Opinião

A importância do contexto familiar para o bem-estar do idoso

Joaquim Xanana *

A família é o principal espaço de referência, por via da qual se efectiva a protecção e socialização dos indivíduos, independentemente da forma como a sociedade se apresenta. É o tronco que exerce de forma intemporal o suporte catalisador de formação de valores culturais, éticos, morais e espirituais, que têm transitado de geração em geração.

15/04/2024  Última atualização 10H05

Neste ponto particular, advoga-se que defender a família é zelar por um futuro melhor, por uma sociedade mais equilibrada e um mundo mais justo.

Não obstante isso, e segundo Margam (1877,p.49), parte da família humana existia no estado primitivo, outro segmento em um estado da barbárie e, outros ainda, no estado de civilização, por isso a história tende à conclusão de que a humanidade teve início na base da escala, seguiu em caminho ascendente, desde então até à civilização através da acumulação de conhecimento e experimentações, invenções e descobertas.

De acordo com a literatura, o idoso é todo aquele que na condição de pai, mãe, tio(a), irmã(o), avô, sobrinho(a), primo(a), está para além de meio século, ou seja, a partir das seis dezenas de anos existenciais (vida). 

Segundo Nelson Mandela, ex-Presidente da República Sul-africana, "o sonho de cada família é poder viver junto e feliz, num lar tranquilo e pacífico, em que os pais têm a oportunidade de criar os filhos de maneira possível ou a orientar e ajudar a escolher as suas carreiras, dando-lhes amor e carinho que desenvolverá neles um sentimento de segurança e de autoconfiança.”

Por isso, a forma errónea ou pejorativa, quando se referem aos idosos, devem ser evitada, porque nos diversos pilares (saúde deste),que quando regulado proporciona maior qualidade de vida, tais como: alimentação saudável, regular acompanhamento clínico, prática de actividades físicas, apoio familiar, entre outros.

Todavia, o processo de envelhecimento ocorre de maneira natural. Não depende da vontade de cada um de nós, se apresenta em constantes processos de modificação, onde ocorre múltiplas transformações e as mesmas são irreversíveis apesar dos avanços tecnológicos.

É heterogéneo, é individual, em que cada um se remete a sua própria velocidade para envelhecer, é deletério, danoso, pois leva à perda progressiva das funções.

Deste modo, torna-se imperioso que se faça recurso à árvore genealógica da família, porque o idoso não é sinónimo de monstruosidade humana. Pelo contrário é de absoluta felicidade, por ir somando até onde der a longevidade (ter e estar em vida).  

Porém, a disfunção da família, afecta a sua protecção, e reproduz alguns padrões de comportamentos prejudiciais, falhas de comunicação, acção indevida e relações instáveis, traduzindo-se em efeitos negativos.         

Contextualmente, é recorrente os anúncios através dos meios de comunicação social, de que os idosos x e y são ou foram despojados por familiares no leito de referenciados hospitais e lares, quando muito se furtam na prestação de assistência médico medicamentosa domiciliar. Noutras geografias, esta espécie de abandono constitui violência na sua forma gravosa contra o idoso (IBDFAM,2013, citado por Rodrigues,2016p.45).

 Todavia os actos de abandono destes, devia constituir crime, cujas implicações poderiam levar os desprecavidos à responsabilização civil e criminal.

 Por estas, e outras constatações, seria indispensável colmatar esta necessidade, estabelecendo modelos assistenciais mais eficientes, capazes de satisfazer a demanda crescentes nesta faixa etária. Por conseguinte, a consciencialização das responsabilidades familiares, para a assistência é essencial, permeando as suas questões. Constituindo deste modo, no importante aliado dos profissionais da saúde.

 No âmago destes desencantos, os professores, educadores de infância, os líderes religiosos, as assistentes sociais, autores cénicos, os media e a sociedade civil, deveriam reforçar as acções para contrapor estas des(propositadas) barbaridades.

Deste ponto particular, os referidos especialistas, deviam promover ciclos formativos (pogramas radiofónicos, televisivos ou artes cénicas), para desconstruir as mentes sobre a falta de ética dos parentes, sobretudo dos filhos, que fortalecem alguns preconceitos, consubstanciado nas crenças e mitos.

Se um contexto no qual é imprescindível que haja o desenvolvimento de competências emocionais é o da família, por ser o berço primário da união, contribuindo por exemplo para formação de relações saudáveis, a resiliência emocional e o bem-estar psicológico. Este vínculo afectivo deve ser mais valorizado, irradiando a unidade básica da sociedade.

Assim sendo, e para ter uma vida activa, sempre em função das suas habilidades motoras, técnico profissional ou académicas, pode participar em grupos com afinidades comum, como da igreja, excursionistas (Turismo interprovincial ou cruzeiros), croché, danças, pinturas, artesanato, costura, clubes do livro ou de trabalhos voluntários na comunidade. Estes são alguns dos hobbies (lazer e diversão) que, eventualmente, proporcionariam excelentes maneiras de manter a vida social e de amizades”.

Isto ajuda a exercitar a mente deles, a saúde física e emocional” diz Évely Taime.

Para todos os efeitos, os idosos são seres humanos importantes da nossa existência. Sem eles não existem histórias, sem a luta e batalha que enfrentaram na vida, não teríamos a cultura, a abertura aos meios de trabalhos e o desenvolvimento da sociedade.      

 Todavia, precisamos de os valorizar, sobretudo por se notabilizaram e terem já vivido diversas situações, durante a vida socialmente ou profissionalmente, e que podem ser ou são boas fontes de conhecimento e aprendizado.    

 Nesta dimensão, devemo-nos orgulhar com todos aqueles que já cruzaram por mérito e equilíbrio à plataforma ou o degrau da terceira idade. Aos futuros canoas, que sejam bem-vindos, com elevado respeito, admiração e consideração.

Contudo, seria ideal, reforçar a matriz sobre a assistência social, para a assegurar a dignidade e bem-estar destes, consubstanciado na institucionalização de um estatuto do idoso.

 
*Psicólogo

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