Opinião

A estabilidade da RDC

A estabilidade da República Democrática do Congo (RDC) é de suma importância para os países vizinhos em geral e de Angola em particular a julgar pela dimensão fronteiriça partilhada, ao lado dos laços sanguíneos e históricos entre os povos.

07/05/2021  Última atualização 06H00
Depois da imposição do Estado de Sítio, nas províncias de Ituri e Kivu Norte, por parte do Presidente Félix Tshisekedi, as autoridades angolanas auguram que este passo seja apenas o começo de um processo de extensão, com presença e funcionamento efectivos, da administração do Estado na parte Leste do país. Angola solidariza-se com as iniciativas do Governo da RDC no sentido de estabilizar  por completo a região leste, erradicar a presença das chamadas "forças negativas”, o conjunto de milícias e grupos armados que implantam uma espécie de "Estado dentro do Estado”. Embora as incidências das medidas relativas ao Estado de Sítio fiquem circunscritas ao nordeste do país, não há dúvidas de que há todo o interesse que  todo o país conheça paz, estabilidade e desenvolvimento. De outra maneira, a RDC vai apenas servir como fonte de preocupação e instabilidade aos vizinhos. 

A História do passado recente demonstra bem como os casos de instabilidade militar contribuíram  para provocar deslocados internos e externos, acompanhados do risco de crises humanitárias  que, regra geral, acabam por estender-se aos países vizinhos. Nós, aqui em Angola, testemunhamos isso, quando há anos, a situação de instabilidade nas províncias do Kassai Central, da RDC, por causa dos ataques, rapto e violação de mulheres protagonizadas pelo grupo Kamuina Nsapo acabou por levar milhares de refugiados congoleses a encontrarem sossego na província angolana da Lunda Norte. Por pouco não testemunhamos, na Lunda Norte, uma catástrofe humanitária e, tão logo a situação passou a ser controlada pelas autoridades congolesas, felizmente os refugiados regressaram ao país de origem. Esta realidade demonstra até que ponto os problemas internos de um país vizinho, como a RDC, que partilha milhares de quilómetros de fronteira com Angola, podem rapidamente transformar-se em problemas para os outros. Portanto, as iniciativas do Governo da RDC, em usar de todos os meios para estabilizar o Leste do país, é bem-vinda, independentemente da realidade militar, social e económica daquela região. Não é segredo para ninguém que na RDC, concretamente na parte Leste do país, as milícias e grupos armados que lá actuam procuraram de todas as formas fomentar um clima de conflitualidade e insegurança para inviabilizar a actuação das instituições do Estado. 

É inaceitável que determinados grupos pretendam "sequestrar” o Estado com as acções que as milícias desencadeiam na RDC, alimentadas por uma economia de guerra que as mesmas promovem. Angola está do lado das autoridades congolesas e pretende que as províncias do Ituri e do Kivu Norte em particular, bem como todo o Leste da RDC não sejam palcos de instabilidade. 

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