrela apagada de Mahrez a passar ao largo do jogo, a qualidade da Argélia encurtou Angola nos 45 minutos iniciais.

A jogar a seu bel-prazer, a Argélia festejou um golo consentido, mas que era reflexo do evidente. Kialonda Gaspar ficou mal na fotografia, porque tinha como recuar e tentar outro tipo de abordagem ao lance. Contudo, preferiu esticar o pé e falhou o corte. A bola bateu uma vez no solo e ganhou a altura que o vistoso Bounedjah queria para disparar com preparação e tirar o primeiro zero do marcador.

"Ainda” decorriam 19 minutos quando aconteceu o 1-0, mas quem temeu que viesse o pior não estava errado, ainda mais porque nem o balançar das redes foi suficiente para causar revolta nas hostes nacionais.

O abalo sofrido pelo golo quase gerou uma debandada geral, mas o VAR entrou em acção para devolver a esperança Palancas Negras. Uma vez mais Kialonda Gaspar foi negligente na abordagem e deixou Bounedjah dominar com a cabeça e fazer uma maravilha que não valeu porque houve intervenção do Vídeo-árbitro.

Talvez por pensar que o passeio estava a ser tranquilo demais, a Argélia aos poucos começou a cair de rendimento. Ainda tinha mais bola, mas não conseguia ser mais ameaçadora, o que acabou por ser um mal que veio para bem dos Palancas Negras, pois antes do intervalo Pedro Gonçalves tirou Bruno Paz e lançou Mabululu, uma substituição que não parecia fazer sentido, mas que acabou por antecipar o que veio a acontecer rapidamente na segunda parte.

Até certo ponto, há sim motivos para questionar o regresso angolano do intervalo. Aceita-se que não foi uma mudança de água para vinho, mas esteve muito perto disso, já que a equipa se soltou completamente e pela primeira vez a Argélia começou a sentir que tinha um adversário em campo. O despertar dos Palancas Negras fez mossa a Raposas que fugiram para o deserto, sem antes resolver o jogo.

Se na etapa inicial Lóide Augusto foi vítima dos ataques argelinos, no segundo tempo ele subiu de rendimento e vingou-se ao fazer o cruzamento que Mabululu controlou, antes de ser tocado positivamente por Bentaleb. Penálti claríssimo!

A demora de três minutos entre o apito do árbitro a assinalar o castigo máximo e a ordem para Mabululu chutar, causou apreensão em todos, menos no avançado angolano que com mestria bateu Zidane, mas como o árbitro não validou de primeira, antes de correr para os festejos, o confiado Mabululu foi reconfirmar o empate para dissipar dúvidas aos 68’.

O jogo aqueceu porque a Argélia se sentiu ferida no orgulho e tentou recuperar o que fez quando era dona e senhor do jogo. Contudo, Palancas Negras não voltaram mais a tremer como na etapa inicial. Tiveram alguns deslizes, mas não deixaram nunca que as Raposas do Deserto chegassem próximo do 2-1!

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