Economia

Unidade fabril: Uma história de sobressaltos

Com a reabertura da África Têxtil, inicia-se uma nova fase daquele empreendimento. É a terceira vida da empresa que já produziu colchas, lençóis e outros produtos, agora sob gestão do Baobab Cotton Group (BCG), com origem no Zimbabwe. São mais de quarenta anos de sobressaltos.

20/02/2021  Última atualização 10H55
© Fotografia por: Kindala Manuel | Edições Novembro
Inaugurada por Agostinho Neto em 1979, a fábrica parou em 1998 e foi declarada falida no ano 2000. Ali chegaram a trabalhar mais de 400 trabalhadores, que ainda hoje reclamam do não pagamento de salários e de pensões de reforma.
Com financiamento japonês, que atingiu os 1000 milhões de dólares com o objectivo de refundar três fábricas têxteis (Textang II, em Luanda e a Comandante Bula, ex-SATEC, no Dondo,  além da África Têxtil), em 2016 a fábrica de Benguela foi privatizada a favor do grupo Alassola, do empresário Tambwe Mukaz.

A falta de energia eléctrica e de matérias-primas locais (como o algodão, por exemplo) – factores que retiram competitividade à indústria nacional - e a falta de transparência na condução da privatização, levaram a Procuradoria-Geral da República (PGR) a resgatar a unidade industrial em Agosto de 2019.

Durante o consulado da Alassola, a produção foi irregular apesar das promessas de exportação de produtos intermédios e, numa outra fase de expansão do investimento, de produtos acabados. Antes da iniciativa da PGR, em 2019, a Alassola admitiu que a fábrica estava parada devido à impossibilidade de importar algodão por falta de divisas.

Apesar de se ter candidatado à privatização, a Alassola acabou por perder a África Têxtil para o BCG que, juntamente com o grupo Cosal (do empresário angolano Jaime Freitas), foi a única entidade a chegar ao fim do processo.
O comunicado do Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE) – organismo público responsável pela privatização das referidas fábricas – explica que os novos gestores vão pagar um valor anual fixo de cerca de 268 milhões de Kwanzas (mais de 410 mil dólares), por um período de 15 anos.

A opção de compra definitiva poderá ser exercida depois de 10 anos de actividade, sendo o valor de pouco mais de 100 mil milhões de Kwanzas (mais de 150 milhões de dólares), descontados os pagamentos efectuados até ao exercício da opção de compra.
Segundo a página na internet do BCG, as fábricas de Benguela e do Dondo (que também foi entregue ao mesmo grupo investidor) têm uma capacidade mensal combinada de 1500 toneladas.

Na mesma página oficial, o grupo do Zimbabwe afirma que vai produzir diversos tipos de fios e tecidos, t-shirts e soluções para o lar (roupa de cama, de banho, entre outras aplicações). Criado em 2019, o BCG promete investir também na produção local de algodão. Para isso, alguns responsáveis da empresa deslocaram-se recentemente ao Cubal, província de Benguela, para conhecer melhor as potencialidades daquela região.
Segundo as notícias que foram divulgadas no início do mês, são necessários 10 mil hectares de terras aráveis para alimentar a produção das duas fábricas.

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