Opinião

Ajudar a transformar África

Juliana Evangelista Ferraz |*

Neste Sábado, será o dia 25 de Maio, data esta celebrada como o Dia de África e falar dos desafios do continente que afectam a todos trás o fortalecimento e parcerias entre as nações.

21/05/2024  Última atualização 06H20

Segundo o Banco Mundial, a economia da África Subsaariana vai registar uma aceleração da taxa de crescimento, que se irá situar nos 3,4%, contra os 2,6%  registados em 2023. Estes registos irão impactar a conjuntura económica, em termos de empregabilidade um pouco pelos países, com destaque para a potência sul-africana.

Apesar dos desafios estruturais e das consequências que derivaram da Covid-19, África continua a ser um dos principais destinos de investimento em matérias-primas e energias limpas, prevendo-se que, num futuro próximo, as tecnologias limpas, a energia, as infra-estruturas, serviços financeiros, as tecnologias da saúde e a agricultura recebam os mais elevados níveis de investimento.

Além disso, o investimento internacional em competências digitais de base local está a aumentar, e de acordo com o relatório de atractividade da Ernest & Young (EY) para África, nos últimos anos registou-se um aumento notável nos investimentos em capital privado e no capital de risco, particularmente em áreas como o imobiliário, tecnologia, infra-estruturas, hotelaria e turismo, cuidados de saúde, energias renováveis e os bens de consumo.

Porém, os investimentos de impacto/sustentabilidade estão a aumentar com muitos intervenientes a tornarem-se mais socialmente conscientes e dispostos a retribuir.

O relatório de atractividade da EY para África faz menção que o investimento directo estrangeiro aumentou cerca de 64%, sendo que a África do Sul liderou com (157) projectos em 2022, seguida pelo Egipto (149), Marrocos (71) e Quénia (63). Em termos de montantes de investimento, o Egipto esteve no comando (107 mil milhões de dólares), África do Sul (27 mil milhões de dólares), Marrocos (21 mil milhões de dólares) e o Zimbabué (5 mil milhões de dólares) a reboque, tornando-se visível que os maiores centros de investimento situam-se no Norte e no Sul de África.

Os países africanos precisam de crescer mais rápido do que o resto do mundo, e em particular mais rápido do que os países ricos da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), e da potência chinesa para atingirem vários objectivos, como a redução da insuficiência alimentar e a redução de desigualdades sociais.

Apesar da África subsaariana estar entre as regiões que registam os mais elevados índices de pobreza, analfabetismo e desafios em termos de produtividade, é justo dizer que se observa uma melhoria da mudança de mentalidade das elites políticas e económicas em África, na forma como conduzem os processos de gestão pública e privada em todo o continente. Fenómenos como a descolonização, democracia e globalização são certamente factores fundamentais que contribuem para que o continente recupere as suas instituições políticas económicas e sociais.

Vários especialistas apontam a deslocação de riqueza e o surgimento de economias emergentes como uma das origens do problema da transformação produtiva em África. A deslocação de riqueza trás oportunidades para a diversificação das exportações a nível do continente, abertura de novas indústrias de transformação para a região de África.  Mas cabe destacar que essas economias devem criar factores de atractividade e retenção de investimento de variadas fontes.

Devido aos vários problemas de subdesenvolvimento do continente Vs densidade populacional, os países africanos devem, mesmo, articular as suas políticas de forma a corrigir os desequilíbrios existentes causados pelo défice alimentar e assegurar aos mercados o abastecimento regular dos géneros alimentícios, uma vez que se espera que a população cresça neste século e provavelmente no próximo século.

Repare que o continente definiu metas ambiciosas em termos de taxa de crescimento de cerca de 5% do PIB per capita, mais entretanto,  apenas seis países africanos conseguiram alcançá-lo nas últimas sete décadas, nomeadamente o Gabão e a Guiné Equatorial, por via da exportação de commodities (óleo), a Costa do Marfim com a exportação de cacau, incluindo Cabo Verde e Botswana, que, no entanto, são países com menor densidade populacional comparativamente à Etiópia com mais de 100 milhões de habitantes, que manteve as taxas de crescimento ao longo de treze anos consecutivos até 2017.

Portanto, é um desafio para os países mais populosos como a Nigéria, República Democrática do Congo, Tanzânia, África do Sul e Egipto, contrariar as tendências históricas e desempenhar um papel de extrema importância para o continente, similar ao papel que a China teve nas últimas décadas, para que se processe a redução das desigualdades económicas e sociais, de forma a travar os fenómenos de emigração.

*Economista

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