Política

Vice-Presidente da República defende Educação ao serviço da paz e harmonia social

Nilza Massango

A Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, defendeu, quarta-feira, em Luanda, que a Educação deve estar ao serviço do desenvolvimento, da paz, da harmonia social e da busca de soluções de problemas locais e até globais.

01/06/2023  Última atualização 08H05
Vice-Presidente Esperança da Costa procedeu à abertura do encontro que reuniu ministros da Educação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa © Fotografia por: Dombele Bernardo | Edições Novembro

Ao proferir o discurso de abertura da XII Reunião de Ministros da Educação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que decorreu numa das unidades hoteleiras da capitaldo país, Esperança da Costa encorajou os ministros presentes a continuarem empenhados na concretização dos eixos e objectivos estratégicos do Plano de Acção de Cooperação Multilateral de Educação na CPLP 2002-2024, numa altura em que os desafios das economias Digital, Azul, Verde, Laranja e da digitalização de serviços convocam à inovação, à adopção de políticas estratégicas comuns e uma resposta conjunta aos desafios contemporâneos do ensino.

Esperança da Costa destacou a importância  de se transmitir às crianças a iniciação ao cálculo matemático, às línguas e às TICs, com a componente ética subjacente, uma vez que a Educação deve estar voltada para a humanização, ensinar a cooperar e não sempre a competir.

"A Educação constitui um dos pilares da nossa comunidade. Nela assentam as bases para o desenvolvimento sustentável, nos mais variados domínios. A CPLP deve, no seu conjunto, continuar engajada nas questões atinentes à Educação, sobretudo, uma educação capaz de acompanhar as mutações que se operam no plano das tecnologias”, ressaltou.

A Vice-Presidente da República, que presidiu à sessão de abertura, acompanhada, entre outros, pela ministra da Educação de Angola, Luísa Grilo, do representante do secretário executivo da CPLP, João Ima-Panzo, destacou a importância de se começar a olhar, cada vez mais, para posições concertadas, intensificando a cooperação e canalizando-a para segmentos específicos da Educação, com ênfase para a financeira, para acção climática e  educação para as tecnologias, com forte incidência para as digitais, nesta Era da Inteligência Artificial, da Internet das Coisas e das Redes Sociais.

"Temos, na CPLP, países que estão a avançar neste sentido, os quais, no quadro de uma cooperação mais estreita, podem contribuir, em grande medida, para o avanço dos demais. Estamos cientes de que até lá, temos uma longa estrada por fazer. Mas precisamos de iniciar esta caminhada, respeitando as peculiaridades e as potencialidades de cada um dos Estados-membros da nossa Organização”, apontou, ressaltando a necessidade de haver na organização uma dinâmica que permita a cooperação fluir e se concretize no fomento da literacia, nas TICs e na investigação científica, sempre mediada pela língua portuguesa, veículo de comunicação oficial, de partilha de conhecimento, de valores e da identidade, enquanto espaço comunitário.

 Ao  dirigir-se aos ministros da Educação da CPLP e convidados na reunião, Esperança da Costa referiu que no quadro das parcerias globais e da operacionalização do Plano de Acção, é preciso continuar a estabelecer maior aproximação às organizações internacionais especializadas em Educação e às instituições financeiras internacionais, reforçando o multilateralismo para o desenvolvimento inclusivo.

"Ao assumir a Presidência Rotativa da CPLP, a 17 de Julho de 2021, Angola elegeu o ‘Reforço da Mobilidade entre os Estados-membros’ e uma atenção especial ao sector económico, como temas prioritários da sua presidência, tendo, neste sentido, ratificado o ‘Acordo de Mobilidade’, olhando, entre outras questões, para as vantagens que confere no campo específico da mobilidade de estudantes,  de docentes, investigadores, pesquisadores e cientistas, no quadro do intercâmbio académico”, ressaltou.

Realçou a Nova Visão Estratégica da CPLP 2016-2026, saída da Conferência de Chefes de Estado e de Governo,  que destaca o reforço da actuação da organização no sector da Educação, Ciência e Tecnologia e privilegia o alcance dos melhores resultados nas referidas áreas e na promoção da qualidade, da excelência, do mérito e da inovação.

Sobre Angola, a governante destacou, no quadro da sua presidência, a realização de eventos, dos quais o II Seminário da CPLP sobre "Português Língua Segunda para Professores do Ensino Primário”, o "II Exercício Conjunto de Práticas Inspectivas da Educação da CPLP” e o "Seminário de Boas-práticas de Alimentação Escolar da CPLP”. Com cada um dos eventos, acrescentou,  foi possível promover a partilha de conhecimento, identificar pontos de convergência, solucionar e mitigar problemas comuns.

Na senda do aumento da qualidade do ensino, a Vice-Presidente da República destacou o lançamento oficial da iniciativa "Rede de Escolas Amigas da CPLP”, uma plataforma de estabelecimentos de ensino dos Estados-membros e países terceiros que partilham experiências educativas com base nos princípios e valores da Organização.

A XII Reunião de Ministros da Educação da CPLP decorreu sob o lema "A Promoção da Cooperação Internacional em Educação com vista à Transformação dos Sistemas Educativos na CPLP”.

 Espaço de convergência de interesses

Em representação do secretário executivo da CPLP, Zacarias da Costa, o director da Acção Cultural e Língua Portuguesa da CPLP, João Ima-Panzo, revelou que é um propósito fazer com que a CPLP seja vista cada vez mais como um espaço de convergência de interesses partilhados  entre os Estados-membros, contribuindo para a criação de soluções fase às necessidades e desafios em sectores-chaves no domínio da Educação.

João Ima-Panzo, que interveio na sessão de abertura da XII Reunião, enalteceu as acções desenvolvidas no âmbito do Eixo de Educação em Situação de Emergência na CPLP, que se desenvolve numa parceria entre a CPLP e o BIE-UNESCO (Bureau Internacional da Educação da UNESCO), que resultou numa proposta de projecto sobre a Educação em Contexto de Emergência na CPLP e que pode permitir,  caso seja concretizado, o reforço das capacidades institucionais dos Estados-membros da organização, no âmbito da gestão dos currículos e da formação de professores em situação de emergência.

O representante enalteceu o papel que Angola, na qualidade de presidente em exercício da CPLP, tem vindo a desempenhar para que muitos dos objectivos comuns no domínio da Educação sejam alcançados durante o seu mandato.

  Mensagem da UNESCO

Em mensagem gravada em vídeo, a subdirectora-geral da UNESCO, Stefania Giannini, assegurou que a  organização está comprometida em criar e colaborar com a CPLP para fortalecer as suas ambições e assegurar que todos desfrutem do direito à Educação.

Stefania Giannini enfatizou que a cooperação na Educação é essencial, cujo sucesso depende da capacidade de ir além do sector, com uma abordagem completa, envolvendo todas as partes interessadas, da sociedade, promovendo e criando o novo ecossistema de Educação, no qual a tecnologia digital deve desempenhar um papel preponderante.

"Precisamos de uma educação que enfatiza a colaboração e solidariedade e que possa preparar os estudantes para a vida, trabalho e liderança, começando na iniciação até à vida adulta”, referiu.

Stefania Giannini enalteceu, com satisfação, os progressos feitos na comunidade, durante a presidência angolana, incluindo a implementação e partilha de melhores práticas conjuntas nas escolas e a formação de professores do ensino primário.

Redes amigas da CPLP

A Rede de Escolas Amigas da CPLP lançada, ontem, em Luanda, no âmbito da XII Reunião dos Ministros da Educação da CPLP, integra 19 escolas dos Estados-membros.

Com o lançamento oficial,  na escola São José do Cluny, em Luanda, da Rede de Escolas Amigas da CPLP, a ministra da Educação, Luísa Grilo, acredita que começa a interacção entre as várias escolas seleccionadas, em que países como o Brasil e Portugal fizeram o acto por via remota. Angola, segundo a ministra, entra na rede, numa primeira fase, com a escola São José do Cluny, para depois seleccionar outras.

Em reacção ao discurso da Vice-Presidente Esperança da Costa, sobre a necessidade de introduzir desde cedo a educação financeira e educação para as tecnologias, Luísa Grilo  frisou que o Ministério que tutela tem com o Banco Nacional de Angola (BNA) e com o Ministério das Finanças um protocolo que prevê a inclusão da educação financeira e tributária nos currículos e programas de formação, do Ensino Primário ao Secundário.

Luísa Grilo, que apresentou os objectivos da reunião, disse que a disciplina de Empreendedorismo responde um pouco a este desafio de trabalhar na questão da educação financeira e tributação, sendo que as crianças precisam, desde cedo, saber que todos devemos pagar um tributo ao Estado pelos serviços prestados.

Relativamente à inclusão digital, apontou que o Ministério da Educação tem também um projecto de informatização das escolas, um trabalho conjunto com o Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, no sentido de trabalhar com a  formação dos professores, uma actividade que já começou  na altura  da pandemia da Covid-19.

Sobre a questão da Alimentação Escolar, um conceito que começou a ser introduzido no ano passado, frisou que algumas escolas já respondem, tendo como exemplo Viana com duas, e o município de Cacuaco com várias escolas e com boas experiências de alimentação escolar, numa articulação com  a agricultura familiar e  com o mercado local.

O ministro da Educação de Portugal, João da Costa, defende que  a Rede de Escolas Amigas da CPLP é um programa importante para fomentar, junto dos alunos, o conhecimento de todos os países da comunidade, a fim de permitir a partilha de práticas entre professores dos diferentes países, promover o intercâmbio de alunos e professares.

"Portugal tem feito muito trabalho, muitas práticas interessantes nas escolas e, por isso, a nossa disponibilidade de cooperar, colaborar e partilhar com países que carecem de mais experiências é total”, assumiu João da Costa, que no seu país, naquilo que tem a ver com a alimentação escolar, existe há muitos anos, ou seja, um Programa Nacional  de Leite Escolar, que garante a todas as crianças a distribuição de leite no período do lanche, bem como outro programa de "Fruta Escola” e refeitórios em todas as escolas do país, que disponibilizam refeições gratuitas aos mais carenciados.

Dessa forma, acrescentou, garante-se que muitas crianças tenham uma alimentação saudável providenciada pelas escolas e pelo sistema educativo.

  Reunião recomenda sistematização de acções


Entre outras recomendações saídas do Comunicado Final da XII Reunião dos Ministros da Educação da CPLP, os Estados-membros devem proceder, através dos seus agentes de Educação, ao levantamento, sistematização e definição de acções concretas para o aproveitamento das oportunidades de intercâmbio disponíveis nas organizações internacionais, visando a melhoria contínua da qualidade dos sistemas nacionais de educação da CPLP, com base no princípio do multilateralismo.

Os participantes felicitaram, também, o Presidente da República, João Lourenço, e presidente em exercício da CPLP, pelo seu papel na defesa, valorização e na promoção dos princípios, valores e objectivos da CPLP, elementos determinantes para a transformação dos sistemas educativos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

O comunicado frisa ainda sobre a abertura do evento, presidido pela Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, em que destacou o fomento da literacia nas TICs, e na investigação científica, assim como o reforço da mobilidade entre os Estados-membros, com destaque  para as vantagens que confere no campo específico  da mobilidade de estudantes, docentes, investigadores, pesquisadores e cientistas, no quadro do intercâmbio académico.

Antes da leitura do comunicado final, os ministros  e representantes da Educação de Angola, Portugal, Brasil, Cabo Verde, Guiné Equatorial, Guiné -Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor Leste aprovaram e assinaram a Declaração Final da XII Reunião dos Ministros da Educação da CPLP. Em poucas palavras, Luísa Grilo apontou o encontro como de sucesso, onde estiveram presentes todas as delegações com uma participação de alto nível. 



Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Política