Diz-se que constitui um gesto de fraqueza o exercício de se queixar aos entes e e organizações estrangeiros sobre os problemas da nossa terra, para depois receber como resposta a exortação óbvia segundo a qual “as soluções devem ser encontradas entre vós mesmos”, da mesma maneira como as sucessivas iniciativas externas para acabar com a guerra se comprovaram ineficazes.
A terceira edição do Fórum Pan-Africano para a Cultura de Paz, também algumas vezes designado Bienal de Luanda para a Cultura de Paz em África, chega hoje ao fim depois de três dias de intensas e proveitosas abordagens sobre as melhores vias, sobre o caminho mais certo a seguir para garantir a estabilidade política e social no continente como rampa segura para o progresso e desenvolvimento.
Uma aposta do Governo angolano em parceria com a União Africana e a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), a Bienal de Luanda para a Cultura de Paz em África viu a sua semente ser lançada em 2013, quando a capital angolana acolheu, em Março desse ano, o Fórum Pan-Africano com o tema "Fundamentos e Recursos para uma Cultura de Paz”, o qual aprovou o "Plano de Acção para uma Cultura de Paz em África - Make Peace Happen”.
Tinham-se passado 11 anos desde que Angola alcançara a paz, em Abril de 2002, com a assinatura do Memorando de Entendimento do Luena, que pôs fim a 27 anos de guerra fratricida. Em 2019 aconteceu a primeira Bienal de Luanda para a Cultura de Paz em África e, em 2021, a segunda edição.
A importância de se realizar regularmente a Bienal de Luanda - um evento que acontece de dois em dois anos - mede-se, sobretudo, pelo facto de que implementar a Cultura de Paz não é coisa que se resuma a realização de um acto único e isolado. A sua consistência resulta de acções reiteradas e coerentes, na base de valores e princípios que salvaguardam os direitos humanos, a democracia, a realização individual e colectiva, o respeito pela diversidade cultural e religiosa, etc.
A Bienal de Luanda é consequência e expressão da política, da diplomacia e da visão de longo prazo do Estado angolano que, uma vez conquistada a paz no país, se esforça por dar o seu contributo para a resolução de conflitos na região em que se encontra e no continente africano.
As situações de instabilidade no Leste da República Democrática do Congo (RDC), na República Centro-Africana (RCA), a guerra no Sudão, no Sudão do Sul e na Líbia, as crises políticas e militares que afectam os países do Sahel, os confrontos na Etiópia entre o exército e milícias armadas, são, todos eles, acontecimentos que concorrem para atrasar o desenvolvimento de África e resultam, em grande medida, de o continente não possuir uma política fecunda de promoção da paz e resolução de conflitos sem recurso à violência.
Depois da II Guerra Mundial, a Europa conheceu um período de prosperidade e desenvolvimento económico, só possível graças a quase oito décadas de estabilidade política e social, entretanto parcialmente interrompida com o eclodir da guerra russo-ucraniana em Fevereiro de 2022.
A Bienal de Luanda tem vocação para se constituir em pólo que, cada vez mais, congregue políticos, académicos e personalidades de diversas áreas do saber para a discussão dos problemas que afligem o continente africano, por um lado, e, por outro, incentive os detentores do poder para a tomada de consciência sobre a necessidade de África mudar ou aprimorar a forma de abordá-los.
Ficou, por isso, particularmente registada a intervenção do Presidente João Lourenço, ao defender a elaboração de políticas públicas voltadas para a cultura de paz que, mais do que um conceito, sejam encaradas como um princípio a ser inscrito nas estratégias nacionais de desenvolvimento dos países africanos para a sua promoção e valorização.
"Devemos procurar aceitar o facto de que promover uma cultura de paz implica a valorização do colectivo, estimula o respeito pelas diferenças, consagra a diversidade como fonte de riqueza a proteger e pode agir como um factor impulsionador do reforço da justiça social, da equidade e da inclusão”, salientou o Chefe de Estado angolano, que destacou a importância do "diálogo intergeracional”.
O Presidente da República, que defendeu que se preste particular atenção à juventude, sublinhou a pertinência das políticas públicas voltadas para a cultura de paz se estenderem às famílias, escolas, igrejas, agremiações desportivas, grupos culturais, associações e demais entidades da mesma natureza, bem como de se assegurar a sua divulgação pela media e nas plataformas digitais.
Quem sabe, quando a Bienal de Luanda realizar a 35ª edição (em 2087!!!) - que corresponderá a 70 anos de actividade -, África tenha conseguido assentar o comboio nos carris e, do Cairo ao Cabo, só se oiça falar de paz, estabilidade política, social e de prosperidade! Oxalá!
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LoginO gorvernador de Luanda, Manuel Homem, chamou a atenção para um ponto crucial: a necessidade de uma maior coordenação entre as acções da estrutura administrativa central e dos órgãos locais, de forma que as orientações recebidas da estrutura administrativa central e as expressas nos instrumentos jurídicos vigentes sejam acompanhadas pelas entidades que actuam no terreno.
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