Cultura

Yannik Afroman encerra em grande “FestiSumbe”

Victor Pedro e Casimiro José | Sumbe

Jornalista

O FestiSumbe, edição 2023, encerrou, sábado, e proporcionou cor e alegria ao público e espectadores a nível nacional, uma vez que a população angolana teve a oportunidade de acompanhar em directo, através do Canal 2 da Televisão Pública de Angola (TPA).

29/05/2023  Última atualização 11H24
© Fotografia por: Victor Pedro|Edições Novembro

Foram dois dias de espectáculo musical, sexta-feira e sábado, em que a nata de artistas locais nacionais, alguns com carreiras internacionais, bem como um grupo internacional, cantaram o melhor dos seus reportórios.

O último dia foi mais aquecido e representantivo, ante o olhar das autoridades administrativas da província. O tempo era curto porque o público queria ver desfilar os seus ídolos por um tempo extra, porém, a organização foi rigorosa no que diz respeito à gestão do horário para actuação dos artistas.

Os cantores do Cuanza-Sul e alguns grupos de dança subiram ao palco proporcionando ao público muita animação para assistirem o que estava preparado para o segundo e último dia do festival.

O programa oficial indicava a abertura do espectáculo para 21 horas, com uma mensagem do administrador municipal do Sumbe, Adérito Jorge Capiango, que ante a presença do governador provincial, Job Capapinha, saudou os artistas e o público.

A dupla de apresentadores do espectáculo constituída por Almir Agria e Etelvina Miranda anuncivam os músicos Acácio, que tão cedo animaram com as melhores canções do alinhamento, como o tema "Anunha”, do Grupo África Negra, acompanhado pelo público do princípio ao fim. Alexandra, integrante da Banda FM, interpretou a canção "Marió”, da autoria de Francó, arrancando aplausos, sobretudo dos "kotas" que vivenciaram a época do músico congolês.

Perto das 21h43, Ângela Ferrão pisa o palco para brindar com "Céu Azul", e "Wanga", o público não se conteve e acompanhou até ao fim da actuação.

Hélvio segui-a com "Isto é Angola", entre outros temas, provando que continua a gozar de simpatia no seio das populações do Cuanza-Sul, mais tarde Pedro Cabenha, o autor de "Michel", pisou o palco dando ar da sua graça, e não decepcionou o público, dando lugar ao arista Flay (de Benguela), que teve a proeza de recordar os sucessos "Loucura” e "Sessa mutema”.

Míster Dembo, justificou ser da terra ao interpretar "Minha mulher” e "Meus kotas", o fãs não resistiram para dar o gosto ao pé de dança. Robertinho, com "Kaquinhento”, "Ngana Tata" e "Dala Muxinde", agradou os admiradores de diferentes estratos sociais e todas as idades. No fim, agradeceu pelo convite, e aproveitou para anunciar o próximo trabalho discográfico, embora não tenha avançado o título do disco.

"Estou grato por me terem convidado para um festival que reúne artistas locais e nacionais, e parabéns à organização”.

Mansembila, artista natural do município de Cassongue, província do Cuanza-Sul, fez vibrar o público, no seu jeito peculiar soube explorar o estado de emoção dos espectadores, ao interpretar "Ukombe elende”, foi ovacionado pelos convivas, que não resistiram e acompanharam o artista, tanto na canção, quanto na dança.

Depois de 30 minutos, Papy Kavera, representante do Cuanza-Sul no Topo dos Mais Queridos, com "A pobreza não nos vai matar”.


Margareth do Rosário,  Walter Ananás e Sabino Henda

Margareth do Rosário, uma artista frequente no FestiSumbe, e muito querida do público, regressou à festa em grande estilo e charme. Interpretou os temas "Amo-te demais” e "Temperatura”, altura em que o público manifestou a merecida simpatia.

Lucy de Ouro fez-se, também, presente ao palco, deu cartas de ser uma artista cativante. Considerado rei do Katambi, Tio Cardoso, que ao interpretar   "Monami ussombili” e "Kiassabalo”, contagiou o público com rítmo e cadência de dança.

Walter Ananaz, acompanhado do irmão, Nicola Ananaz, juntos convidaram o público a reviver os sucessos que fizeram vibrar o público na década de 1990, com as canções "Minha Culpa”, "Desperta Atenção”, "Tenho Medo”, "Mboyo” entre outras.

Jojó Gouveia interpretou "Mupinga”, tema trabalhado com Yuri da Cunha, fez o público dançar, e minutos depois Justino Handanga, proveniente do Planalto Central, e muito querido no Cuanza-Sul, e não deixou os seus créditos em mãos alheias, começando por interpretar "Ndateka-Teka", seguido de "Carlitos" e "Olonamba".

Mais adiante, o público, embora tenha manifestado cansaço, estiveram ávidos em acompanhar Nikila de Sousa, que começou por homenagear o malogrado Jacinto Tchipa, com o tema "Mãyé-mayé”, seguido de "Clemância" e "Cibernético". A adrenalina subiu, e o público não resistiu para dançar, em função do que o artista proporcionava.

Sabino Henda, que sempre foi presente no festival, interpretou "Kulima kuvala”, "Essa noite”, e "Rapsódia”, tendo arrancado do público muitos aplausos.

Quando Almir Agria e Etelvina Miranda chamaram ao palco o cantor gospel Miguel Bwila, que a seu jeito soube corresponder às espectativas do público, foi um verdadeiro dono do palco. Comprovou ao interpretar "Victória”, que se transformou num hino, momento encarado pelo público como bênção pelo facto de ser o primeiro artista gospel a actuar no FestiSumbe.

As Gingas do Maculusso, com a "ginga" que lhes é característico, foram as senhoras do palco nas primeiras horas em que o luar desaparecia. As moças do Maculuso demostraram a valentia em termos de interpretação e dança, com o estilo semba, quer na voz, quer nas passadas, e conseguiram: cantar e encantar com as músicas "Panguila", "Cabetula" e "Filha de África".

W-King e os seus "muchachos" (dançarinos), mostrou-se ser o "sacerdote dos cientes", pois, durante a actuação os agentes da Polícia Nacional, tiveram que redobrar as medidas de segurança, pelo facto de muitos fãs (cientes) terem se atrevido a um aconchego com o artista. Brindou com os temas "Ciente” e "Recebeu a coroa”.

Quem viria a fechar o espectáculo foi Yannik Afroman, que fé-lo com chave de ouro, ao interpretar "Chegaram os Afro-Man", "Dor de um pai", "A vida é urgente", "Podes falar", entre outros temas do estilo rap, seguindo-se lançamento de fogo-de-artifício, que selou o FestiSumbe, edição 2023.


Oportunidades de negócios

Além de proporcionar música, cor e alegria, o FestiSumbe constituiu-se, também, numa oportunidade de negócios e geração de empregos temporários.

Dezenas de mulheres e homens de negócio consideraram a Marginal do Sumbe como espaço privilegiado, nessas ocasiões, para po fomento e venda de produtos diversos. Houve quem afirmasse ser "a maior bolsa de negócios", com a venda bijouterias, roupas, calçado, além de comidas e bebidas.

Inúmeras barracas montadas ao redor do palco, o que permitiu negociantes facturar o dobro ou mais do que vendem diariamente fora do festival. É o caso de Sandra dos Santos, de 29 anos, vive no bairro do Chingo, e conseguiu vender roupas e calçado.

Em declarações ao Jornal de Angola, disse ter superado as expectativas. "O FestiSumbe foi, para mim, uma grande oportunidade para lucrar”.

Engrácia Edna Camilo, comerciante desde 2022, altura do lançamento do "FestiSumbe”, manifestou-se satisfeita com o volume de negócios realizado. Vendeu sandálias de cabedal, produto muito procurado pelos visitantes, e disse ter vendido a maior quantidade dos artigos. "É oportuno, para nós, sempre que há o FestiSumbe, porque conseguimos vender mais, em comparação com os mercados”.

Vado Lima é o maior produtor e expositor de sandálias de cabedal, vindo da província de Benguela. Reconheceu o potencial económico que o "FestiSumbe” proporciona. "Não tenho dúvidas do valor económico do festival, e temos de louvar a organização que além da música cria espaços comércio”.

Garantiu que nunca perdeu a oportunidade de vender os produtos num dos maiores eventos culturais do país, e teve sempre bons resultados, desde as edições anteriores, mas considerou que as consequências do contexto económico que o país atravessa afrouxou o volume de negócios.

Membros da organização do Festival afirmaram que cerca de 180 tendas foram montadas para atender os feirantes e expositores, que pagaram 13 mil kwanzas por cada tenda. Consideraram que a AF-Entretenimento, na produção do evento, teve uma prestação positiva, incluindo a Polícia Nacional, Serviços de Protecção Civil e Bombeiros e equipas médicas do Instituto de Emergências Médicas (Inema), que tiveram uma actuação acima da média, durante a realização do FestiSumbe, edição 2023.

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