Opinião

Vamos todos à Bienal de Luanda

José Bule

Jornalista

“A paz é mais do que uma ausência de guerra. Ela significa justiça e equidade para todos como a base para se conviver em harmonia sem violência, agora, mas ainda mais para os nossos filhos e para as gerações seguintes”. As palavras são de Koichirō Matsuura, que dirigiu a UNESCO entre os anos 1999 e 2009.

19/11/2023  Última atualização 09H21

Inspirado na Constituição da UNESCO, o conceito da "Cultura de Paz" teve origem em África, em 1989, no Congresso Internacional sobre a Paz nas Mentes dos Homens, realizado em Iamussucro, na Côte d'Ivoire.  Desde então, a UNESCO e as Nações Unidas, engajadas em um processo que visava definir, estruturar e promover o conceito de "Cultura de Paz e Não Violência” em todo o mundo, elaboraram um compromisso que, no final da década de 1990, se reflectiu na aprovação da Declaração e Programa de Acção sobre uma Cultura de Paz.

Faltam apenas três dias para o arranque da Bienal de Luanda. O evento, que decorre nos dias 22, 23 e 24 de Novembro, na capital do país, tem como objectivo criar uma Aliança de Parceiros capazes de contribuir para a promoção da "Cultura de Paz” em África, em torno de uma causa comum: o futuro do continente africano.

Durante a actividade concebida como a principal ferramenta para criar uma parceria multiparticipativa e intersectorial, a Aliança de Parceiros por uma Cultura de Paz irá apoiar a ampliação das iniciativas emblemáticas que se provarem bem-sucedidas, no âmbito local ou sub-regional de África.

Os actores da Aliança de Parceiros são multissectoriais: Estados-membros, empresas dos sectores público e privado, fundações, bancos de desenvolvimento, Sistema das Nações Unidas, entre outras personalidades comprometidas.

Um dos principais objectivos da realização da Bienal de Luanda – "Fórum Pan-Africano para a Cultura de Paz”, é promover o conhecimento das várias identidades dos povos africanos e da coabitação pacífica, capacitar a próxima geração de jovens africanos como catalisadores da paz, valorizar a riqueza e a diversidade do património cultural para promover uma paz duradoura em África, bem como promover a cultura e a educação para a resolução de conflitos, e para uma sociedade mais harmoniosa.

Prevenir os conflitos relacionados com a gestão dos recursos naturais nacionais e transfronteiriços, responder às necessidades dos refugiados, repatriados e pessoas deslocadas, além de incentivar a reflexão sobre a presença de África no mundo e criar um espaço mediático para a promoção da paz e do desenvolvimento, também constam dos objectivos da Bienal.

A III edição da Bienal de Luanda vai abordar assuntos sobre educação, reconciliação, transição democrática e constitucional, segurança energética e alimentar, protecção ambiental, género e inclusão de jovens e mulheres nos centros de decisão.

O lema escolhido é "Educação, cultura de paz e cidadania africana como ferramentas para o desenvolvimento sustentável do continente”. A Bienal é uma iniciativa da UNESCO, União Africana e Governo de Angola, para assegurar a promoção de acções de prevenção da violência e a resolução de conflitos, incentivando os intercâmbios culturais em toda a África e o diálogo entre as gerações, além de trabalhar para uma apropriação e implementação individual e colectiva, diária e sustentável no continente.

O evento, que reúne representantes de governos, da sociedade civil, da comunidade artística e científica, bem como de organismos internacionais, ocorre a cada dois anos em Luanda e funciona, também, como um espaço de reflexão e divulgação de obras artísticas, ideias e boas práticas relacionadas à cultura de paz. 

A iniciativa reforça a implementação dos Objectivos 16 e 17 da Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável e das 7 Aspirações da Agenda 2063 da União Africana, em particular o programa Silenciar as Armas até 2033, além de contribuir para a implementação da Estratégia Operacional da UNESCO para a Prioridade Africana (2014-2021), com o objectivo de fornecer respostas africanas às transformações que afectam as economias e as sociedades do continente.

A I edição da Bienal de Luanda "Fórum Pan-Africano para a Cultura da Paz", que decorreu de 18 a 22 de Setembro de 2019, foi uma celebração de diversos valores africanos, crenças, formas de espiritualidade, conhecimento e tradições que contribuem para o respeito dos direitos humanos, diversidade cultural, rejeição da violência e desenvolvimento de sociedades democráticas.

Já a segunda edição, de 27 de Novembro a 2 de Dezembro de 2021, foi organizada em torno de quatro eixos: o Diálogo Intergeracional (para construir pontes entre gerações dedicadas a uma África pacífica); Fóruns Temáticos (para inspirar a implementação de programas emblemáticos para África); Festival das Culturas (espaço que serviu de intercâmbio das identidades culturais de África e suas diásporas); Aliança de Parceiros (promoveu a parceria Global por uma Cultura de Paz e não Violência).

 

*DIRECTOR EXECUTIVO

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