Em Angola, como em muitos países do mundo, o 1º de Maio é feriado nacional e costuma ser celebrado com marchas e comícios, em que se fazem discursos reivindicativos de direitos dos trabalhadores. Não é uma data qualquer.
Hoje, a nossa Nação e, particularmente, a comunidade jurídica assinala um ano da entrada em funções dos juízes de garantias, magistrado com dignidade constitucional que, entre nós, passou desde 2 de Maio de 2023 a ter a responsabilidade de salvaguardar os direitos individuais de qualquer pessoa alvo de investigação por um suposto acto criminal derivado da sua conduta.
Acabou. A procissão do amargo fim chegou ao seu adro.
O momento é exclusivo para a desilusão reflectir, pensar o que quer de si, da sua vida. Toma lá esta esponja,absorve toda essa cascataque caiu sobre ti.Aproveita este tempo de antena para reflectires um pouco mais, para reforçares este poderde centelha. Quanto a mim: não te preocupes tanto, não gastes mais as tuas energias pré-pagas em mim. Não quero, se um dia me acontecer o amanhã, ser acusado de despesista. Se me parecer necessário, vou me concertar aos bocados. Eu quedo mesmo aqui. Fartei-me de lutar, aliás, "não se pode incitar um homem a lutar, se a semente da luta não existir nele” – disse Henry Miller certa vez. E eu concordo com o "boémio” em género, grau e número.
Capitulo-me. Se quiserdes podeis usar a minha cabeça como troféu e exibir numa tela gigante ou num outdoor publicitário. A humilhação alheia não é um negócio bastante lucrativo? Não é assim que as cidades grandes foramerguidas?
Regadas com lágrimas, sangue e suor de perdedor como eu?
Há muito que as minhas bicuatas estão arrumadas num cantinho da alma. Não tenho mais olhos para o relógio. A onomatopeia sádica do relógio agrava a minha crise de nervos, faz-me perder as estribeiras. O tempovale mesmo alguma grandeza? Parece mais atrapalhar as intenções dos perdedores. Tudo se lhes parece congelado,parado. Na mala não trago guloseimas, trago destroços e ossos como recordação. Mesmo partido, estropiado da vida-guerra, vou partir. Ficar não vai anular o placard. Nenhuma compensação, vídeo sem arbítrio compensará o meu outono de destroços. O resultado já foi decidido. Como um sem pernas pode bater penalti? Com as mãos? Infelizmente as cidades grandes não permitem o despadronizado, o que não está legislado, o que nunca foi configurado. Há gap em tudo. Repito – o resultado já foi decidido. Lamento, tenho mesmo que regressar ao lar triste lar. Quem sabe assim evitarei tornar mais densa essa atmosfera distorcida. Se o resultado fosse diferente, seo rumo dos acontecimentos não fossem anoitecidos, o regresso seria adrenalina pura, por agora é chaga, mancha indelével para memória.
Vou partir, mas com um coração sonhador às tiras, a bombear vários Saaras de amargura. Deixa eu arder, gerir melhor esse incêndio que gradua a pele e a alma. Não é a derrota um incêndio de proporções florestais para o nosso orgulho? Oxalá este perdedor aterrissa bem, não podecontinuar ser destroços atrás de destroços. Depois do frio vem calor, não pode ser mala de destroços a suportar a todo sempre, aliás, não terminamos quando uma bolagigante chamada mundodesaba sobre nós. É só um corpo a cair sobre outro.
Revisitem o logbook, tem lá as principais ocorrências que (pre)enchem os chouriços, a jornada deste perdedor assumido.
Nessa relação íntima com o mundo é tudo um mata-mata desportivo. Por isso é que já aceitei o resultado que me fora atribuído. De que adianta consultar mais o VARredor? Outro resultado talvez seria não morrer, mas alguém precisa morrer para outro ter uma vida efémera, mostrar os dentes para brevidade do sol, festejar diante da minha rigidez cadavérica.
Evitei o afogamento cruel para morrer na beira? Não se concebe, né? Fica só já assim, aliás, já consenti este pesar. Neste mata-mata cruel o que importa é marchar até à fase seguinte. É uma vida e uma morte que se entrelaçam. Uns conseguem pular o muro de betão e outros ficam a observar a estrutura debetão. Equem conseguir manter-se vivo a cada fase mortal, obviamente que alcançaráo cheiro atraente do triunfo.
E todo triunfo é uma bomba de fragmentação... há sangue em cada (des)troço da vida delirante. Há delírio em cada homem, em cada sonho, em cada nação. Em cada eu, em cada nós. Sou um homem aos bocados. Saí do teatro das operações bem destroçado, daí que concluí que um perdedor não é uma estrela que reluz. Mas ainda assim, é obrigado a dissimular o brio, a perder com dignidade, a cair de pé como se a dor(do fracasso)usasse máscaras. Ela é com ou sem eufemismos. Pronto só já, caí de pé!
Já não é tempo para correr com o prejuízo como se ainda estivesse dentro das quatro linhas. Jogo melhor quando estou fora da quadra. Aí sou muito elegível. O logbook que comigo anda tem lá esse registo bem grifado.
Desejo ao perdedor que se segue muitos sucessos na consulta, na revisitação do manual! Paz e luzcidez até ao próximo amor(desilusão) de perdição!
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