Caminhava como habitualmente, lutando por manter a saúde apesar da exposição à multidimensional insalubridade a que a sua caminhada o expunha diariamente.
Polegar, indicador, médio, anelar e mindinho. São os nomes científicos dos dedos das mãos. A cronista, que enquanto estudante, muitas vezes não percebia a necessidade de estudar determinadas lições, agradeceu em silêncio, no seu íntimo, aos pais por a terem colocado na escola e à mão pesada da dona Josefa (Zé) pelo rigor com que educou e instruiu os filhos, sobretudo a segunda, primeira menina, que vos escreve.
"Mana, tem saldo? Pode
me dar só uma chamada?”. A mana satisfaz-lhe o pedido.
"Alô, Má (diminutivo de
mana) Bela? É a Zita. Já despachei todas as caixas, a seis mili, assim estou a
vir alí para fazermos as contas. Estás em casa? Estou a vir, então”, desligou,
devolvendo o telefone à cronista que percebeu o motivo da satisfação da
zungueira.
Além do acréscimo que
fez, de 500 Kz em cada caixa (não se sabe de quê), portanto 500 Kz×19 seria o
seu lucro, ainda teria direito a uma percentagem da venda. Jovem inteligente,
pensou a autora do texto. As suas qualidades não se resumem ao intelecto. É
fisicamente pequena, mas vistosa. De igual modo, tem um rosto bonito e usa
tranças de linha em bom estado. Só o cheiro a calor lhe diminui a boa impressão
que causa, inicialmente, nas pessoas.
Mas a pessoa que a
observava atentamente, naquele momento, preferiu não dar importância ao odor da
passageira sentada ao seu lado. Nada que a abertura da janela do veículo, para
que a brisa entrasse ao recinto do mesmo não resolvesse.
Era tarde de sol
ardente, que castigava quem andava à pé ou em automóvel sem ar
condicionado. Quem por isso já passou
tem, certamente, alguma noção, ainda que errônea, do que que seria um resumo do
inferno.
Nenhum perfume francês
ou desodorizante de qualidade superior sobrevive à exposição ao sol
luandense.
Zita adormece. Está
cansada, coitada. Pensou a passageira ao lado. A viagem segue. À medida que uns
vão descendo, outros sobem. Zita acorda muitos minutos depois e percebe que a
sua paragem ficara para trás.
"Eh, cobrador, me deixa no Onze. Eu tinha de ficar na paragem do Calemba II”. Levanta-se, agradece e despede-se da passageira que a deixou ligar para a Má Bela.
"Mana fica bem.
Obrigada yá?!”. Ao mesmo tempo vira-se e pede que outra passageira se levante
para que tire debaixo do assento o seu balde. Zita desce com o balde na
mão.
O seu lugar é ocupado
por um jovem bem vestido, cujo aroma deixa evidente que não passou o dia
debaixo do sol que perfumou Zita com um cheiro "pouco simpático”, apesar da sua
aparência bem cuidada.
Ou seria a falta de
higiene o problema da zungueira moderna, de unhas postiças? A cronista nunca
vai saber a resposta.
Mas Zita é exemplo da força e da coragem da mulher africana. Não importa se, por vezes, não cheire a flores. O seu esforço diário, na busca do pão de cada dia, a iliba desse pequeno "delito higiénico”. Pelo menos enquanto estiver no exercício das suas funções, debaixo do sol abrasador que enfeita os dias de quem teve o privilégio de ter nascido em país tropical como Angola.
Um bem haja a todas as Zitas do mundo.
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