Os Estados Unidos podem disponibilizar 3,5 milhões de dólares para Angola aprimorar e modernizar infra-estruturas e a gestão de políticas públicas. A informação foi avançada ontem pela directora da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), Samantha Power, durante uma visita ao Porto do Lobito, na província de Benguela.
A administradora da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) visitou, ontem, antes de viajar para o município do Lobito, a cidade de Benguela. Aqui, Samantha Power enfatizou que os programas estruturantes em andamento no Corredor do Lobito e na Agricultura terão um impacto significativo, retirando milhares de pessoas da fome e da pobreza. Power destacou o lançamento da expansão de cinco milhões de dólares do projecto Mulheres na Agricultura Angolana (WAF) da USAID, que beneficiará as províncias de Benguela, Huambo e Bié. Além de auxiliar Angola, Power ressaltou que essas iniciativas ajudarão a combater a pobreza em diversas famílias ao redor do mundo.
O empresário Carlos Leiria disse que existe, no mercado internacional, sementes híbridas de alto rendimento com um ciclo de 120 dias e característica para diferentes regiões, bem como protecção a algumas pragas, que podem ajudar a ultrapassar as quantidades definidas no quadro do Plano Nacional para o Fomento para Produção de Grãos (PLANAGRÃO) que arranca este ano e se estende até 2027.
Sublinhou o facto de na feira das potencialidades económicas de Benguela, realizada no ano passado, algumas empresas zambianas expuseram sementes híbridas de milho com rendimento de até 10 toneladas por hectare com um ciclo de 120 dias, contra as cerca de 3 ou 4 toneladas em média que são obtidos presentemente, plantados nos 326.030 hectares (ha) reservados e a soja com um rendimento de pelo menos 6,5 tonela-das por hectare no mesmo ciclo, plantados nos cerca de 400.000 previstos.
"Todas elas com grande tolerância a pragas e seca, e caso, para os outros produtos seja feita uma aposta no mesmo sentido, poderemos ultrapassar facilmente estes números”, sublinhou.
Para ele, o sucesso do PLANAGRÃO depende de um conjunto de medidas que devem ser acauteladas, principalmente as condições ligadas directamente à produção de cereais, com realce para a escolha certa das sementes a usar, acompanhamento por especialistas, tecnologia de alto rendimento para o apoio do cultivo, rega, colheita e armazenamento.
Carlos Leiria disse que deve-se, também, garantir o fornecimento de água para a irrigação e os fertilizantes de forma a atingir-se os padrões mais altos de rendimento, bem como preços baixos e maior quantidade e qualidade de cada produto na colheita.
A produção de sementes com as características próprias para cada região do país e com os defensivos às principais pragas deve ser uma prioridade na cadeia deste plano, "nem que para isso se contratem especialistas estrangeiros para o apoio e formação dos nossos técnicos, ou criando parcerias com o ramo privado para se evitar a importação das se-mentes, nem que para tal sejam abertos concursos com escolha para empresas que já operam nesta área”.
Auto-suficiencia
Atendendo a necessidade de o país se tornar auto-suficiente na produção de cereais para o combate à fome, desemprego e aos preços praticados com "bastante” variação em função da procura e oferta, e no sentido de se abastecer a reserva estratégica alimentar, aumento do PIB e diminuição das importações, o empresário considera acertada a criação deste plano que deverá ser colocado em prática "o mais breve possível, tendo em conta todas as condições que concorrem para o seu sucesso”.
As províncias da Lunda-Norte, Lunda-Sul, Moxico e Cuando Cubango foram escolhidas para, numa primeira fase, desenvolver o Plano Nacional de Grão que começa a ser implementado este ano.
A zona, justificou, tem ainda pouca população e bastantes terras aráveis e condições adequadas para o cultivo de cereais, "servindo de experiência para a continuidade e expansão para todas as regiões onde existam zonas aráveis e sem ou baixo aproveitamento, como está previsto na elaboração do plano”.
A intervenção do sector privado deve ser a chave fundamental com o apoio institucional no sentido de garantir o crédito e o controlo na aplicação do mesmo e no desenvolvimento das culturas, tais como o controlo de pragas e o desenvolvimento das próprias plantas, por intermédio de laboratórios e especialistas em cada cultura.
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